Entenda o caso onde a Gol é acusada de racismo

Foi instaurado um inquérito pela Polícia Federal para investigar um possível crime de racismo contra uma mulher negra que foi forçada a sair do avião em um voo da Gol que saía de Salvador em direção a São Paulo. A investigação será conduzida de maneira confidencial.
Publicado por Alan Correa em Notícias dia 1/05/2023

Foi instaurado um inquérito pela Polícia Federal para investigar um possível crime de racismo contra uma mulher negra que foi forçada a sair do avião em um voo da Gol que saía de Salvador em direção a São Paulo. A investigação será conduzida de maneira confidencial.

O caso aconteceu na madrugada do sábado (29), policiais federais retiraram à força uma mulher negra de um voo da Gol que partiria de Salvador com destino ao aeroporto de Congonhas. O incidente ocorreu após uma discussão sobre o despacho de bagagem, enquanto Samantha Vitena já estava a bordo da aeronave, aguardando a decolagem. Em vídeos que circularam amplamente nas redes sociais, é possível ver que um dos policiais alegou que a decisão de retirar a passageira foi tomada pelo comandante da aeronave. Durante a remoção, Samantha recebeu apoio de outros passageiros.

“O episódio contra Samantha Vitena em um voo de Salvador na madrugada deste sábado demonstra o racismo e a misoginia que atingem de forma estrutural as mulheres negras em nosso país”, publicou o Ministério das Mulheres no Twitter.

De acordo com Elaine Hazin, uma jornalista que estava presente no mesmo voo que Samantha, em sua conta no Instagram, o incidente foi descrito como “um caso extremamente violento de racismo”. Ela relatou que os passageiros embarcaram no voo 1575 da Gol Linhas Aéreas com uma hora de atraso e que a mulher não conseguiu encontrar um lugar para guardar sua mochila, que continha um laptop.

“A cena é uma afronta à Samantha e a todas as mulheres negras. Pediremos providências à companhia aérea e à PF [Polícia Federal], que devem desculpas e explicações após a abordagem.”

“Conseguimos um lugar para a mochila de Samantha e, nem mesmo assim, o voo decolaria. Mais uma hora de atraso, nenhuma satisfação da cia área, gente passando mal no avião e eis que três homens da Polícia Federal entram de forma extremamente truculenta no avião para levar a ‘ameaça’ do voo embora – a Samantha. Ela se defende, mas não reage. Alguns pedem pra ela não ir (na maioria mulheres).”

“Esta história não termina aqui, queremos justiça e respeito para todos, queremos que a Gol, este comandante e a tripulação paguem por este crime e os policiais também respondam por tamanha violência”, concluiu a jornalista no post.

O que diz a Gol?

Após uma discussão sobre o despacho de bagagem, a Gol Linhas Aéreas foi acusada de racismo por ter expulsado uma passageira do voo.
Após uma discussão sobre o despacho de bagagem, a Gol Linhas Aéreas foi acusada de racismo por ter expulsado uma passageira do voo.

A Gol Linhas Aéreas comunicou que, durante o processo de embarque do voo 1575 com destino ao aeroporto de Congonhas, houve uma elevada quantidade de bagagens que necessitavam de acomodação a bordo.

“Muitos clientes colaboraram despachando volumes gratuitamente. Mesmo com todas as alternativas apresentadas pela tripulação, uma cliente não aceitou a colocação da sua bagagem nos locais corretos e seguros destinados às malas e, por medida de segurança operacional, não pôde seguir no voo”.

“Lamentamos os transtornos causados aos clientes, mas reforçamos que, por medidas de segurança, nosso valor número 1, as acomodações das bagagens devem seguir as regras e procedimentos estabelecidos, sem exceções. A companhia ressalta ainda que busca continuamente formas de evitar o ocorrido e oferecer a melhor experiência a quem escolhe voar com a Gol e segue apurando cuidadosamente os detalhes do caso.”

*Com informações do Terra e Metropoles.

Alan Correa
Alan Correa
Sou jornalista desde 2014 (MTB: 0075964/SP), com foco em reportagens para jornais, blogs e sites de notícias. Escrevo com apuração rigorosa, clareza e compromisso com a informação. Apaixonado por tecnologia e carros.