Qual é o principal objetivo da Revolução Francesa? Causas, consequência e resumo

A Revolução Francesa, ocorrida entre 1789 e 1799, foi um período de mudanças profundas na França e no mundo. A queda da monarquia, a proclamação da República e a ascensão de Napoleão Bonaparte foram eventos cruciais que moldaram a história moderna.
Publicado em Educação dia 30/06/2024 por Alan Corrêa

Em 21 de janeiro de 1793, às dez horas da manhã, uma carruagem escoltada pela cavalaria francesa transportava Luís XVI pelas ruas de Paris até o local da guilhotina. Este momento marcante na história francesa foi resultado de anos de tumulto e transformação. A chegada ao local de execução foi solene, com o prisioneiro sendo retirado do veículo com as mãos amarradas por um lenço, os cabelos cortados e o colarinho de sua camisa retirado pelo carrasco.

Luís XVI tentou se dirigir à multidão para declarar sua inocência. No entanto, suas palavras foram abafadas pelo som dos tambores que começaram a rufar, impedindo que qualquer pessoa presente ouvisse suas últimas palavras. Este momento simbolizou a ruptura final com o antigo regime.

A guilhotina caiu e a cabeça do rei foi separada do corpo. O carrasco ergueu a cabeça de Luís XVI, exibindo-a para a multidão que assistia com entusiasmo. A execução do rei, que havia sido um dos monarcas mais poderosos da Europa, provocou uma onda de comemorações entre os franceses presentes. Este evento foi um marco significativo na Revolução Francesa, sinalizando o fim da monarquia absoluta na França.

Contexto Histórico da Revolução Francesa

A Revolução Francesa foi um período de profundas transformações políticas, sociais e econômicas na França, ocorrendo de 1789 a 1799. A sociedade francesa da época era rigidamente dividida em três estados: o clero, a nobreza e o Terceiro Estado, composto pela burguesia e os camponeses. A desigualdade econômica e os privilégios concedidos ao clero e à nobreza geraram grande insatisfação entre a população.

As ideias do Iluminismo, que pregavam o uso da razão, a liberdade política e os direitos individuais, influenciaram significativamente a burguesia e alguns setores do Terceiro Estado. A crise econômica, agravada pela Guerra dos Sete Anos e pelo apoio francês à Revolução Americana, deixou a França em uma situação financeira precária, aumentando ainda mais a pressão sobre a população.

Em 1789, a convocação dos Estados Gerais, uma assembleia representativa dos três estados, não conseguiu resolver a crise, levando à formação da Assembleia Nacional Constituinte pelo Terceiro Estado. Este grupo se comprometeu a elaborar uma nova Constituição para a França, marcando o início oficial da Revolução Francesa.

A Queda da Bastilha e a Reação Popular

Um dos eventos mais simbólicos da Revolução Francesa foi a Queda da Bastilha em 14 de julho de 1789. A Bastilha, uma fortaleza medieval usada como prisão, era um símbolo do poder absoluto da monarquia. A sua tomada pelos revolucionários foi vista como um ato de desafio contra a opressão do regime monárquico.

A tomada da Bastilha ocorreu em meio a um clima de grande tensão e fome na capital francesa. O povo de Paris, temendo um ataque dos exércitos leais ao rei, decidiu se armar invadindo a fortaleza em busca de pólvora e munição. Após horas de combate, os revolucionários conseguiram tomar a Bastilha, libertando os poucos prisioneiros que lá estavam e tomando controle das armas.

Este evento teve repercussões imediatas em toda a França, desencadeando uma série de revoltas populares conhecidas como o “Grande Medo”. Camponeses em várias regiões do país atacaram propriedades de nobres, destruindo documentos e símbolos do poder feudal, forçando muitos nobres a fugir para o exterior.

A Assembleia Nacional Constituinte e as Reformas

Com a formação da Assembleia Nacional Constituinte, os revolucionários começaram a implementar uma série de reformas significativas. Uma das primeiras ações foi a abolição dos privilégios feudais em agosto de 1789, o que incluiu a eliminação de impostos e direitos especiais que beneficiavam o clero e a nobreza. Este movimento visava criar uma sociedade mais igualitária.

Outro marco importante foi a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, aprovada em 26 de agosto de 1789. Este documento estabelecia princípios fundamentais como a liberdade de expressão, a igualdade perante a lei e o direito à propriedade. Embora revolucionária, a declaração também tinha suas limitações, não incluindo mulheres e mantendo a escravidão nas colônias francesas.

A Assembleia também enfrentou a tarefa de confiscar e redistribuir as terras da Igreja, enfraquecendo ainda mais o poder do clero. Essas reformas visavam não apenas solucionar a crise econômica, mas também transformar a estrutura social e política da França, alinhando-a com os ideais iluministas.

A Queda da Monarquia e a Proclamação da República

Em junho de 1791, Luís XVI e sua família tentaram fugir da França, buscando apoio dos monarcas europeus para reverter a Revolução. A tentativa de fuga, no entanto, foi frustrada em Varennes, e a família real foi trazida de volta a Paris sob vigilância. Este episódio minou ainda mais a confiança do povo no rei, que passou a ser visto como um traidor.

A fuga fracassada acelerou o movimento republicano. Em 1792, após novas tensões e a invasão do Palácio das Tulherias, a Assembleia Legislativa aboliu a monarquia e proclamou a Primeira República Francesa. Luís XVI foi preso e, posteriormente, julgado e condenado à morte por traição.

A execução de Luís XVI em janeiro de 1793 marcou a transição definitiva da França para um regime republicano. A República Francesa enfrentaria ainda muitos desafios, incluindo guerras contra coalizões de monarquias europeias e conflitos internos, mas a queda da monarquia foi um ponto sem retorno na história do país.

A Radicalização da Revolução e o Período do Terror

Com a instauração da República, as tensões internas se intensificaram. A guerra contra as monarquias europeias, lideradas pela Áustria e a Prússia, exigia mobilização e recursos, aumentando a pressão sobre o governo revolucionário. Internamente, a disputa entre diferentes facções políticas, como os girondinos e os jacobinos, levou a uma crescente radicalização.

Em 1793, os jacobinos, liderados por figuras como Maximilien Robespierre, assumiram o controle do governo e instauraram o Comitê de Salvação Pública, com poderes amplos para lidar com as ameaças à Revolução. Este período ficou conhecido como o Período do Terror, caracterizado por execuções em massa de supostos inimigos da revolução.

O Tribunal Revolucionário foi responsável por julgar e condenar milhares de pessoas, incluindo antigos aliados revolucionários e a própria rainha Maria Antonieta. A política de terror visava consolidar a revolução, mas também gerou um clima de medo e repressão, afetando a vida cotidiana dos franceses.

A Ascensão de Napoleão Bonaparte

Em meio à instabilidade interna e às guerras externas, uma figura emergiu como um dos principais líderes militares da França: Napoleão Bonaparte. Suas vitórias em campanhas militares, especialmente na Itália, o tornaram um herói nacional e um símbolo de esperança para a República.

Napoleão foi chamado várias vezes para defender o governo revolucionário contra ameaças internas e externas. Sua habilidade estratégica e seu carisma o tornaram uma figura central no cenário político francês. Em 1799, ele liderou um golpe de Estado que derrubou o Diretório, estabelecendo o Consulado, com ele próprio como Primeiro Cônsul.

Este golpe efetivamente encerrou a Revolução Francesa, substituindo o regime republicano por um governo mais centralizado e autoritário. Napoleão continuaria a expandir seu poder, eventualmente se proclamando Imperador da França em 1804, transformando o país em um império e marcando o início de uma nova era na história europeia.

Legado da Revolução Francesa

A Revolução Francesa teve um impacto profundo e duradouro, não apenas na França, mas em todo o mundo. Ela inspirou movimentos revolucionários em outras partes da Europa e nas Américas, promovendo os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade. A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão se tornou um marco na defesa dos direitos humanos.

Apesar das contradições e da violência associadas ao período revolucionário, a Revolução Francesa trouxe mudanças significativas. Ela aboliu a monarquia absoluta, desmantelou os privilégios feudais e criou um precedente para a democracia moderna. As instituições criadas durante a revolução, como o Código Civil Napoleônico, continuam a influenciar sistemas legais em todo o mundo.

A Revolução Francesa também teve um papel crucial na disseminação do nacionalismo, redefinindo a relação entre o estado e os cidadãos. Embora a revolução tenha terminado com a ascensão de Napoleão, suas ideias e conquistas moldaram o curso da história moderna, estabelecendo os alicerces para as democracias contemporâneas.

Fonte: Wikipedia.