O julgamento de Sean “Diddy” Combs começou oficialmente nesta segunda-feira (5), em Nova York, e promete ser um dos mais midiáticos e complexos da história recente da música americana. Combs, de 55 anos, está preso desde setembro de 2024 e responde por acusações de tráfico sexual, extorsão, sequestro e transporte de pessoas para fins de prostituição.
Pontos Principais:
Na primeira fase do julgamento, o juiz federal Arun Subramanian conduz a seleção dos jurados, interrogando individualmente os candidatos. Alguns confessaram já ter visto vídeos de Diddy agredindo mulheres, lido reportagens ou até curtido piadas sobre o caso nas redes sociais. Mesmo assim, o juiz avaliou que muitos poderiam ser imparciais.
O caso central gira em torno das chamadas festas “Freak Offs”, onde, segundo o Ministério Público, Diddy promovia sessões prolongadas de sexo com o uso de drogas como ecstasy e cetamina. As festas envolviam profissionais do sexo, registros em vídeo e logística montada por funcionários do império do rapper.
As investigações apontam que mais de 100 vítimas teriam sido violentadas, incluindo mulheres, homens e menores de idade. Parte dos abusos teria ocorrido sob efeito de substâncias controladas, e os envolvidos eram coagidos por ameaças, chantagens ou ofertas financeiras.
Durante buscas em residências de Combs, as autoridades encontraram drogas e mais de mil frascos de óleo para bebê e lubrificantes, itens que, segundo os promotores, eram utilizados nos encontros sexuais organizados pelo artista. A Promotoria afirma que essas evidências reforçam o caráter sistemático e premeditado do esquema.
A defesa alega que as relações descritas foram consensuais e que o vídeo divulgado recentemente mostra um desentendimento pessoal, não um crime de tráfico sexual. Combs, que recusou um acordo judicial, afirma que é inocente.
O julgamento deve durar cerca de oito semanas. As alegações iniciais de ambas as partes estão previstas para o dia 12 de maio. Até lá, segue o processo de seleção do júri, composto por 12 membros titulares e 6 suplentes, que serão anônimos por medida de segurança.
O painel de jurados terá papel crucial, especialmente diante da forte presença midiática e das reações públicas. O juiz já afirmou que eliminará qualquer candidato que demonstre incapacidade de julgar com imparcialidade.
O caso já gerou desdobramentos culturais. Novos documentários, séries e depoimentos públicos de vítimas reforçam o impacto do processo sobre a indústria da música, que começa a enfrentar seus próprios fantasmas em relação ao abuso de poder e exploração sexual.
Diddy, que nasceu no Harlem e construiu uma fortuna estimada em bilhões com música, moda e bebidas alcoólicas, enfrenta agora o maior desafio de sua carreira — não nos palcos ou nos negócios, mas diante de um tribunal e da opinião pública.