Entenda como funciona o 5G, o que são ondas eletromagnéticas e se existe risco à saúde humana

Enquanto a luz visível é só uma faixa minúscula do espectro eletromagnético, ondas como Wi-Fi, 4G e 5G nos cercam diariamente. O debate sobre os riscos do 5G reacende dúvidas sobre radiação e câncer. No entanto, a ciência já explica por que essa tecnologia não tem energia suficiente para causar danos celulares. Este artigo analisa o que é real, o que é receio e como entender os efeitos da radiação não ionizante no corpo humano.
Publicado por Maria Eduarda Peres em Ciência dia 16/05/2025

Nas últimas décadas, a sociedade tem testemunhado uma transformação acelerada nos meios de comunicação e conexão. Redes sem fio, celulares, roteadores, satélites e sensores transformaram a forma como dados são transmitidos e recebidos. No centro dessa revolução está um conceito físico fundamental: as ondas eletromagnéticas.

Pontos Principais:

  • Ondas eletromagnéticas carregam energia e se propagam em diferentes frequências.
  • Radiações ionizantes, como UV, raios-X e gama, podem causar danos ao DNA.
  • 5G opera com frequências semelhantes às do Wi-Fi e inferiores à luz visível.
  • Estudos científicos não mostram relação entre 5G e aumento de câncer.

A presença dessas ondas é constante. Estão nos sinais de Wi-Fi, no Bluetooth, nos raios solares e na luz de lâmpadas e telas. Cada uma dessas manifestações opera em uma frequência específica e carrega uma quantidade definida de energia, elementos que determinam seus usos e impactos sobre os organismos vivos.

O debate sobre a segurança das tecnologias que usam essas ondas é recorrente, e ganhou nova força com a introdução do 5G. O tema envolve física, saúde pública e percepção social. Por isso, é necessário compreender com precisão o que são essas ondas, como interagem com o corpo humano e se há evidências científicas que sustentem os receios de riscos associados.

O que são ondas eletromagnéticas

Ondas eletromagnéticas são oscilações de campos elétricos e magnéticos que se propagam no espaço. Essas ondas transportam energia em pacotes chamados fótons e viajam na velocidade da luz. A frequência de uma onda determina a quantidade de energia que ela carrega. Quanto maior a frequência, maior a energia transportada.

A maioria das ondas eletromagnéticas é invisível ao olho humano. A luz visível, por exemplo, representa uma faixa estreita do espectro eletromagnético. Já outras ondas, como infravermelho, micro-ondas, ondas de rádio e ultravioleta, estão fora da faixa que pode ser percebida diretamente pela visão humana.

A frequência é medida em hertz (Hz), que representa o número de oscilações por segundo. Algumas ondas, como a luz vermelha, chegam a oscilar em trilhões de vezes por segundo, enquanto outras, como sinais de rádio, operam com frequência muito menor.

Radiação ionizante e não ionizante

Um ponto importante é distinguir entre radiações ionizantes e não ionizantes. As radiações ionizantes possuem energia suficiente para remover elétrons de átomos, o que pode danificar estruturas celulares, inclusive o DNA. Esse tipo de interação está relacionado a riscos como mutações e câncer.

Entre as radiações ionizantes estão os raios ultravioleta (UV), os raios X e os raios gama. Por essa razão, há recomendações para o uso de proteção solar e limitações em exposições a equipamentos de radiografia e fontes radioativas.

Por outro lado, ondas de baixa frequência, como as utilizadas em Wi-Fi, rádio, micro-ondas e celulares, são consideradas radiações não ionizantes. Isso significa que seus fótons não têm energia suficiente para provocar ionização ou alterar quimicamente as moléculas do corpo humano.

Frequências utilizadas nas tecnologias do cotidiano

Tecnologias como redes móveis e roteadores utilizam faixas específicas de frequência para transmitir dados. O 4G, por exemplo, funciona entre 400 MHz e 3,5 GHz. Os roteadores Wi-Fi operam geralmente em duas bandas: 2,4 GHz e 5 GHz.

A banda de 2,4 GHz tem maior alcance e penetração em obstáculos como paredes, enquanto a banda de 5 GHz permite maior velocidade de transferência de dados, mas com menor alcance. Ambas são amplamente utilizadas em residências, escritórios e espaços públicos.

No caso do micro-ondas, embora a frequência também esteja na faixa das micro-ondas eletromagnéticas, seu funcionamento visa gerar calor. Isso ocorre porque essa frequência específica é capaz de agitar moléculas de água, gerando calor e aquecendo alimentos.

5G e seus impactos potenciais

O 5G representa a próxima geração das redes móveis, prometendo maior velocidade, menor latência e maior capacidade de conexão simultânea. A frequência mais comum do 5G atual é 3,5 GHz, posicionando-se entre as bandas já utilizadas por redes Wi-Fi.

Por operar em uma faixa próxima às tecnologias já amplamente difundidas, a energia das ondas do 5G é igualmente classificada como não ionizante. Isso significa que, do ponto de vista físico, o 5G não possui energia suficiente para romper ligações moleculares ou causar mutações no DNA.

A discussão sobre potenciais riscos à saúde, como o desenvolvimento de câncer, surge frequentemente com o avanço de novas tecnologias. No entanto, até o momento, não há evidências científicas robustas que apontem ligação entre o uso de redes 5G e o aumento de incidência de câncer.

Estudos científicos e percepções sociais

Diversas instituições científicas, incluindo agências reguladoras e organizações de saúde, têm investigado o impacto das ondas eletromagnéticas na saúde humana. Até hoje, os estudos revisados por pares indicam que as frequências utilizadas por celulares, Wi-Fi e 5G não são nocivas.

A preocupação, contudo, não é nova. Desde a popularização dos primeiros celulares, surgiram temores semelhantes quanto à exposição prolongada à radiação de rádio frequência. Ainda assim, os dados disponíveis não apontam correlação causal entre essa exposição e o desenvolvimento de doenças graves.

O receio da população é compreensível, especialmente quando envolvido por incertezas ou falta de acesso à informação técnica. Por isso, o esclarecimento baseado em evidências é uma ferramenta fundamental para o uso consciente e responsável da tecnologia.

Aspectos físicos da interação com o corpo humano

Para que uma onda eletromagnética cause um efeito biológico relevante, ela precisa interagir com o tecido humano de forma significativa. As ondas de maior frequência e energia são mais propensas a interações danosas, enquanto as de menor frequência geralmente produzem apenas efeitos térmicos.

No caso do micro-ondas, o calor gerado é intencional. Mas esse tipo de efeito só ocorre com intensidades elevadas e direcionadas, como nas cavidades de um forno. Dispositivos como celulares e roteadores operam com potências muito inferiores.

A absorção das ondas depende também do tipo de tecido, da profundidade da exposição e da duração. Até hoje, não foi identificado qualquer mecanismo fisiológico que ligue diretamente o 5G a danos celulares em níveis de exposição encontrados no uso cotidiano.

Considerações finais

O avanço da tecnologia frequentemente levanta dúvidas e críticas. No caso das ondas eletromagnéticas, o temor relacionado a efeitos à saúde é recorrente, mas não sustentado por dados científicos conclusivos até o momento.

A radiação emitida por celulares, redes Wi-Fi e dispositivos com 5G é classificada como não ionizante. A energia envolvida nessas frequências é insuficiente para causar danos ao DNA ou gerar mutações celulares.

Seguir investigando e monitorando os efeitos das novas tecnologias é necessário, mas as evidências atuais indicam que os riscos atribuídos ao 5G carecem de base física e biológica concreta.

Fonte:Wikipedia, Sejaamigo e Aws.