A saúde de uma gestante é extremamente importante, pois não é só uma vida e sim duas vidas que precisa de cuidados. Para se ter uma ideia, todo ano, nos Estados Unidos, cerca de 700 a 900 mulheres morrem de causas relacionadas à gravidez. Essa é a taxa de mortalidade materna mais alta de todos os países ricos, sem contar que ela é ainda maior para mulheres negras.
Mesmo o EUA sendo o país que mais gasta em saúde, as taxa de mortalidade materna aumentou durante a última década, enquanto a de outros países diminuiu.
Algumas das maiores causas da mortalidade materna são: doenças cardiovasculares, hemorragia, pressão alta, que causa convulsões e derrames, coágulos sanguíneos e infecção.
Mas não é só isso, para cada morte, mais de 100 mulheres sofrem uma complicação grave relacionada à gravidez ou ao parto, resultando em mais de 60 mil mulheres, todos os anos, tendo um desses casos.
Entretanto, existem passos concretos e procedimentos padrões que poderiam ser implementados para evitar que maus resultados ocorram, e para que vidas sejam salvas. E isso não exige nenhuma tecnologia sofisticada. Basta apenas que seja aplicado um padrão de atendimento em todos os hospitais.
A médica Elizabeth Howell conta em uma palestra TED como deveria ser feito um atendimento para evitar alguma complicação.
“Se uma mulher em trabalho de parto está com pressão muito alta e a tratamos com a medicação anti-hipertensiva certa, em tempo hábil, podemos evitar um derrame. Se localizarmos com precisão a perda de sangue durante o parto, podemos detectar uma hemorragia mais cedo e salvar a vida de uma mulher. Poderíamos diminuir as taxas desses eventos catastróficos amanhã, mas isso exige que valorizemos a qualidade dos cuidados que damos à mulher grávida, antes, durante e depois da gravidez. Se elevarmos o nível da qualidade dos cuidados ao padrão esperado, poderemos diminuir as taxas das mortes e das complicações graves.” Disse Elizabeth.
O Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas junto com pesquisadores e organizações comunitárias, desenvolveram um programa chamado Alliance for Innovation in Maternal Health, mais especificamente AIM. O objetivo é diminuir a taxa de mortalidade e morbidade materna através de iniciativas de segurança e qualidade pelo país. O grupo desenvolveu medidas de segurança que têm como alvo as causas mais evitáveis da morte materna. O programa AIM tem atualmente o potencial de atingir mais de 50% dos nascimentos nos EUA. Assim eles esperam implementar práticas de cuidado padronizadas em hospitais e sistemas de saúde do país.
Colocar em prática conhecimento, protocolos, procedimentos, medicações, equipamento e outros itens são algumas medidas básicas de segurança.
A médica Elizabeth Howell conta que: “Para uma hemorragia, um carrinho precisa ter tudo que um médico ou uma enfermeira possa precisar em uma emergência: sistema de administração IV, máscara de oxigênio, medicamentos, listas de verificação e outros equipamentos. Para medir a hemorragia: esponjas e gazes. E, em vez de apenas medir no olho, os médicos e as enfermeiras coletam as esponjas e gazes e pesam cada uma delas, ou usam tecnologia mais recente para medir a quantidade perdida de sangue. Essa medida de segurança também inclui protocolos de crise para tratar a hemorragia e treinamentos regulares.”
A Califórnia é líder no uso desses tipos de medidas e é por isso que aquele estado teve uma redução de 21% em quase morte por hemorragia já no primeiro ano da implementação em hospitais. No entanto, o uso dessas medidas pelo país ainda é inconsistente. Assim como as práticas conhecidas e o ênfase em segurança diferem de um hospital para outro, a qualidade também difere.
O fato é que precisa haver uma alta na qualidade dos cuidados fornecidos. Ou seja, fornecer alta qualidade de cuidados continuamente significa fornecer acesso à contracepção segura e confiável ao longo da vida reprodutiva da mulher. Antes da gravidez, significa fornecer cuidados de preconcepção, para que se possa controlar doenças crônicas e otimizar a saúde. Durante a gravidez, inclui pré-natal de qualidade e cuidados no parto, para que mães e bebês sejam saudáveis. E, depois da gravidez, inclui cuidados pós-parto e entre uma gravidez e outra, para que as mães possam se preparar para ter seu próximo bebê e uma vida saudável.
Por fim, Elizabeth Howell conclui que: “É preciso uma alta qualidade de cuidados oferecida continuamente, e é assim que ela pode ser. Se toda mulher grávida em cada comunidade recebesse esse tipo de cuidado e fizesse o parto em instalações com práticas de cuidado padronizadas, as taxas de mortalidade materna e morbidade materna grave despencariam.”