O sepultamento de Francisco, realizado neste sábado, marcou o início do período de luto tradicional que antecede a escolha de seu sucessor. Durante nove dias, o Vaticano permanece em estado de novendiali, uma prática que suspende temporariamente as funções papais até que o Conclave seja oficialmente convocado. O calendário eclesiástico prevê que a eleição do novo papa só deverá começar depois de 5 de maio, embora normas mais recentes permitam alguma flexibilidade se todos os cardeais eleitores já estiverem presentes em Roma.
Pontos Principais:
Ao todo, o Colégio dos Cardeais é composto por 252 membros, mas apenas 135 deles têm menos de 80 anos e direito a voto. Desses, 133 confirmaram presença no Conclave. Entre os eleitores estão sete brasileiros: Sérgio da Rocha, Jaime Spengler, Odilo Scherer, Orani Tempesta, Paulo Cezar Costa, João Braz de Aviz e Leonardo Ulrich Steiner. Duas ausências já estão confirmadas entre os cardeais europeus, o que pode impactar o equilíbrio de forças internas durante as votações, tradicionalmente realizadas sob sigilo absoluto dentro da Capela Sistina.
Durante o Conclave, os cardeais ficam isolados e comprometidos por juramento a não revelar detalhes das discussões. As votações ocorrem em ritmo intenso, com até quatro escrutínios por dia. Para ser eleito, o futuro papa precisa receber dois terços dos votos válidos, número que neste Conclave representa 89 votos. Se o impasse persistir após três dias de votações, os cardeais fazem uma pausa para orações. Se ainda não houver consenso após 34 votações, apenas os dois mais votados disputarão uma votação especial.
As atividades da Igreja continuam com missas diárias em homenagem a Francisco e reuniões entre os cardeais para tratar dos detalhes logísticos e operacionais. A missa no domingo, celebrada pelo cardeal Pietro Parolin, integra o segundo dia do novendiali. Uma visita coletiva ao túmulo de Francisco também foi programada. A Santa Sé prorrogou as credenciais de imprensa até 31 de maio para acompanhar toda a movimentação, e o calendário oficial aponta que o período de funeral e Conclave deve se estender até meados de maio.
Historicamente, os Conclaves mais recentes foram rápidos. Tanto Bento XVI em 2005 quanto Francisco em 2013 foram eleitos em apenas dois dias. Ainda assim, a história da Igreja registra processos que duraram semanas ou até anos, como o Conclave do século XIII que resultou na eleição de Gregório X. A tradição e as normas internas buscam garantir um processo justo, preservando o caráter espiritual e a autonomia dos cardeais eleitores diante do peso de uma escolha que definirá os rumos da Igreja Católica nos próximos anos.
Fonte: Istoe, Gazetadopovo e UOL.