Como o bicho-preguiça se locomove? Conheça curiosidades do animal

Preguiças fazem parte deste planeta há mais de 40 milhões de anos, e o segredo para uma vida tão longa nada mais é que a lerdeza que só as preguiças têm. Por trás desse mundo estranho da vida dos mamíferos mais lentos do mundo, podemos aprender muitas coisas. Compreender a verdade sobre a preguiça pode ajudar a salvar a nós mesmos e o próprio planeta que vivemos.
Publicado em Animais dia 23/12/2019 por Alan Corrêa

Preguiças fazem parte deste planeta há mais de 40 milhões de anos, e o segredo para uma vida tão longa nada mais é que a lerdeza que só as preguiças têm. Por trás desse mundo estranho da vida dos mamíferos mais lentos do mundo, podemos aprender muitas coisas. Compreender a verdade sobre o bicho-preguiça pode ajudar a salvar a nós mesmos e o próprio planeta que vivemos.

Primeiramente, as preguiças são totalmente mal compreendidas. Foram marcadas por um nome que remete a um pecado e amaldiçoadas por seu estilo de vida langoroso, o qual muitos parecem acreditar não ter espaço entre os mais aptos na corrida acelerada pela sobrevivência.

Entenda um pouco sobre as preguiças

A primeira descrição sobre as preguiças foram feitas pelo conquistador espanhol chamado Valdés, em sua enciclopédia do Novo Mundo. Segundo ele, a preguiça é “o animal mais estranho que pode ser encontrado no mundo. Nunca vi um animal tão feio ou que possa ser mais inútil”. Ainda segundo Valdés, ele ilustrou em seu livro a preguiça com um rosto muito semelhante ao dos humanos. O que de fato, pode realmente parecer bem provável, pois, as preguiças têm rostos notavelmente humanoides.

Elas vêm de uma antiga linhagem de mamíferos, e já houve dezenas de espécies, incluindo as preguiças-terrícolas, do tamanho de um pequeno elefante e um dos únicos animais grandes o bastante pra comer um abacate inteiro e espalhá-los.

Mas atualmente, existem apenas seis espécies sobreviventes, que se dividem em dois grupos, a Bradypus que são as preguiças de três garras, e o outro grupo são as preguiças com duas garras. Essas vivem nas selvas da América Central e do Sul, e são extremamente prolíficas.

De acordo com uma pesquisa feita na década de 1970, numa floresta tropical panamenha, descobriu-se que a preguiça era o animal de grande porte mais numeroso da época, as preguiças chegaram ocupar um quarto da biomassa dos mamíferos.

O segredo das preguiças

Segundo um estudo de dez anos, desenvolvido pela a zoóloga Lucy Cooke, foi possível compreender a estranha vida dos mamíferos mais lentos do mundo. E Lucy Cooke conta tudo em uma palestra TED realizada em novembro de 2018.

As preguiças levam uma vida mais frutífera, elas sobrevivem capturando e consumindo folhas imóveis, ao contrário por exemplo de um leopardo, que é capaz de correr de 0 a 18 metros em 3 segundos cravados, e se arrisca em brigas por comida, que muitas vezes acaba perdendo uma presa em cada nove para predadores mais maldosos, como as hienas.

Só que por outro lado, as folhas que as preguiças comem também tende a se proteger, e por isso essas folhas se mantém impregnadas de toxinas e são muito difíceis de digerir. E é aí que entra o segredo das preguiças, a arma secreta da preguiça é um estômago com quatro câmaras e bastante tempo. Elas têm o processo digestivo mais lento que qualquer mamífero, e podem demorar até um mês para digerir uma única folha, o que dá ao seu fígado tempo suficiente para processar todas as toxinas presentes na folha.

Portanto, as preguiças na verdade não são preguiçosas, pelo contrário, elas trabalhando duro, com muita insistência para digerir seu alimento.

Um outro fato interessante é que as as preguiças evoluíram para gastar o mínimo de energia possível. Elas fazem cerca de 10% do trabalho de um mamífero do mesmo tamanho e sobrevivem com um mínimo de 100 calorias ao dia, por isso consomem folhas, que possui pouco valor calórico.

Curiosidades sobre as preguiças

As preguiças de três dedos têm mais ossos no pescoço que qualquer outro mamífero, até mesmo que uma girafa. O que significa que podem girar a cabeça em até 270 graus e comer as folhas ao seu redor, sem precisar gastar energia para movimentar seu corpo.

Isso também significa que são nadadoras surpreendentemente ágeis. Preguiças podem se mover na água três vezes mais rápido do que conseguem se mover no solo, mantendo-se à tona por uma corrente de vento.

Quando as preguiças precisam expelir gases, na verdade, eles são reabsorvidos em sua corrente sanguínea e expelidos oralmente, como uma espécie de “peido bucal”.

As preguiças possuem posicionamento estrategicamente, elas se posicionam de cabeça para baixo, assim faz com que economizem mais energia. Com cerca de metade do tecido muscular esquelético de um mamífero terrestre, elas, na verdade, não têm muitos dos músculos extensores de sustentação de peso; em vez disso, contam com músculos retratores para se movimentarem. Elas têm longas garras, como ganchos, e uma alta resistência à fadiga, assim podem, literalmente, se agarrar e se manter pendurada por horas a fio, inclusive podem fazer quase tudo nesta posição invertida. Elas dormem, comem e até dão à luz.

A garganta e os vasos sanguíneos das preguiças são exclusivamente adaptados para bombear sangue e engolir comida contra a força da gravidade. Pequenos pontos pegajosos nas costelas impedem que seu enorme estômago esmague seus pulmões. E o pelo delas cresce na direção oposta, para que a água escorra depois de uma chuva tropical. Por isso que não se deve virar uma preguiça pra cima, elas perderiam todas suas engenhosas adaptações.

As preguiças não conseguem se manter em pé, e assim, arrastam seu corpo como se estivessem escalando uma superfície plana.

Ao contrário de outros mamíferos, preguiças não perdem tempo mantendo uma alta temperatura corporal constante. A energia solar é abundante, então elas se aquecem ao sol como lagartos e têm uma pelagem grossa para os trópicos, a qual mantém o calor do corpo delas.

Preguiças têm um metabolismo assustadoramente baixo, e esse é uma da razão pela qual eles podem se recuperar de ferimentos que matariam a maioria dos animais. O baixo metabolismo pode ser crucial para que sobrevivam à extinção.

“Passei muitas horas felizes, encantada com o movimento das preguiças. A falta de musculatura não interfere na força ou agilidade delas. Mestres zen da natureza de movimentos lentos como os do “Lago dos Cisnes”, com o controle central de um mestre de tai chi. Esta adormeceu no meio do movimento, o que é muito comum.” Disse a zoóloga Lucy Cooke.

Como as preguiças foge de seu predador?

O gavião-real é um dos principais predadores da preguiça, ele pode voar a velocidades de até 80 km/h, tem garras do tamanho das de um urso pardo, visão afiada, além de conseguir focar no som, assim ele pode ouvir o mínimo movimento das folhas.

A preguiça, por outro lado, tem audição e visão ruins e fugir do perigo, obviamente, não é uma opção. O que as salvam é a pele dela, que tem sulcos que atraem umidade e agem como um pequeno jardim hidropônico para algas, e elas também atraem uma série de invertebrados. Assim, elas são seu próprio ecossistema de movimento lento em miniatura. Elas se tornam parte da árvore. E assim acredita-se que os movimentos da preguiça são tão lentos que conseguem escapar do radar do monstruoso gavião-real, enquanto ele sobrevoa a área, buscando uma presa.

As preguiças por serem furtivas, raramente deixam a segurança da copa das árvores, exceto para defecar, o que fazem cerca de uma vez por semana, na base de uma árvore. Esse comportamento arriscado e energético tem sido um mistério, e existem várias teorias sobre por que elas fazem isso. E um do motivos para elas fazerem isso, é para deixar um esterco perfumado e atrair possíveis parceiros. As preguiças são geralmente criaturas silenciosas e solitárias, exceto quando a fêmea está no cio. Quando isso acontece, ela escala até o topo de uma árvore e imita o som do bem-te-vi, apenas este som já é o bastante para atrair a atenção do macho.

O esterco perfumado dela deve direcionar o macho até a árvore correta, assim ele não desperdiça energia preciosa escalando a árvore errada. Sexo, a propósito, é a única coisa que as preguiças fazem rapidinho, é um ato consumado em questão de segundos, talvez seja para não gastar tanta energia.

O que temos para aprender com as preguiças?

Nós, os humanos, somos obcecados pela velocidade. Estar ocupado é um distintivo de honra, e conveniência supera qualidade na nossa busca pela rapidez. Nosso vício pela “vida expressa” está sufocando a nós e o planeta.

Preguiças têm vivido neste planeta, em uma forma ou outra, por mais de 40 milhões de anos. O segredo do sucesso delas é a sua natureza preguiçosa. Elas são ícones de economia de energia. É esse fato que deveríamos levar em conta em nossas vidas.

“Que tal abraçarmos nossa preguiça interior desacelerando, sendo mais conscientes, reduzindo a conveniência esbanjadora, sendo econômicos com a nossa energia, reciclando criativamente e nos reconectando com a natureza? Caso contrário, eu receio que nós, humanos, é que acabaremos sendo “o animal mais idiota que pode ser encontrado no mundo”.” Finaliza Lucy Cooke.