O presidente Lula anunciou hoje que o Brasil e a Argentina estão implementando cerca de 100 ações conjuntas para impulsionar o desenvolvimento dos dois países. Durante uma coletiva de imprensa realizada no Palácio do Itamaraty, em Brasília, Lula destacou a intenção do governo brasileiro em estabelecer uma “linha de financiamento abrangente” para as exportações brasileiras para a Argentina.
Lula e o presidente argentino, Alberto Fernández, reuniram-se como parte das comemorações dos 200 anos de relações diplomáticas entre os dois países. A Argentina foi o primeiro país a reconhecer a independência do Brasil e estabelecer laços diplomáticos, em 25 de junho de 1823.
“Hoje adotamos um ambicioso plano de ação para o relançamento da aliança estratégica”, disse Lula ao lado do presidente da Argentina, Alberto Fernández, no Palácio do Itamaraty, em Brasília.
Ele ressaltou que a relação entre os dois países é baseada em intercâmbio de bens com alto valor agregado e integração produtiva, contribuindo para a geração de quase cem mil empregos.
Lula expressou sua satisfação com as perspectivas positivas de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a construção do Gasoduto Presidente Néstor Kirchner, enfatizando que não faz sentido o Brasil perder espaço no mercado argentino para outros países devido à falta de crédito. Ele ressaltou que as empresas e trabalhadores brasileiros, bem como os consumidores argentinos, se beneficiarão com a criação de uma linha de financiamento para as exportações brasileiras para a Argentina.
Durante seu discurso, Lula também abordou a possibilidade de adoção de uma moeda de referência específica para o comércio regional, visando reduzir custos operacionais e a dependência de moedas estrangeiras. Ele destacou a necessidade de avançar nessa direção para ampliar o intercâmbio comercial, por meio de soluções criativas que promovam maior integração financeira e facilitem as trocas.
“Reafirmamos hoje que a integração é uma política de Estado e que nossa parceria deve ser cultivada no mais alto nível. Nossa integração econômica significa interdependência”, disse Lula. “Construímos uma relação baseada na troca de bens de alto valor agregado e na integração produtiva de nossas economias. Nossos investimentos recíprocos são responsáveis por quase cem mil empregos”, destacou o presidente.
A Argentina é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil. Em 2022, as exportações brasileiras para a Argentina totalizaram US$ 15,3 bilhões, enquanto as importações de produtos argentinos alcançaram US$ 13 bilhões.
Além dos encontros oficiais, Lula condecorou Fernández com o Grande Colar da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, uma honraria concedida a personalidades estrangeiras que recebem reconhecimento do Brasil. A primeira-dama argentina, Fabíola Yañez, também foi condecorada com a Ordem de Rio Branco.
“Não faz sentido que o Brasil perca espaço no mercado argentino para outros países porque esses oferecem crédito e nós não. Todo mundo tem a ganhar, as empresas e os trabalhadores brasileiros e os consumidores argentinos”, acrescentou Lula, sobre a criação de uma linha de financiamento das exportações brasileiras para a Argentina.
Essa é a quinta vez que os dois líderes se encontram em 2023. Além da posse de Lula em janeiro, em Brasília, o presidente brasileiro fez uma visita oficial à Argentina, sua primeira viagem internacional no terceiro mandato. Na ocasião, em 23 de janeiro, foi assinada uma declaração conjunta com diversos compromissos.
A Argentina enfrenta atualmente uma grave crise econômica, com desvalorização de sua moeda, perda do poder de compra e altas taxas inflacionárias. Além disso, a seca histórica tem afetado as safras de grãos do país, aprofundando a crise e colocando em risco as metas acordadas com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para o pagamento de dívidas.
Lula tem se empenhado em buscar iniciativas de ajuda ao país vizinho, especialmente para evitar uma queda nas exportações brasileiras. No mês passado, durante sua viagem ao Japão, o presidente brasileiro discutiu a situação econômica da Argentina com a diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva, e buscou apoio junto ao grupo Brics, composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
*Com informações da Agência Brasil.