Agência de viagens 123 Milhas pede recuperação judicial em meio a desafios financeiros

A empresa de viagens 123 Milhas apresentou um pedido de recuperação judicial nesta terça-feira (29), submetido à 1ª Vara Empresarial da Comarca de Belo Horizonte, em Minas Gerais.
Publicado em Negócios dia 29/08/2023 por Alan Corrêa

A empresa de viagens 123 Milhas apresentou um pedido de recuperação judicial nesta terça-feira (29), submetido à 1ª Vara Empresarial da Comarca de Belo Horizonte, em Minas Gerais.

De acordo com os representantes legais da empresa, fatores internos e externos levaram ao aumento substancial de suas dívidas nos últimos anos, motivando o protocolo do pedido. A 123 Milhas alega que utilizará o processo de recuperação judicial para lidar com suas obrigações de maneira estruturada.

Em 18 de agosto, a 123 Milhas suspendeu temporariamente os pacotes e a emissão de passagens da sua linha promocional conhecida como “Promo”, afetando as viagens previamente agendadas com datas flexíveis, programadas de setembro a dezembro de 2023.

A agência de viagens 123 Milhas apresentou um requerimento de recuperação judicial no dia 29 de agosto (Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)
A agência de viagens 123 Milhas apresentou um requerimento de recuperação judicial no dia 29 de agosto (Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)

Inicialmente, a empresa declarou que os pacotes promocionais representavam apenas 7% de todas as viagens realizadas pela companhia em 2023 e que os demais produtos oferecidos permaneceriam inalterados.

Entretanto, durante esta semana, além dos adiamentos de viagens, funcionários da 123 Milhas relataram demissões, enquanto clientes afetados reclamaram da impossibilidade de utilizar os vouchers oferecidos como forma de reembolso pela empresa.

Segundo a solicitação de recuperação judicial da 123 Milhas, os resultados do programa “Promo” não foram alcançados devido à expectativa de que os clientes adquirissem outros produtos associados às viagens, o que acabou não ocorrendo.

A empresa enfrentou dificuldades para emitir passagens aéreas, pacotes de viagem e seguros adquiridos pelos clientes do programa Promo123 nos prazos estipulados. Portanto, decidiu suspender temporariamente o programa e buscar uma abordagem organizada por meio do pedido de recuperação judicial.

Além das questões relacionadas ao programa promocional, a 123 Milhas também destaca que a crise da empresa foi exacerbada pelo inesperado aumento e persistência dos preços das passagens no período pós-pandemia.

A empresa reconhece que esperava uma redução nos preços das passagens aéreas antes de lançar o programa promocional, com base na suposição de um aumento considerável na oferta de voos pelas companhias aéreas após as restrições decorrentes da pandemia de Covid-19.

No entanto, a realidade foi diferente, com uma demanda muito maior do que a oferta por voos nacionais e internacionais, combinada ao aumento dos preços devido à queda do valor do real em relação ao dólar e à alta inflação, o que resultou em elevação dos preços das passagens e pacotes. Isso prejudicou a capacidade da 123 Milhas de adquirir esses produtos nos termos acordados com os clientes.

O pedido de recuperação judicial tem o objetivo de aliviar a pressão dos credores. O cancelamento das viagens planejadas para 2023 causou uma crise de imagem para a 123 Milhas, levando a uma redução significativa nas vendas e impactando negativamente o capital da empresa.

Três empresas estão envolvidas no pedido de recuperação: a própria 123 Milhas, a Art Viagens (Hotmilhas), que oferece suporte para emissão de passagens por milhas, e a Novum, holding que detém 100% das ações da agência de viagens.

As empresas requerentes operam de forma interdependente e contam umas com as outras para manter suas operações. Esse é o motivo pelo qual o pedido de recuperação judicial foi apresentado em conjunto por essas empresas.

Após suspender viagens, 123Milhas pede recuperação judicial (Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)
Após suspender viagens, 123Milhas pede recuperação judicial (Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)

A 123 Milhas enfatiza a importância desse processo para a continuidade de suas atividades e para o cumprimento de seu papel na sociedade.

Além disso, a petição ressalta que o braço de compra e venda de milhas do grupo, operado pela Art Viagens, também enfrenta dificuldades financeiras devido a ajustes nos programas de fidelidade das companhias aéreas e ao aumento dos custos em pontos para emissão de passagens.

As mudanças nos sistemas de segurança das companhias aéreas também têm impactado negativamente o desempenho das atividades da 123 Milhas, afetando suas vendas e geração de capital.

A Art Viagens, segundo a petição, tem a maioria de suas operações vinculadas à 123 Milhas.

*Com informações do G1, UOL e CNN.