Nos primeiros 100 dias de governo, JD Vance vem moldando o papel de vice-presidente com uma intensidade incomum. Aos 40 anos, o ex-senador por Ohio já causou impacto na política externa e no discurso interno da Casa Branca, servindo como o mais agressivo defensor das pautas de Donald Trump. Longe de ser um vice apagado, Vance tem agido como cão de guarda do presidente e porta-voz de uma linha dura nos temas mais sensíveis da agenda republicana.
Pontos Principais:
Imagens de Vance repreendendo o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, no Salão Oval, ganharam o mundo em fevereiro. Ao lado de Trump, Vance questionou duramente o ucraniano, cobrando gratidão e criticando sua postura. A cena marcou seu papel dentro da Casa Branca: firme, combativo e disposto a causar constrangimento diplomático se necessário. Foi um divisor de águas para sua aceitação entre republicanos da ala “MAGA”.
Vance também vem sendo a ponta de lança do discurso “America First”, fazendo críticas públicas a aliados históricos dos EUA. Durante a Conferência de Segurança de Munique, disparou contra líderes europeus e declarou que “há um novo xerife na cidade”, sugerindo o fim da paciência americana com os compromissos multilaterais. O episódio ampliou tensões diplomáticas e consolidou a imagem de um vice-presidente disposto ao confronto.
A biografia de Vance é marcada por contrastes: criado em meio à pobreza em Ohio, veterano de guerra, formado em Direito por Yale, e ex-empresário do Vale do Silício. Inicialmente crítico de Trump, chegou a compará-lo a Hitler em 2016. Hoje, é um de seus maiores defensores. A guinada política foi completada em 20 de janeiro, dia da posse, com um discurso carregado de fidelidade e alinhamento ideológico total com o “Make America Great Again”.
Outro ponto de atrito internacional ocorreu na visita oficial do premiê britânico Keir Starmer. Diante das câmeras, Vance criticou as leis britânicas de liberdade de expressão, provocando desconforto no gabinete do Reino Unido. O episódio reforçou a imagem do vice como interventor direto na política externa, rompendo o tradicional papel moderado reservado ao cargo.
Vance também foi protagonista no episódio apelidado de “Signalgate”, quando mensagens vazadas sobre ataques aéreos no Iêmen expuseram desentendimentos dentro do governo. Foi a única voz contrária à ação militar, mas não por pacifismo: sua crítica foi de que a ação só beneficiaria interesses europeus, não americanos. A posição reforçou sua agenda nacionalista e pragmática.
No momento, Vance ocupa posição central no projeto mais polêmico de Trump: a tentativa de tomar a Groenlândia da Dinamarca. Visitou a ilha com a esposa, Usha, e reiterou que a aquisição seria vital para a segurança no Ártico. A visita foi considerada provocativa por dinamarqueses e autoridades locais. Mesmo assim, Trump e Vance parecem dispostos a ir longe nessa ofensiva geopolítica.