Fósseis de trilobitas preservados de forma excepcional foram descobertos no Marrocos, graças a uma erupção vulcânica ocorrida há cerca de meio bilhão de anos. Esses fósseis oferecem detalhes anatômicos raros e revelam informações valiosas sobre a vida marinha do Período Cambriano.
Uma descoberta recente no Marrocos revelou fósseis de trilobitas em um estado de preservação impressionante. Isso foi possível devido a uma erupção vulcânica que ocorreu há cerca de meio bilhão de anos, durante o Período Cambriano. As trilobitas, soterradas instantaneamente por cinzas piroclásticas em um ambiente marinho raso, mantiveram detalhes anatômicos que normalmente seriam destruídos ao longo do tempo.
A preservação desses fósseis é comparável ao evento de Pompeia, na Itália, onde pessoas foram preservadas sob cinzas provocadas por uma erupção do Monte Vesúvio em 79 d.C. Da mesma forma, a erupção do Cambriano no Marrocos soterrou muitas formas de vida, preservando detalhes anatômicos raros e valiosos.
As trilobitas encontradas no Marrocos estão articuladas e não distorcidas, revelando detalhes dos apêndices e do sistema digestivo. Essa preservação permite um raro vislumbre tridimensional dessas criaturas antigas. A análise, liderada pelo sedimentologista Abderrazzak El Albani, da Universidade de Poitiers, na França, destacou a importância dos depósitos de cinzas vulcânicas em ambientes marinhos para a preservação excepcional de fósseis.
Os depósitos de cinzas vulcânicas são cruciais para a preservação de fósseis com anatomia interna intacta, um fenômeno raro devido à degradação dos tecidos moles ao longo do tempo. No Marrocos, a Formação Tatelt, rica em camadas de cinzas vulcânicas e detritos, abrigava os fósseis de duas espécies de trilobita.
Usando imagens microtomográficas de raios-X, os pesquisadores reconstruíram a anatomia dos trilobitas em três dimensões, revelando exoesqueletos articulados, sistemas digestivos e antenas em detalhes impressionantes. Além dos trilobitas, pequenos braquiópodes que viviam em simbiose com eles foram preservados em suas posições de vida, sugerindo que morreram juntos, possivelmente enterrados vivos.
A análise revelou pela primeira vez o hipostoma, uma estrutura de tecido mole, como separada da estrutura chamada labrum, resolvendo um debate antigo sobre a anatomia da boca dos trilobitas. Esta descoberta enriquece o conhecimento sobre um dos grupos animais mais abundantes da história da Terra.
A preservação dos trilobitas no Marrocos destaca o potencial dos depósitos de cinzas vulcânicas em ambientes marinhos para futuras descobertas paleontológicas. O estudo conduzido por El Albani e sua equipe proporciona insights valiosos sobre a vida marinha no Período Cambriano, contribuindo significativamente para o entendimento da história da Terra.
Fonte: OlharDigital.