Trickle-down: entenda a economia de gotejamento

Em 1981 nos Estados Unidos, logo após a posse de Ronald Reagan, a economia do país se encontrava em declínio, e o principal motivo era a alta taxa de desemprego. Para resolver a situação, o presidente e seu conselho elaboraram uma série de políticas que extinguiriam a crise. Uma delas foi chamada de “economia de gotejamento”. Você já ouviu esse termo antes?
Publicado em Economia dia 31/05/2022 por Alan Corrêa

Em 1981 nos Estados Unidos, logo após a posse de Ronald Reagan, a economia do país se encontrava em declínio, e o principal motivo era a alta taxa de desemprego. Para resolver a situação, o presidente e seu conselho elaboraram uma série de políticas que extinguiriam a crise. Uma delas foi chamada de “economia de gotejamento”. Você já ouviu esse termo antes?

É provável que você não esteja muito familiarizado com o conceito desta política, considerando que esta foi pouco utilizada visto que não é sempre que pode ser aplicada. Vem conhecer um pouco mais sobre a economia de gotejamento:

Como essa política funciona?

A economia do gotejamento ou teoria do gotejamento é um conceito utilizado para caracterizar as políticas económicas que favorecem os ricos ou privilegiados. Portanto, não é uma definição dada por economistas, sendo de uso quase exclusivo dos críticos de políticas que existem sob outros nomes.
A economia do gotejamento ou teoria do gotejamento é um conceito utilizado para caracterizar as políticas económicas que favorecem os ricos ou privilegiados. Portanto, não é uma definição dada por economistas, sendo de uso quase exclusivo dos críticos de políticas que existem sob outros nomes.

Associado ao capitalismo, a teoria de gotejamento na economia consiste no favorecimento de pessoas ricas ou empresas grandes por meio de redução de taxas. A finalidade desta ideia é garantir lucro aos ricos, para que estes possam movimentar a economia a partir de seu trabalho e investimentos, gerando mais empregos.

O conceito é destinado aos ricos pois muitos estudos apontam que a propensão marginal a poupar (tendência para poupar consoante o rendimento disponível) é mais elevada entre esta parcela da população. Sendo assim, políticas que visam aumentar a poupança acabam destinando-se aos ricos.

A teoria leva este nome devido à metáfora dos copos de água: se empilharmos muitos copos furados e enchermos apenas o primeiro (o do topo) com água, todos os outros copos também serão beneficiados devido ao gotejamento de um para o outro. Economicamente, os ricos seriam o copo do topo, e quando beneficiados, acabam contribuindo economicamente para todo o resto do país.

Vale ressaltar que não é em todos os momentos e lugares que essa teoria pode ser aplicada, por exemplo, entre os anos 2012 e 2013, os legisladores do estado de Kansas nos Estados Unidos decidiram reduzir as taxas ao extremo, sendo algumas delas equivalentes à 0%. Como consequência, a economia da região entrou em crise e não conseguiu se recuperar, pois nesta situação, a população beneficiada decidiu não investir novamente na economia, paralisando o mercado.

A teoria de gotejamento durante a pandemia do Covid-19

É um conceito originário da política norte-americana, cuja cunhagem tem sido atribuída ao humorista Will Rogers, que terá dito, durante a Grande Depressão, que "o dinheiro foi todo apropriado pelo topo na esperança de que iria gotejar para os necessitados"
É um conceito originário da política norte-americana, cuja cunhagem tem sido atribuída ao humorista Will Rogers, que terá dito, durante a Grande Depressão, que “o dinheiro foi todo apropriado pelo topo na esperança de que iria gotejar para os necessitados”

De acordo com a fala do Papa Francisco, a epidemia do Coronavírus demonstrou que a teoria do gotejamento é falha quando colocada em prática, e esta política acaba reforçando a desigualdade em certas regiões, já que poucos acabam sendo beneficiados ao extremo, contando com luxos e extravagâncias, enquanto muitos vivem na miséria.

“Houve quem quisesse que acreditássemos que a liberdade de mercado era suficiente para manter tudo seguro depois da pandemia”, escreveu ele. Francisco denunciou “este dogma da fé neoliberal”, que recorre às “teorias mágicas de ‘transbordamento’ ou ‘gotejamento’ como a única solução para os problemas sociais”. Uma boa política econômica, disse ele, “permite que empregos sejam criados e não cortados”.

Ainda que muitos economistas conservadores defendam o gotejamento, não são todas as pessoas de classe alta que se preocupam com a movimentação da economia, e para que o esquema de gotejamento funcione, é necessário que toda essa classe esteja seguindo com o planejado. Foi exatamente isso o que aconteceu durante a época de forte contágio do vírus do Covid, o que acabou prejudicando a economia.

De onde surgiu o termo “gotejamento”?

O economista John Kenneth Galbraith observou que a "economia do gotejamento" já havia sido tentada nos Estados Unidos desde 1990 sob o nome de "teoria do cavalo e do pardal" (em inglês: horse and sparrow theory). O nome, então, se refere à ideia de que "se você der aveia o suficiente para alimentar o cavalo, um pouco irá cair para que os pardais na estrada o comam". Galbraith afirma que a teoria do cavalo e do pardal foi a responsável pelo Pânico de 1896, depressão econômica aguda que os Estados Unidos teriam sofrido aquele ano.
O economista John Kenneth Galbraith observou que a “economia do gotejamento” já havia sido tentada nos Estados Unidos desde 1990 sob o nome de “teoria do cavalo e do pardal” (em inglês: horse and sparrow theory). O nome, então, se refere à ideia de que “se você der aveia o suficiente para alimentar o cavalo, um pouco irá cair para que os pardais na estrada o comam”. Galbraith afirma que a teoria do cavalo e do pardal foi a responsável pelo Pânico de 1896, depressão econômica aguda que os Estados Unidos teriam sofrido aquele ano.

Originário da cultura Norte-Americana, o termo surgiu através de uma fala do humorista Will Rogers durante a Grande Depressão em 1929 (também chamada de “quebra da bolsa de valores de Nova York”): “o dinheiro foi todo apropriado pelo topo na esperança de que iria gotejar para os necessitados”.

*Com informações da Agência Brasil, TED e Wikipédia.