Donald Trump assinou um tratado com o governo ucraniano que permite aos Estados Unidos explorar terras raras e minerais estratégicos localizados em regiões fortemente afetadas pela guerra com a Rússia. O acordo, firmado após meses de negociação, é visto como parte da estratégia americana para diminuir a dependência de minerais importados da China, essenciais para a indústria de tecnologia, armamentos e energia.
Pontos Principais:
As terras raras compreendem elementos químicos como escândio, ítrio, cério e praseodímio, cuja extração é complexa e limitada a poucos países. Além desses, a Ucrânia concentra reservas importantes de lítio, titânio, ferro, urânio, manganês e zircônio, especialmente em áreas como Donetsk, Luhansk e Dnipropetrovsk. Essas regiões foram duramente atingidas pelo conflito iniciado em 2022 e, agora, atraem o interesse geopolítico dos Estados Unidos.

O tratado tem validade de dez anos e estabelece que os EUA terão acesso preferencial à exploração de 55 tipos de recursos, com possibilidade de expansão. A Ucrânia manterá a autoridade sobre quais materiais poderão ser extraídos. Segundo o texto, 50% dos lucros e royalties recebidos pelo governo ucraniano com essas permissões serão destinados a um fundo conjunto de reconstrução, gerido por Kiev e Washington.
Embora o acordo não ofereça garantias militares explícitas, ele gera uma presença econômica americana relevante em território ucraniano. Analistas veem nisso um fator dissuasório contra novas ofensivas russas, já que qualquer ataque pode ameaçar investimentos estratégicos dos EUA. A Casa Branca evita declarações diretas nesse sentido, mas considera que o envolvimento financeiro pode proteger, indiretamente, os interesses americanos.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e a ministra da Economia, Yulia Svyrydenko, destacaram que o acordo representa uma oportunidade para a reconstrução das regiões devastadas e uma sinalização de confiança mútua entre os países. Zelensky, que já enfrentou pressão direta de Trump por esse pacto, agora tenta equilibrar o avanço desse entendimento com as ambições de integrar a União Europeia.
Outro ponto central do acordo é a tentativa de reequilibrar o comércio global de minerais estratégicos. Atualmente, cerca de 80% dos minerais raros usados nos Estados Unidos vêm da China. A exploração de reservas ucranianas é vista como uma chance de diversificar fornecedores e reduzir a dependência chinesa, tanto para os americanos quanto para os europeus.
O tratado também exclui do cálculo qualquer ajuda militar prestada anteriormente pelos EUA. Apenas o apoio concedido após a assinatura do pacto será contabilizado na contrapartida ucraniana. O texto, porém, reforça a intenção do governo Trump de transformar parte do auxílio bilionário enviado ao país em investimento produtivo, voltado à segurança energética, tecnológica e industrial americana.
Fonte: Whitehouse, G1, Oglobo e Bbc.
