Sem usar dólar americano, Brasil e China pretendem fechar novos negócios

O Bank of Communications BBM (Bocom BBM), que se tornou a primeira instituição credenciada a operar a plataforma de pagamentos China Interbank Payment System (Cips) no Brasil, projeta que a compensação de operações entre Brasil e China sem o uso do dólar terá início em julho.
Publicado por Alan Correa em Negócios dia 2/04/2023

O Bank of Communications BBM (Bocom BBM), que se tornou a primeira instituição credenciada a operar a plataforma de pagamentos China Interbank Payment System (Cips) no Brasil, projeta que a compensação de operações entre Brasil e China sem o uso do dólar terá início em julho.

O Bocom BBM, um banco sino-brasileiro, projeta que a plataforma de pagamentos Cips começará a operar no Brasil em julho. O Bocom BBM assinou um acordo para aderir ao sistema durante a visita de autoridades brasileiras à China em 29 de março. Com a adesão, o Brasil se torna o primeiro país da América Latina a ter acesso ao sistema que conecta milhares de instituições financeiras em todo o mundo, operando de forma equivalente ao sistema Swift.

O Memorando de Entendimentos (MoU) assinado em 31 de janeiro entre o Banco Central do Brasil (BCB) e o Banco Central da China (PBC) permite que as operações comerciais entre os países sejam realizadas sem a necessidade de liquidação via câmbio – utilizando o dólar – permitindo a transação direta entre reais e yuan, nome oficial da moeda chinesa, também conhecida como renminbi.

O Banco BBM espera que o sistema de conversão entre o real e o yuan permita não só a troca de moedas, mas também a realização de operações de financiamento em moeda chinesa e de swap cambial para proteger os investimentos em ambos os países, sem a necessidade do dólar como intermediário.
O Banco BBM espera que o sistema de conversão entre o real e o yuan permita não só a troca de moedas, mas também a realização de operações de financiamento em moeda chinesa e de swap cambial para proteger os investimentos em ambos os países, sem a necessidade do dólar como intermediário.

A eliminação do uso do dólar para a liquidação entre as moedas tende a reduzir custos para as operações comerciais, já que atualmente um importador brasileiro precisa comprar dólares para efetuar pagamentos a exportadores chineses, que por sua vez precisam converter os dólares na moeda local. A expectativa é que a liquidação direta reduza os custos das operações.

Ao longo dos últimos 13 anos, a China tem sido o principal parceiro comercial do Brasil. Em 2022, as transações comerciais entre os dois países atingiram um recorde de US$150 bilhões. Embora o Brasil tenha um superávit comercial de US$29 bilhões, as exportações para a China consistem principalmente em commodities, enquanto as importações chinesas são de produtos com maior valor agregado. Com o objetivo de diminuir essa disparidade, a China apresentou uma demanda ao Brasil que foi negociada em etapas nos últimos meses.

*Com informações da BBC, Exame e CNN.

Alan Correa
Alan Correa
Sou jornalista desde 2014 (MTB: 0075964/SP), com foco em reportagens para jornais, blogs e sites de notícias. Escrevo com apuração rigorosa, clareza e compromisso com a informação. Apaixonado por tecnologia e carros.