Centro de proteção da fauna de SP tem nascimento de 149 filhotes

A preservação da fauna paulista conta com um importante aliado no município de Araçoiaba da Serra, região de Sorocaba. É nessa localidade que pesquisadores do Núcleo de Conservação da Fauna Silvestre, ligado ao Governo de São Paulo, desempenham um trabalho crucial para proteger o futuro de várias espécies ameaçadas de extinção. Desde 2015, o centro já registrou o nascimento de 149 filhotes por meio de atividades de manutenção, reprodução e pesquisa dos animais.
Publicado em Animais dia 16/06/2023 por Alan Corrêa

A preservação da fauna paulista conta com um importante aliado no município de Araçoiaba da Serra, região de Sorocaba. É nessa localidade que pesquisadores do Núcleo de Conservação da Fauna Silvestre, ligado ao Governo de São Paulo, desempenham um trabalho crucial para proteger o futuro de várias espécies ameaçadas de extinção. Desde 2015, o centro já registrou o nascimento de 149 filhotes por meio de atividades de manutenção, reprodução e pesquisa dos animais.

O Centro de Pesquisa e Conservação de Fauna do Estado de São Paulo (CECFAU) está vinculado à Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística. Atualmente, os esforços concentram-se na preservação e proteção de seis espécies: sagui-da-serra-escuro, mico-leão-preto, mico-leão-de-cara-dourada, arara-azul-de-lear, tamanduá-bandeira e perereca-pintada-do-rio-pomba. Dentre eles, destacam-se como animais nativos das matas e florestas de São Paulo o mico-leão-preto, o sagui-da-serra-escuro e o tamanduá-bandeira.

A assessora técnica do centro, Giannina Piatto Clerici, explica que essas espécies foram escolhidas devido ao baixo número de indivíduos em cativeiro. “Primeiramente, é necessário estabelecer um número seguro em cativeiro antes de pensar na possibilidade de soltura na natureza”.

Filhote de perereca-pintada-do-rio-pomba (Flávio Augusto Torres)
Filhote de perereca-pintada-do-rio-pomba (Flávio Augusto Torres)

E quase todos os meses, o CECFAU recebe um novo membro. Em março, foram identificados filhotes de sagui-da-serra-escuro, popularmente conhecido como sagui-caveirinha. Eles são facilmente reconhecíveis pela face predominantemente branca, que se assemelha a um pequeno crânio, contrastando com a pelagem completamente preta do corpo.

Em fevereiro, as araras Lindsay e Francês tiveram mais dois filhotes – desde 2018, o casal já gerou 17 aves. Algumas delas foram encaminhadas para a Bahia, o habitat natural da espécie. Lindsay e Francês chegaram ao CECFAU como vítimas do comércio ilegal, o que impossibilitou sua volta à natureza.

A reprodução da perereca-pintada-do-rio-pomba também é um caso de sucesso no centro. A bióloga afirma que a espécie não era encontrada em nenhuma outra instituição. “Era necessário ter uma reserva, pois ela ocorre em uma área privada e não protegida. Se algo acontecesse, a espécie seria extinta”, afirmou a assessora técnica.

Giannina conta que o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), do governo federal, autorizou a coleta de alguns indivíduos para a reprodução de uma população de reserva. “Tivemos sucesso na reprodução e agora temos 100 indivíduos, sendo que só nós conseguimos esse feito. Agora, iremos elaborar um protocolo e compartilhá-lo com outras instituições”.

Filhotes de sagui-da-serra-escuro nascidos em março (Giannina Piatto Clerici)
Filhotes de sagui-da-serra-escuro nascidos em março (Giannina Piatto Clerici)

Giannina explica que a importância da reprodução em cativeiro de espécies ameaçadas é o reforço do número de animais na fauna local, seja em ambientes controlados ou na própria natureza. “No caso das araras, também é importante enviar indivíduos para soltura, como um reforço populacional. Ou seja, para ajudar a aumentar a população na Bahia, que foi drasticamente reduzida devido à perda de habitat e ao tráfico ilegal. Dessa forma, contribuímos de duas maneiras”.

As espécies estão sujeitas ao risco de extinção, principalmente devido ao desmatamento e à expansão urbana. Queimadas, fragmentação ou perda do habitat natural e invasão de espécies exóticas também estão entre os motivos que levam ao aumento da lista de animais ameaçados.

Lista de animais ameaçados

Em 2018, um decreto estadual elaborou uma lista com 525 animais ameaçados de extinção, incluindo aves, mamíferos, répteis e anfíbios. Nessa lista estão presentes o guará-vermelho, o papagaio-de-peito-roxo, o morcego-da-bananeira e o peixe-borboleta.

No Brasil, existem exatamente 125.251 espécies animais ameaçadas de extinção. Nesse universo, o número de espécies avaliadas aumentou de 10% (12.009) em 2014 para 11% (13.939) em 2022.

Entre os biomas, a Mata Atlântica continua com o maior número de espécies avaliadas (11.811), a maior quantidade de espécies ameaçadas (2.845) e o maior número de espécies extintas, subindo de 7 para 8 com a inclusão da perereca-gladiadora-de-sino. O Cerrado vem em segundo lugar na lista de espécies ameaçadas, seguido pela Caatinga. O Pantanal ainda é o bioma brasileiro com o menor número absoluto de espécies ameaçadas (74).

*Com informações do Governo-SP.