O uso deste tipo de serviços só tem aumentado e está virando febre, por isso acaba levantando muitos questionamentos sobre a consistência do negócio e se os bancos digitais são realmente seguros, segundo especialistas do setor.
Foi estimado um número próximo a 11 milhões de novas contas abertas no início de 2019, mas os números são surpreendentes, uma matéria da revista Valor afirma que o número deve estar na casa dos 15 milhões, ou seja, é um crescimento realmente impressionante para o mercado. Os impressionantes números trazem em sua totalidade, segundo a revista, 56 empresas que prestam serviços financeiros que podem ser chamados de “nativas digitais” ou “bancos digitais”, oferecem desde serviços de bancos completos com investimentos; contas e serviços; cartões e pagamentos chegando a empresas de crédito.
Para termos uma ideia real do que esta acontecendo com este mercado, vamos aos números do economista Roberto Luís Troster, ex-chefe da equipe econômica Febraban (Federação Brasileira de Bancos), no período de 2014 a 2018:
Temos cinco bancos grandes no Brasil, que são Caixa, Banco do Brasil, Bradesco, Santander e Itaú que juntos somavam 72,3% dos clientes. Juntos novamente caíram para um total de 64,5% nestes cinco anos. Falando agora em uso de serviços, também houve uma queda considerável de operações, caindo de 77,3% para 69,9%.
Ainda afirma o economista que haviam duas políticas para aumentar a concentração bancária, porém elas foram completamente. Então beneficiar grandes bancos no começo da década passada e o de favorecer os bancos estatais a partir de 2016 deixou de ser prioridade. Ademais, a tecnologia chegou fortemente para todos, modificando praticamente todos os modelos de trabalho e de negócio pelo mundo.
Como o modelo deste tipo de negócio é aliado a um tipo de tecnologia bastante avançada e com uma base de custos relativamente pequena, eles conseguem oferecer seus serviços isentando seus clientes das tarifas já conhecidas pelos compatriotas, cobradas pelos bancos tradicionais que atendem no brasil. Este tipo de estrutura inovadora (dos bancos digitais) ausentam cobranças por serviços como anuidade do cartão de crédito, manutenção da conta ou para transferências entre contas.
O que muito facilita para que bancos digitais sejam mais baratos que bancos comuns é porque tornou-se dispensável abrir agências físicas e, como uma bola de neve no sentido positivo da coisa, conforme maior o número de clientes, mais o negócio torna-se lucrativo e estável. Ou seja, com investimentos de grande monta junto à zero tarifas, boa parte dos bancos digitais segue em operação em busca do lucro, afinal ainda se veem obrigadas a funcionar no vermelho. Enquanto outros com maior resultados, trazem números bem inferiores aos tradicionalmente vistos, para esclarecer, podemos citar que o banco Inter, divulgou seu lucro líquido na casa dos R$ 70 milhões dentro do exercício de 2018 e o Agibank, trouxe números mais expressivos, na casa dos R$ 150 milhões.
“Devemos considerar que durante o processo de crescimento, num primeiro momento o resultado não vem ruim”, afirma Jeferson Honorato, diretor do Next – plataforma digital do Bradesco.
Negócio difundido há menos de dois anos e que perpassa ferozmente. Eles afirmam que seu plano de negócios tinha uma previsão de números por volta dos 600 mil clientes somando os que estavam ativos aos que seguiam inativos, porém, o mercado reagiu positivamente a ponto de alcançarem mais de 1 milhão ativos. Somente no mês de dezembro de 2018, somaram-se 400 mil operações ao dia, que saltaram para 1,3 milhão em junho de 2019.
Somente a própria conta bancária digital normalmente não consegue ser sustentável, isto é, dificilmente ela é capaz de somar qualquer retorno, estes bancos rapidamente adicionam produtos e serviços ao seu portfólio, podendo até não estarem ligados ao leque financeiro, garantindo sue lucro, rentabilidade e sustentabilidade. Ainda mais, eles seguem aumentando as carteiras de crédito e as de investimentos.
Um dos bancos digitais já fala em lançar no segundo semestre de 2019 seu super aplicativo revolucionário que agrega serviços como transporte, turismo e até alimentação. Atualmente, algo em torno de 70% de todo o dinheiro que o banco recebe vêm através do crédito, porém as contas podem mudar seguindo a projeção e chegar somente a 50% no médio prazo, somados a outros serviços como tarifas e outros. O Next, por exemplo, tem 400 parceiros oferecendo produtos e serviços com desconto pelo aplicativo ou “cashback” em aplicações, chegando a resultar em até R$ 400/mês para o correntista.
Como a conta em si dificilmente traz retorno aos bancos digitais, eles garantem um leque de produtos e serviços para garantir seu dinheiro. O próprio Banco Central, regulador, colaborou com o crescimento de bancos digitais criando, cinco anos a trás uma figura da conta de pagamento (um modelo simplificado de conta corrente que dispensa qualquer tipo de atendimento de agência física, mas também não realiza qualquer empréstimo, porém oferece ou pode ceder cartões e fazer transferências). É importante que o correntista saiba que os recursos deste tipo de conta não são garantidos pelo FGC (Fundo Garantidor de Créditos), eles ficam depositados no BC ou em títulos do Tesouro.
Esse novo tipo de contas podem ser oferecidas por instituições financeiras ou de pagamento, ou ainda, cooperativas. Passou a ser lançada por varejistas, “fintechs” e até empresas de tecnologia apenas usam o termo “banco digital”, mas não têm licença bancária. Logo, fazem parcerias com seguradoras, verdadeiros bancos, ou empresas variadas consolidadas ampliando então sua fatia e consolidação no mercado.
O BaCen (Banco Central) recentemente divulgou sua campanha de esclarecimento na rede, para quem ainda tem dúvida sobre o que são as famosas contas de pagamento por conta do sucesso alcançado pela ferramenta também pelo sucesso das contas digitais. O Banco Central afirma que há uma semelhança tênue entre os serviços e isso pode confundia a população num modo geral fazendo com que tenham dificuldade em distingui-las.
O hoje famoso, Nubank, pode ser tomado como um clássico exemplo de que mesmo composto pelo banco no nome, é uma distribuidora de créditos aliada a uma instituição financeira. No seu modelo de negócios, o que se destaca não é o aglomerado de serviços ou produtos, o objetivo da marca é crescer o uso do cartão de crédito para assim consolidá-lo. O foco deles está no investimento para garantir a boa experiência do cliente, segundo seu diretor de políticas públicas da empresa, Bruno Magrani. QUe ainda afirmou sobre o crescente desenvolvimento do “open banking”. Um tipo de banco de dados do cliente que fornecerá informações compartilhadas, trazendo ofertas de produtos e serviços com maior padronização aos nossos compatriotas. Ou seja, a marca acredita que a diferença acontecerá de maneira sólida e positiva para quem tiver o melhor atendimento, tanto acredita nisso que soma 9 milhões de clientes, entre cartões e conta de pagamento.
São as empresas que cadastram os varejistas usuários de “maquininhas” de cartões. Para este tipo de necessidade, serviços como aos de um banco digital facilitaria o aumento de produtos e serviços em busca de uma fidelização desses clientes, fora a soma de novas receitas. Perceberam que são mais de 11 milhões de pequenas empresas e 9 milhões de microempreendedores individuais Brasil afora.
Elas seguem o mesmo princípio de conservar todo cliente, ainda que sua atenção esteja voltada às pessoas físicas. Como amostra, é possível citar o Facebook, anunciou recentemente a criação da carteira digital Calibra. Entre eles, o dinheiro não é mais importante que cuidar da relação com o cliente. Afinal, quanto mais ele sabe do cliente, mais pode fazer ofertas e trabalhar o ‘advertising’.
Estudos apontam que o retrato do brasileiro, enquanto consumidor, é bastante atraente para o cenário crescente dos bancos digitais. São 53% dos consumidores nacionais que seguem realizados por completo com seus bancos, considerando que 63% seja a média mundial. Tem mais, ainda pela Deloitte, são 51% dos brasileiros apontados como clientes que usam somente canais digitais, indo na contra-mão mundial que está numa média de 28% por todo o globo.
Um detalhe muito peculiar é que há bancos digitais de olho nas classes mais baixas. O BanQI, criado pela Via Varejo, em parceria com a startup americana Airfox, é um exemplo. Ele quer atender as classes C, D e E.
Mas tem mais gente interessada na capacidade desse público. O Original, que é controlado pela holding J&F, da família Batista, iniciando suas atividades neste decênio oferecendo contas digitais apenas para seletos clientes com rendas mais altas. O que fez o banco entrar no vermelho e abrir oportunidade para todos projetando subir de 40 às 100 mil novas contas por mês saindo do sufoco. O Agibank, nacional e inusitado, conta com a guarida de 600 agências conseguindo atender em cidades com mais de 100 mil habitantes.
Na verdade, já tiveram, mas como é um modelo que não traz muitos resultados e as vezes gastos, acabaram por ser encerrados ou remoldados. O Banco do Brasil e a Caixa com a Conta Fácil, ainda oferecem o serviço, porém há limitações que poderão estar na movimentação do dinheiro a R$ 5 mil ou R$ 3 mil por mês, saques e transferências para outros bancos podem ser pagos, o que pode não compensar no fim das contas se colocar tudo na ponta do lápis.
O Banco do Brasil chegou a ter a BB Conta Eletrônica, era um tipo de conta isenta de tarifas quando tratava-se de transações por meios digitais. Atualmente o serviço se transformou um pouco tornando-se a Conta Fácil, mais limitada. Já o banco Itaú contava com a iConta, completamente gratuita, com transferências a qualquer banco e infinitos saques, ausente de cobranças, mas não disponibilizava assistência na agência, logo este modelo chegou ao fim. E, como não poderia faltar, o Bradesco tinha a DigiConta, como as anteriores – tudo ilimitado, sem taxas ou cobranças pela movimentação através dos meios digitais, que tornou-se hoje o Next.
A NuConta é uma conta de pagamento que faz o seu saldo render como se fosse a taxa da Selic, o seu dinheiro depositado fica separado do patrimônio do Nubank e só pode ser usado para aplicações em Títulos Públicos Federais. É possível transferir o dinheiro para outras contas sem taxas e pagar boletos de cobrança, exceto IPVA ou IPTU. É possível pagar a fatura do cartão de crédito Nubank e o aplicativo identifica quase instantaneamente a transação. Não se consegue sacar dinheiro (só pelo crédito, mas há IOF), não há cartão de débito e não tem como agendar transferências também. Não dá para ser uma conta principal, porém é uma excelente segunda opção, até para reservas de emergência. Também não é necessário ter um cartão Nubank para usar uma NuConta, o app está disponível para Android ou iOS.
Já conhecido, antes chamado de Intermedium, ele existe desde 1994, e aderiu às mudanças do mercado ficando moderno e capaz de atender procura de bancos com contas digitais. Trata-se de um serviço sem tarifas, fora um cartão de débito com a bandeira MasterCard para compras ou saques pelas redes 24 horas. Para transferir valores, sem pagar taxas pode emitir um boleto digitando a quantia de sua preferência no app, definindo o vencimento e pagando como quiser. Ele possui produtos de investimentos, como CDB, LCI e LCA, fora o cartão de crédito sem anuidade (disponibilizado mediante a análise). Outro serviço que ele disponibiliza é empréstimos, recarga de celular, além de aceitar depósito por cheque (digitalizado).
Para os que tem PJ, também há facilidades e a opção para MEI que contam com até 100 TEDs e 100 boletos gratuitos ao mês, além de ter isenção de taxas. Seu aplicativo está disponível para sistemas Android ou iOS.
É uma conta corrente digital acompanhada por cartão de crédito e débito. Oferece produtos como seguros, consórcios, empréstimos e investimentos. É uma conta isenta de tarifa de manutenção, porém transferências, depósito por boleto, saques, e o cartão de crédito são isentos durante um período apenas. Para saque em redes 24h: 2 saques/mês (após R$ 6,49 cada); transferências: 4 TEDs/mês (após R$ 1,90 cada); boletos liquidados: 4 boletos/mês (após R$ 2,99 cada); cartão de crédito: isento no primeiro ano (após R$ 12,99/mês). Gastando 50% do limite no mês, tiver fatura maior ou igual a R$ 500 e investir no mínimo R$ 5.000 com o Agibank, da para seguir isento. A modalidade de contas empresarias aparentemente foi desativada não sendo localizada ao menos nas páginas de ajuda. O app do banco pode ser encontrado para sistemas Android e iOS.
Com conta digital sem tarifas de manutenção ou abertura, suas transferências para outras contas Neon contam com a isenção de taxa fora serem ilimitadas, mas há isenção da taxa para a primeira transferência (que passa para R$ 3,50 cada), depósito via boleto (que passa para R$ 2,90 cada) e saque na rede 24 horas (que passa para R$ 6,90 cada). Mas é possível obter isenção nas próximas transferências e depósitos por boleto com a modalidade Neon+ ativada, somente válida após o correntista conceber 10 compras na conta, porém vale apenas por 30 dias, sendo necessário renovar mensalmente, ou seja, dentro do período de 30 dias.
O banco oferece um cartão de crédito sem anuidade e conta para PJ e MEI, fora funções de investimento. Há uma opção chamada Objetivos, com a finalidade de apoiar o cliente a juntar dinheiro, com opções de fazer parcelas que ele mesmo programa ou via depósitos esporádicos. Também tem a opção de investimento CDB que rende de 95% a 101% do CDI. Seu app está disponível para Android e iOS.
Mais um banco sem taxas para transferências ou manutenção, mas é direcionado ao perfil de investidor, traz um registro de investimentos mais completo composto por opções como Tesouro Direto, Renda Fixa, Ações, Fundos de Investimento, COE, mini-contratos BM&F, ofertas públicas IPO/OPA e Debêntures Incentivadas. Definitivamente não é um banco online para todos tipos de pessoas, porém aos que optam por investir provavelmente seja uma grande opção, afinal ele traz gratuitamente a plataforma de negociação Meta Trader 5. Seu aplicativo está disponível para smartphones com sistemas Android e iOS.
Sustentado pelo Bradesco, tem por objetivo deslumbrar os jovem e interessados em contas digitais oferecendo uma conta corrente gratuita. No básico o correntista tem saques ilimitados, cartão de crédito Visa Internacional sem anuidade (por enquanto), acesso a 1 TED/DOC por mês e assistência viagem e recursos bem interessantes como o Flow, Vaquinha, Objetivo e Mimos. o que significa garantir benefícios como desconto de R$ 20 no Uber, 5% no Airbnb, 50% no Cinemark e em diversos outros serviços. Para baixar o aplicativo basta ter um celular Android ou iOS.
Superdigital é outro banco digital, financiado pelo conhecido Santander,. Seu plano tem um custo de R$ 9,90, porém se o cliente não tiver o valor na conta, não será debitado evitando que o usuário fique negativo. Mas pode ser sim um serviço não tarifado, se o cliente use ao menos uma quantia igual ou maior que R$ 500 no cartão pré-pago, pagando a obrigação automaticamente pela conta com o valor exato usado. Inseridos no plano são um saque por mês, uma transferência por mês e dois depósitos por boleto. Cada operação que passar desta quantidade será cobrada. O aplicativo deste banco está disponível para Android e iOS.
Ele é a parte digital do Banco Sofisa S.A. especialista em créditos empresariais para pequenos e médios portes, e passou a fazer empréstimos aos seus usuários de contas digitais. Estamos falando de uma conta digital totalmente gratuita, ou seja, Sem cobrança de saques, transferências (DOC ou TED) e sem qualquer taxa de manutenção. O banco oferece um cartão de crédito com a bandeira MasterCard que funciona debitando diretamente da sua conta o valor das compras. Ele tem a opção de depósito por boleto, mas para saque é limitado a um por semana desde que não ultrapasse quatro operações durante todo o mês corrente. O banco também disponibiliza pagamento e agendamento de boletos, além de ter uma seção de investimentos que é até atrativa, com CDBs que rendem 100% do CDI e têm liquidez diária. O app do banco está disponível para download compatíveis com sistemas Android e iOS.
Pertencente ao Grupo Avista, chegou ao mercado disponibilizando cartões de crédito com a bandeira Mastercard, mais um serviço sem custo de taxas ou anuidade, esta conta digital segue até o momento sem qualquer cobrança, mas vem como desconto suas tarifas. Como seus concorrentes, pode-se fazer o uso de transferências para outras contas em qualquer banco, também está disponível o saques pelas máquinas das redes 24 horas, ainda sem qualquer custo. Podemos considerar que é uma das contas mais simples do mercado e como tudo, ainda, é gratuito eles permitem que o cliente pague o valor que consideram ser justo pelos serviços, que mesmo assim, podem não serem pagos. O aplicativo do banco Pag! está disponível para celulares com sistemas Android ou iOS.