Por que muitas vezes negligenciamos grandes problemas

Existem basicamente três motivos pelo qual algumas pessoas conseguem lidar com grandes problemas e outras apenas desviam o olhar. Em primeiro lugar, tem a ver com cultura, sociedade e as pessoas ao seu redor. Em segundo lugar, quanto você sabe sobre uma situação, quanto está disposto a aprender? Está disposto a ver as coisas mesmo quando não são o que você quer? O terceiro ponto é que muitas vezes não agimos por se sentir impotentes.
Publicado em Vida dia 26/12/2019 por Alan Corrêa

Existem basicamente três motivos pelo qual algumas pessoas conseguem lidar com grandes problemas e outras apenas desviam o olhar. Em primeiro lugar, tem a ver com cultura, sociedade e as pessoas ao seu redor. Em segundo lugar, quanto você sabe sobre uma situação, quanto está disposto a aprender? Está disposto a ver as coisas mesmo quando não são o que você quer? O terceiro ponto é que muitas vezes não agimos por se sentir impotentes.

Entenda melhor

Quando surge um problema bem diante de nós, muitas vezes não queremos aceitar a perda daquilo. De fato, às vezes, é mais provável que nos afastemos das coisas justamente por causa da ameaça que representam para nós, nos negócios, na vida e no mundo.

Muitos também até percebem o sinal de perigo, chegam a falar publicamente mas são ignorados. É por isso que quando vemos um problema vindo em nossa direção devemos agir rapidamente.

Acontece que, devemos ter poder sobre nosso futuro. Infelizmente, quanto menos controle achamos que temos, mais provável é que minimizemos ou ignoramos totalmente isso.

A estrategista política Michelle Wucker, revelou em uma palestra TED de fevereiro de 2019, como temos que substituir o mito do “cisne negro”, aquela catástrofe rara, imprevisível e inevitável, pela realidade do “rinoceronte cinza”, o perigo evitável que escolhemos ignorar.

“Criei a metáfora do rinoceronte cinza para satisfazer o que senti como uma necessidade urgente: ajudar-nos a ter um novo olhar, com a mesma paixão que as pessoas tinham pelo cisne negro, mas, desta vez, pelas coisas que eram altamente óbvias, altamente prováveis, mas ainda negligenciadas. Esses são os rinocerontes cinza.” Disse Michelle Wucker.

Constantemente vemos um grande rinoceronte cinza nas manchetes todos os dias, como uma nova crise financeira altamente provável. Na China, toda a equipe econômica, até o presidente Xi Jinping, fala de maneira muito específica e clara sobre os riscos financeiros como rinocerontes cinza, e como eles podem domá-los.

A China e os EUA têm sistemas de governo muito diferentes, o que afeta o que eles podem fazer ou não. E muitas das causas principais de seus problemas econômicos são totalmente diferentes. Mas não é segredo que os dois países têm problemas com dívidas, desigualdade e produtividade econômica.

É aí que entra a pergunta, como as conversas são tão diferentes? O que faz a diferença entre um lado e o outro? Pense nessas pergunta, não apenas sobre países, mas sobre quase todos.

Vamos para o primeiro motivo, quando se carrega o pensamento de que alguém ao seu redor vai ajudar a levantá-lo quando cair, é muito mais provável que essa pessoa veja um perigo como sendo menor. Neste caso, é preciso arriscar-se a ser criticado quando você fala sobre o perigo que ninguém quer que você fale.

Os EUA têm uma cultura muito individualista, do tipo “faça sozinho”. E, paradoxalmente, isso deixa muitos norte-americanos muito menos abertos a mudanças e assumindo bons riscos. Na China, em contraste, as pessoas acreditam que o governo vai impedir que os problemas aconteçam, o que pode nem sempre ser o que acontece, mas elas acreditam nisso. E por isso se tornam mais propensas a assumirem certos riscos, o que deixa o ritmo de mudança na China absolutamente incrível.

Em segundo lugar, é muito improvável que muitos de nós prestem atenção nas coisas que apenas queremos apagar da memória. Prestamos atenção ao que queremos ver, o que gostamos, com o que concordamos. Mas temos a oportunidade e a capacidade de corrigir esses pontos cegos. As pessoas que são dispostas a reconhecer os problemas ao seu redor e fazer planos são aquelas capazes de tolerar mais riscos bons e lidar com os riscos ruins. Isso porque, ao buscarmos informações, aumentamos nosso poder de fazer algo sobre as coisas de que temos medo.

O fato de acharmos que não podemos agir sozinho nos torna uma pessoa impotente, e então entramos no terceiro e último motivo. Por exemplo, quando pensamos na mudança climática; ela pode parecer tão grande que nenhum de nós sozinho pode fazer diferença. Algumas pessoas passam a vida negando isso, e outras culpam a todos, exceto a si mesmas. O problema é que nenhum de nós é igual ao outro. Cada um de nós tem a oportunidade de mudar nossas atitudes e as atitudes das pessoas ao nosso redor.

“Ouço tantas vezes nos Estados Unidos: “É claro que devemos lidar com problemas óbvios, mas, se você não vê o que está à sua frente, ou você é burro, ou é ignorante”. É o que dizem, e discordo totalmente. Se você não vê o que está à sua frente, você não é burro, nem ignorante. Você é humano. E, uma vez que todos reconheçamos essa vulnerabilidade compartilhada, isso nos dará o poder de abrir nossos olhos, ver o que está diante de nós e agir antes de sermos pisoteados.” Completou a estrategista política Michelle Wucker.