O mercado automotivo brasileiro atravessa um momento de reorganização. Em outubro, o Volkswagen Tera finalmente cumpriu o papel que a marca alemã lhe atribuiu desde o lançamento: tornar-se um carro de alto volume, capaz de disputar a preferência do público e reforçar a presença da Volks nas concessionárias. Com 10.162 unidades vendidas, o SUV subcompacto não apenas entrou no pódio dos carros mais vendidos, como também se tornou o veículo de passeio mais emplacado do país, atrás apenas da Fiat Strada — que segue soberana com um novo recorde mensal de 14.041 unidades.

A virada é significativa. O Tera, projetado para substituir o espaço simbólico deixado pelo Gol, demorou a engrenar. Nos primeiros meses de vendas, as expectativas superavam o resultado. A percepção começou a mudar quando a Volkswagen intensificou sua estratégia comercial, ampliou a disponibilidade nas concessionárias e ajustou preços e pacotes de versões. O resultado veio rápido: o modelo saltou de pouco mais de 7 mil unidades em setembro para romper a barreira de 10 mil em outubro, consolidando-se como o novo carro de passeio preferido do brasileiro urbano.
O avanço do Tera, porém, teve efeito colateral dentro da própria marca. O Polo, que vinha se destacando entre os hatches compactos e sustentava a vice-liderança no ranking nacional, caiu para a quinta colocação, com 9.150 unidades. Já o T-Cross, que até pouco tempo figurava entre os três SUVs mais vendidos, despencou para o oitavo lugar, com 7.113 emplacamentos. A Volks, no entanto, parece ter aceitado a troca: mais importante do que a performance individual de cada modelo é a soma do resultado da marca no total.
O Tera trouxe o que faltava à linha da Volkswagen — um produto com apelo popular e visual de SUV, exatamente no ponto em que o consumidor brasileiro tem mostrado maior interesse. A combinação de design robusto, posição de dirigir elevada e interior simples, porém funcional, caiu no gosto de quem busca status e praticidade na mesma medida.
A liderança da Fiat Strada segue firme. Com 14.041 unidades, a picape mantém-se como o veículo mais vendido do país e ampliou sua vantagem. A marca italiana encontrou uma fórmula difícil de replicar: unir robustez de utilitário a conforto urbano, com versões que atendem tanto o trabalho quanto o uso familiar. Mesmo sem grandes novidades em 2025, o modelo acumula recordes mensais e mostra que o segmento de compactos ainda tem fôlego, mesmo diante do avanço dos SUVs.
No restante do ranking, o Fiat Argo aparece em terceiro, com 9.981 unidades, seguido de perto pelo Hyundai HB20, com 9.687. O Creta, outro representante da Hyundai, subiu para o sexto lugar, somando 8.679 unidades, enquanto o Honda HR-V voltou ao top 10, reflexo da boa aceitação das novas versões Touring.
A ascensão do Tera confirma uma tendência observada há anos: os SUVs compactos deixaram de ser exceção e tornaram-se o centro do mercado de automóveis no Brasil. Segundo especialistas do setor, o formato SUV atrai por unir aparência robusta e sensação de segurança, mesmo que nem sempre ofereça mais espaço interno ou desempenho superior a um hatch tradicional. O consumidor valoriza a imagem de modernidade e o conforto percebido, o que explica por que modelos como Tera, Creta e HR-V estão em franca expansão.
Do ponto de vista técnico, a Volkswagen aplicou uma estratégia típica de produto de massa: manteve a plataforma já amortizada do Polo e Nivus, reduziu custos de produção e apostou em escala. Isso permitiu oferecer um SUV visualmente novo, mas com estrutura consolidada e mecânica conhecida — uma escolha pragmática que garantiu boa margem e viabilidade de preço.
Com o resultado de outubro, o mercado brasileiro mostra sinais de estabilização em torno de três polos principais: Fiat, Volkswagen e Hyundai. A Fiat ainda domina em volume, impulsionada por sua picape e pelo Argo; a Volkswagen ressurge com força graças ao Tera; e a Hyundai consolida seu espaço com HB20 e Creta. A Chevrolet e a Honda, embora presentes, enfrentam maior dificuldade em manter ritmo diante da nova dinâmica.
A história recente do Tera simboliza mais do que um sucesso de vendas: representa o reposicionamento de uma marca que busca reconquistar protagonismo. Se a Fiat ainda reina soberana com a Strada, a Volks volta a ter um produto de apelo popular capaz de rivalizar diretamente no coração do consumidor brasileiro. Outubro de 2025 marca, portanto, não apenas um recorde de vendas, mas o início de uma nova fase no equilíbrio do mercado automotivo nacional.
Fonte: Carro.Blog.Br, Estadao e Automaistv.
