No coração da Cidade do Vaticano, onde o sagrado se encontra com a história, um novo desafio emergiu em meio ao luto: a presença de celulares durante o velório do Papa Francisco. Enquanto centenas de milhares se dirigem à Basílica de São Pedro para prestar homenagens, alguns decidiram registrar selfies diante do corpo do pontífice — comportamento que provocou reações críticas e medidas oficiais.
Pontos Principais:
O Vaticano, tradicionalmente rígido em protocolos, emitiu um apelo formal para que visitantes evitem o uso de celulares durante a despedida. A intenção, segundo as autoridades, é preservar a solenidade e respeitar a memória do líder espiritual da Igreja Católica.
As imagens, que rapidamente se espalharam nas redes sociais, foram vistas por muitos como desrespeitosas. Alguns internautas classificaram os registros como “inapropriados” e “chocantes”, enquanto defensores alegaram tratar-se de uma forma de manter viva a lembrança do momento.
A controvérsia reacendeu discussões sobre o papel da tecnologia em cerimônias solenes. Especialistas em comportamento e religião apontam que, embora o registro de momentos históricos seja legítimo, há limites quando o respeito coletivo está em jogo.
A Santa Sé, por sua vez, relembrou que desde 1996 vigora uma diretriz que proíbe filmagens ou fotos do pontífice em seu leito de morte, salvo autorização expressa para fins documentais. A norma, embora antiga, ganha novo peso diante da era digital e da viralização instantânea de imagens.
Com mais de 150 mil pessoas visitando a basílica nos últimos dias, controlar o uso de smartphones tornou-se quase inviável. Ainda assim, agentes de segurança passaram a orientar discretamente os fiéis a guardar os aparelhos ao se aproximarem do caixão.
A cerimônia oficial de despedida está marcada para sábado, com a presença de líderes políticos, chefes religiosos e membros da realeza. O funeral será realizado na Praça de São Pedro, seguido por uma procissão até a igreja de Santa Maria Maggiore.
Além de um momento de luto, o velório do Papa Francisco se tornou símbolo do embate entre tradição e modernidade. A dificuldade em conciliar reverência com o impulso de registrar tudo digitalmente reflete dilemas contemporâneos vividos por instituições milenares.
A morte de Francisco encerra um pontificado marcado por reformas, apelos à simplicidade e presença constante nas redes sociais — o que, ironicamente, pode ter influenciado parte dos fiéis a querer “compartilhar” também seu adeus.
O Vaticano não se pronunciou oficialmente sobre punições para quem desrespeitou o pedido, mas reforçou que o momento exige respeito absoluto. Em um tempo de câmeras em todos os bolsos, o silêncio pode ser a maior forma de reverência.