Uma missão de resgate anfíbio

Vivemos em um mundo onde constantemente vemos alguma espécie com riscos seríssimos de extinção. Por isso que, muitas vezes, algumas espécies são mantidas em cativeiro até conseguirem se reproduzir em uma quantidade suficiente para seguirem com a vida.
Publicado por Alan Correa em Animais dia 31/10/2019

Vivemos em um mundo onde constantemente vemos alguma espécie com riscos seríssimos de extinção. Por isso que, muitas vezes, algumas espécies são mantidas em cativeiro até conseguirem se reproduzir em uma quantidade suficiente para seguirem com a vida.

A reprodução de sapos comuns e raros, para a possibilidade de preservação, tem necessidade maior do que apenas boa vontade. Isso envolve muitas questões hormonais, a conhecida fertilização in vitro.

Esperança para algumas espécies

Em 2005, uma equipe retirou de uma floresta distante do Panamá um sapo raro (chamado Toughie) mais quatro pererecas e levaram para os Estados Unidos, com a intenção de que a vida desses animais pudesse ser preservada, evitando a extinção. Essa ação falhou logo após e os animais morreram. Toughie morreu em setembro de 2016.

Nesse mesmo ano, quem começou a ser acompanhado foi o sapo Romeu, animal das águas bolivianas. Por dez anos, esse sapo que possui a barriga de cor laranja, viveu no aquário do museu de história natural de Cochabamba. Por muito pouco, o destino de Romeu não foi o mesmo que o de Toughie.

Inacreditavelmente, a internet daria um novo caminho a essa história. No dia dos namorados, o perfil de Romeu foi postado no site match.com, o que conseguiu muitas doações para que ocorresse mais uma expedição em busca dos sapos selvagens.

No início de janeiro, houve o anúncio de que mais cinco sapos foram encontrados, sendo duas fêmeas. Foram levados ao aquário e, finalmente, Romeu pode ter sua Julieta e tornar se pai. Como normalmente ocorre a reprodução dos sapos, acreditava se que Romeu também seguiria essa trajetória, porém, não foi bem assim. Quanto mais rara é a espécie do sapo, mais difícil descobrir seu mecanismo de funcionamento.

Os sapos em cativeiro e a fertilização em vitro

O sapo corroborado do sul da Austrália (Pseudophryne corroboree) é um dos anfíbios mais ameaçados do mundo, com menos de 50 restantes na natureza. Os pesquisadores estão tentando identificar o melhor tratamento hormonal para reforçar os esforços para criá-los em cativeiro (foto: PAUL FAHY / TARONGA ZOO)
O sapo corroborado do sul da Austrália (Pseudophryne corroboree) é um dos anfíbios mais ameaçados do mundo, com menos de 50 restantes na natureza. Os pesquisadores estão tentando identificar o melhor tratamento hormonal para reforçar os esforços para criá-los em cativeiro (foto: PAUL FAHY / TARONGA ZOO)

O que poderia ser feito já que Romeu e Julieta não aguentaram o peso de evitarem a extinção da espécie. Os sapos de cativeiro não se reproduzem facilmente como os demais.

A tecnologia da fertilização, criopreservação conseguem contribuir para que haja a manutenção das espécies raras de sapos. O número de espécies que são beneficiadas com essas técnicas modernas não é grande, mas conseguiu se já muito avanço para que pesquisas estejam cada vez mais concretos e empolgantes.

A cada dia que passa, a biodiversidade da terra está diminuindo drasticamente e, de todos vertebrados, os anfíbios são os animais que mais estão diminuindo rapidamente.

Em 2017, 2100 anfíbios foram listados como em risco de extinção e acredita se que esse número, na realidade, chegue a 55%. Os sapos boreais são criaturas onde em que os espermatozoides foram congelados a temperaturas baixíssimas, depois de descongelado é realizada a fertilização in vitro.

Uma doença fúngica foi considerada responsável pela extinção de cerca de 90 tipos de anfíbios. E por que a reprodução de girinos é tão difícil é complexa? Na verdade, são desconhecidos os requisitos básicos para a reprodução de espécies raras. O sistema reprodutor dos sapos é altamente complexo em relação a outros animais. Uns se reproduzem na água, outros na terra, outros em musgos.

Algumas das dificuldades encontradas

Curiosamente alguns sapos são monogâmicos e outros, polígamos com um macho para diversas fêmeas. Para o acasalamento são estudados diversos fatores como mudança de umidade, de temperatura, dias mais longos, dias mais brilhantes e o comportamento e performance de cada sapo.

Quando um animal está quase em extinção, fica muito difícil realizar um estudo sobre a possibilidade de recuperação da espécie. Um dos animais mais ameaçados de extinção no planeta é o sapo esquilo escuro. Esses sapos manchados são considerados muito exigentes sobre a forma como se reproduzem. Chegaram a uma quantidade de 100 animais no Mississipi. Nunca conseguiram criá-los em cativeiro.

O tratamento hormonal dos sapos vem seguida da fertilização em vitro otimizando a diversidade genética e controlando a paternidade dos girinos. Imaginem a dificuldade de coleta, manipulação e todo processo para obtenção de novos animais por essas técnicas descritas. Há o aproveitamento de cerca de 50% de material colhido.

Apesar da existência de uma tecnologia muito moderna e assertiva, a sua aplicação na fertilização de anfíbios ainda é muito complexa e enquanto isso, as espécies vão diminuindo dia após dia.

*Com informações da National Geographic e Knowable Magazine

Alan Correa
Alan Correa
Sou jornalista desde 2014 (MTB: 0075964/SP), com foco em reportagens para jornais, blogs e sites de notícias. Escrevo com apuração rigorosa, clareza e compromisso com a informação. Apaixonado por tecnologia e carros.