Nas últimas décadas, a sociedade tem testemunhado uma transformação acelerada nos meios de comunicação e conexão. Redes sem fio, celulares, roteadores, satélites e sensores transformaram a forma como dados são transmitidos e recebidos. No centro dessa revolução está um conceito físico fundamental: as ondas eletromagnéticas.
Pontos Principais:
A presença dessas ondas é constante. Estão nos sinais de Wi-Fi, no Bluetooth, nos raios solares e na luz de lâmpadas e telas. Cada uma dessas manifestações opera em uma frequência específica e carrega uma quantidade definida de energia, elementos que determinam seus usos e impactos sobre os organismos vivos.
O debate sobre a segurança das tecnologias que usam essas ondas é recorrente, e ganhou nova força com a introdução do 5G. O tema envolve física, saúde pública e percepção social. Por isso, é necessário compreender com precisão o que são essas ondas, como interagem com o corpo humano e se há evidências científicas que sustentem os receios de riscos associados.
Ondas eletromagnéticas são oscilações de campos elétricos e magnéticos que se propagam no espaço. Essas ondas transportam energia em pacotes chamados fótons e viajam na velocidade da luz. A frequência de uma onda determina a quantidade de energia que ela carrega. Quanto maior a frequência, maior a energia transportada.
A maioria das ondas eletromagnéticas é invisível ao olho humano. A luz visível, por exemplo, representa uma faixa estreita do espectro eletromagnético. Já outras ondas, como infravermelho, micro-ondas, ondas de rádio e ultravioleta, estão fora da faixa que pode ser percebida diretamente pela visão humana.
A frequência é medida em hertz (Hz), que representa o número de oscilações por segundo. Algumas ondas, como a luz vermelha, chegam a oscilar em trilhões de vezes por segundo, enquanto outras, como sinais de rádio, operam com frequência muito menor.
Um ponto importante é distinguir entre radiações ionizantes e não ionizantes. As radiações ionizantes possuem energia suficiente para remover elétrons de átomos, o que pode danificar estruturas celulares, inclusive o DNA. Esse tipo de interação está relacionado a riscos como mutações e câncer.
Entre as radiações ionizantes estão os raios ultravioleta (UV), os raios X e os raios gama. Por essa razão, há recomendações para o uso de proteção solar e limitações em exposições a equipamentos de radiografia e fontes radioativas.
Por outro lado, ondas de baixa frequência, como as utilizadas em Wi-Fi, rádio, micro-ondas e celulares, são consideradas radiações não ionizantes. Isso significa que seus fótons não têm energia suficiente para provocar ionização ou alterar quimicamente as moléculas do corpo humano.
Tecnologias como redes móveis e roteadores utilizam faixas específicas de frequência para transmitir dados. O 4G, por exemplo, funciona entre 400 MHz e 3,5 GHz. Os roteadores Wi-Fi operam geralmente em duas bandas: 2,4 GHz e 5 GHz.
A banda de 2,4 GHz tem maior alcance e penetração em obstáculos como paredes, enquanto a banda de 5 GHz permite maior velocidade de transferência de dados, mas com menor alcance. Ambas são amplamente utilizadas em residências, escritórios e espaços públicos.
No caso do micro-ondas, embora a frequência também esteja na faixa das micro-ondas eletromagnéticas, seu funcionamento visa gerar calor. Isso ocorre porque essa frequência específica é capaz de agitar moléculas de água, gerando calor e aquecendo alimentos.
O 5G representa a próxima geração das redes móveis, prometendo maior velocidade, menor latência e maior capacidade de conexão simultânea. A frequência mais comum do 5G atual é 3,5 GHz, posicionando-se entre as bandas já utilizadas por redes Wi-Fi.
Por operar em uma faixa próxima às tecnologias já amplamente difundidas, a energia das ondas do 5G é igualmente classificada como não ionizante. Isso significa que, do ponto de vista físico, o 5G não possui energia suficiente para romper ligações moleculares ou causar mutações no DNA.
A discussão sobre potenciais riscos à saúde, como o desenvolvimento de câncer, surge frequentemente com o avanço de novas tecnologias. No entanto, até o momento, não há evidências científicas robustas que apontem ligação entre o uso de redes 5G e o aumento de incidência de câncer.
Diversas instituições científicas, incluindo agências reguladoras e organizações de saúde, têm investigado o impacto das ondas eletromagnéticas na saúde humana. Até hoje, os estudos revisados por pares indicam que as frequências utilizadas por celulares, Wi-Fi e 5G não são nocivas.
A preocupação, contudo, não é nova. Desde a popularização dos primeiros celulares, surgiram temores semelhantes quanto à exposição prolongada à radiação de rádio frequência. Ainda assim, os dados disponíveis não apontam correlação causal entre essa exposição e o desenvolvimento de doenças graves.
O receio da população é compreensível, especialmente quando envolvido por incertezas ou falta de acesso à informação técnica. Por isso, o esclarecimento baseado em evidências é uma ferramenta fundamental para o uso consciente e responsável da tecnologia.
Para que uma onda eletromagnética cause um efeito biológico relevante, ela precisa interagir com o tecido humano de forma significativa. As ondas de maior frequência e energia são mais propensas a interações danosas, enquanto as de menor frequência geralmente produzem apenas efeitos térmicos.
No caso do micro-ondas, o calor gerado é intencional. Mas esse tipo de efeito só ocorre com intensidades elevadas e direcionadas, como nas cavidades de um forno. Dispositivos como celulares e roteadores operam com potências muito inferiores.
A absorção das ondas depende também do tipo de tecido, da profundidade da exposição e da duração. Até hoje, não foi identificado qualquer mecanismo fisiológico que ligue diretamente o 5G a danos celulares em níveis de exposição encontrados no uso cotidiano.
O avanço da tecnologia frequentemente levanta dúvidas e críticas. No caso das ondas eletromagnéticas, o temor relacionado a efeitos à saúde é recorrente, mas não sustentado por dados científicos conclusivos até o momento.
A radiação emitida por celulares, redes Wi-Fi e dispositivos com 5G é classificada como não ionizante. A energia envolvida nessas frequências é insuficiente para causar danos ao DNA ou gerar mutações celulares.
Seguir investigando e monitorando os efeitos das novas tecnologias é necessário, mas as evidências atuais indicam que os riscos atribuídos ao 5G carecem de base física e biológica concreta.