Margot Friedländer, aos 102 anos, tornou-se capa da edição de julho/agosto da revista Vogue Alemanha. Nascida em Berlim, Margot viveu os primeiros anos da Segunda Guerra Mundial escondida com sua mãe, Auguste, e seu irmão, Ralph. Em 1943, Ralph foi preso pela Gestapo, a polícia secreta nazista. A mãe, indignada com a detenção do filho, confrontou os agentes nazistas, o que levou ao seu envio ao campo de concentração de Auschwitz, onde ela e Ralph foram assassinados.
Em 1944, Margot foi capturada por “capturadores” e enviada ao campo de Theresienstadt, na então Tchecoslováquia. No campo, Margot sempre se lembrou da última mensagem de sua mãe: “Tente melhorar a sua vida”. Após a libertação, ela conheceu Adolf, com quem se casou. O casal migrou para Nova York, nos Estados Unidos, em 1946, onde viveram até a morte de Adolf em 2010. Após a morte do marido, Margot decidiu retornar a Berlim.
Margot Friedländer recebeu várias condecorações ao longo dos anos. Entre elas, estão a Cruz Federal do Mérito 1ª Classe, o Coração de Ouro, concedido pelo chanceler Olaf Scholz, e o German Dream Award 2023. Em depoimento à Vogue alemã, ela expressou gratidão por ter sobrevivido e realizado o desejo de sua mãe de melhorar a vida.
Margot coleciona essas honrarias como reconhecimento por sua resiliência e contribuições como ativista. Ela tem sido uma voz importante na preservação da memória do Holocausto e na luta contra o antissemitismo. Suas condecorações refletem o impacto de sua história e seu papel na educação sobre os horrores do passado.
Durante a entrevista à Vogue, Margot falou sobre questões políticas contemporâneas. Ela expressou preocupação com o crescimento do partido de extrema direita alemão AfD e os neonazistas. Margot afirmou que sabe “exatamente como tudo começou” na Segunda Guerra Mundial e está “horrorizada” por ver esses movimentos resurgirem.
Margot também comentou sobre a guerra entre Israel e o grupo palestino Hamas, destacando que “não há sangue cristão, muçulmano ou judeu, existe apenas sangue humano”. Ela enfatizou a importância da humanidade e da verdade na luta contra o antissemitismo. Mesmo decepcionada com o panorama mundial, Margot mantém a esperança de que “uma porta se abrirá” para um futuro melhor.
Margot Friedländer enfrentou inúmeros desafios ao longo de sua vida. A perda de sua família em Auschwitz e sua própria experiência em Theresienstadt são testemunhos de sua resiliência. Após a guerra, ela teve que reconstruir sua vida em um novo país, longe de sua terra natal e das memórias dolorosas.
Mesmo assim, Margot nunca perdeu a esperança. Ela acredita na importância de lembrar e aprender com o passado para evitar que os mesmos erros se repitam. Sua história é um lembrete poderoso da capacidade humana de superar adversidades e da importância de lutar por um mundo melhor.
Margot Friedländer deixa um legado significativo como sobrevivente do Holocausto e defensora da memória histórica. Sua presença na capa da Vogue Alemanha é um marco que destaca a importância de lembrar e honrar aqueles que sofreram durante a Segunda Guerra Mundial. Margot continua a inspirar gerações com sua história de sobrevivência, coragem e esperança.
Seus relatos e testemunhos são valiosos para a educação sobre o Holocausto e a luta contra o antissemitismo. Margot Friedländer é um exemplo de como a humanidade pode prevalecer mesmo nas circunstâncias mais difíceis. Seu legado continuará a impactar e inspirar futuras gerações a lutar pela justiça e pela verdade.
*Veja.