Warren Buffett se aposenta aos 94 anos e reafirma doação de 99% de sua fortuna à filantropia

No lugar da culpa, Warren Buffett escolheu a gratidão. Ao deixar o mercado financeiro, o megainvestidor reafirma seu plano de doar mais de 99% da fortuna. Em carta de 2006, ele já havia se comprometido a destinar o patrimônio à filantropia, destacando que sua família continuará confortável. Buffett reconhece os privilégios de origem, como ter nascido branco e homem nos EUA em 1930, e admite que pouco doou do próprio tempo, mas segue com um plano claro para a redistribuição de sua riqueza.
Publicado por Alan Correa em Economia e Mundo dia 4/05/2025

Warren Buffett encerra sua trajetória como um dos maiores investidores do mundo aos 94 anos, mas sua última grande movimentação não envolve ações nem fusões. A aposentadoria do líder da Berkshire Hathaway vem acompanhada da reafirmação de um compromisso feito há quase duas décadas: doar mais de 99% de sua fortuna, atualmente superior a US$ 160 bilhões, para iniciativas filantrópicas. O plano não é novo, mas ganha nova relevância com sua saída definitiva da liderança empresarial.

Pontos Principais:

  • Warren Buffett anuncia aposentadoria aos 94 anos e confirma doação de 99% da fortuna.
  • Compromisso foi assumido em 2006 por meio de uma carta pública chamada “Meu Compromisso Filantrópico”.
  • Buffett afirma que a decisão não impactará o estilo de vida dele nem da família.
  • Reconhece privilégios e aponta sorte como fator essencial em sua trajetória de sucesso.

Em 2006, Buffett redigiu a carta “Meu Compromisso Filantrópico”, onde estabeleceu com clareza o destino de suas ações da Berkshire. O texto, agora novamente divulgado pela CNN, detalha como ele continuará doando 4% de sua participação anualmente, até que tudo seja liquidado em, no máximo, dez anos após sua morte. Ele destaca que não haverá criação de fundos patrimoniais: o dinheiro deve ser investido diretamente nas necessidades urgentes da sociedade.

Buffett se despede do mercado financeiro aos 94 anos e reforça sua promessa feita há quase duas décadas: doar mais de 99% da fortuna estimada em US$ 160 bilhões à filantropia.
Buffett se despede do mercado financeiro aos 94 anos e reforça sua promessa feita há quase duas décadas: doar mais de 99% da fortuna estimada em US$ 160 bilhões à filantropia.

A escolha por compartilhar a fortuna com organizações beneficentes foi planejada com a mesma racionalidade que marcou seus investimentos. Segundo Buffett, sua decisão não provocará nenhum impacto real no padrão de vida da família. Seus filhos, afirma, já receberam e continuarão recebendo recursos suficientes para viver com conforto e produtividade. “Eles vivem vidas confortáveis”, afirma no documento.

O megainvestidor também faz uma autocrítica: apesar de doar recursos financeiros, admite que contribuiu pouco com seu tempo pessoal. Segundo ele, presentes como atenção, escuta e cuidado humano têm valor muito maior do que cifras. Ele cita a atuação da irmã Doris, que trabalha diretamente com pessoas carentes, e o envolvimento dos próprios filhos com causas sociais como exemplos de dedicação que ele próprio não conseguiu replicar.

Buffett reforça que sua fortuna é, em grande parte, fruto da sorte. Ter nascido homem, branco e nos Estados Unidos em 1930 — segundo ele, em um cenário 30 vezes mais provável que em outros locais do mundo — foi um diferencial decisivo. Acrescenta ainda que o sistema econômico no qual viveu premiou habilidades como a identificação de distorções de preço no mercado financeiro, muitas vezes em detrimento de professores, profissionais da saúde e heróis anônimos.

Embora tenha se tornado símbolo do capitalismo norte-americano, Buffett reconhece as distorções do sistema e acredita que pode retribuir parte dos benefícios que recebeu simplesmente por ter sido favorecido pelas estatísticas da vida. Ele não considera sua atitude como penitência, mas como forma de expressar gratidão. “Se usássemos mais de 1% da fortuna comigo e minha família, nada mudaria em nosso bem-estar”, afirmou.

Com a saída de cena de Buffett e a transição para Greg Abel na liderança da Berkshire, o gesto filantrópico torna-se um marco não só de sua herança financeira, mas também de um posicionamento público sobre responsabilidade social. Mesmo admitindo que o valor do tempo seja maior que o do dinheiro, o investidor optou por transformar capital em impacto direto. Seu legado agora depende do destino dado aos bilhões que, por escolha própria, não levará consigo.

Fonte: CNN.

Alan Correa
Alan Correa
Sou jornalista desde 2014 (MTB: 0075964/SP), com foco em reportagens para jornais, blogs e sites de notícias. Escrevo com apuração rigorosa, clareza e compromisso com a informação. Apaixonado por tecnologia e carros.