Desde o início do ano, São Paulo tem enfrentado um cenário de crise econômica, o que tem impactado diretamente o comércio local. O centro histórico da cidade tem sido uma das áreas mais afetadas, com o fechamento de dezenas de lojas no último mês, incluindo uma agência bancária e um restaurante. Comerciantes da região reclamam que a área está abandonada e que estão desanimados com a falta de movimento.
Na tradicional Rua Barão de Itapetininga e em outras áreas comerciais, diversas lojas foram fechadas, com portas abaixadas e placas de “aluga-se” espalhadas por toda parte. O pouco movimento na rua tem deixado os comerciantes desanimados. Uma banca, por exemplo, existe desde 1986 e está enfrentando o pior momento em toda a sua história.
“Hoje é uma rua assim, 80% aberta e 20% fechada. É muita coisa num trecho tão curto. Nós estamos no coração de São Paulo e este é o edifício João Brícola, um prédio icônico do começo do século passado. Ele abrigou a primeira loja de departamentos do país e outras lojas vieram depois. A última ficou aqui por 19 anos, mas no mês passado fechou as portas e desde então a situação é essa. Era um comércio muito bom, ocupava quase todos os andares aqui. Era muito bom, você procurava de tudo, você achava que parecia num shopping né?”, relata um comerciante local.
Outras ruas importantes do comércio popular de São Paulo seguem na mesma direção. Na tradicional Rua José Paulino, de roupas femininas, as lojas continuam abertas, mas o movimento está bem abaixo do que já foi. “Todos aqui estão falando a mesma coisa”, relata outro comerciante local. Na Rua Silva Pinto, perto da José Paulino, é possível ver mais lojas fechadas do que abertas. “É até difícil contar quantas lojas estão fechadas por aqui”, comenta um morador da região. A Rua Santa Efigênia, voltada à eletrônica, também tem lojas abertas, mas com menos consumidores. “Uns três anos atrás, era 100% do movimento, agora 70% e olha lá”, conta outro comerciante local.

Para um urbanista, outro grande problema são as políticas públicas mal sucedidas voltadas aos dependentes químicos da Cracolândia. “A gente tinha uma dispersão que depois em algum momento voltava para algum lugar, né? Então, essa política permanente de manter a expressão no caso ali especificamente desse território Luz-Santa Efigênia tem transformado esse território num barril de pólvora”, alerta o especialista. Segundo ele, a solução demanda menos polícia e mais ações para moradia, cuidados e combate ao tráfico.
“Operar o combate ao tráfico de uma escala que não é ali do local, ou pelo menos não escala somente do local, e ali no território você precisa ter uma ação conjunta e forte do estado para pensar a política de moradia e de cuidado”, finaliza.
*Com informações da TVBrasil e G1.
