A Operação Carbono Oculto, deflagrada nesta quinta-feira (28), representou a maior ofensiva já realizada pelas autoridades brasileiras contra a infiltração do crime organizado na economia formal. Entre os 350 alvos da força-tarefa, aparece a Reag Investimentos, uma das principais gestoras independentes do país e listada na B3.
A mobilização reuniu cerca de 1.400 agentes da Polícia Federal e da Receita Federal em oito estados. O objetivo foi desarticular a presença do Primeiro Comando da Capital (PCC) em setores estratégicos da economia, como combustíveis e fundos de investimento. Segundo informações da investigação, aproximadamente 40 fundos estão sob suspeita de terem sido usados pela facção criminosa.

Os agentes chegaram nas primeiras horas da manhã à sede da Reag, localizada na Alameda Gabriel Monteiro da Silva, na zona oeste de São Paulo. Também cumpriram mandados em diferentes endereços da Avenida Faria Lima, epicentro do mercado financeiro brasileiro. Até o momento, a empresa não se pronunciou publicamente sobre o caso.
Fundada em 2012 por João Carlos Mansur, a Reag cresceu de forma acelerada nos últimos anos, adquirindo companhias e ampliando sua atuação para diferentes segmentos do mercado. Além da expansão, a gestora ganhou visibilidade ao assumir o patrocínio do tradicional cinema Belas Artes, um dos símbolos culturais de São Paulo.
Em janeiro de 2025, a empresa fez sua estreia na Bolsa por meio de uma operação conhecida como IPO reverso, após adquirir a GetNinjas e transformá-la em sua plataforma de investimentos. Desde então, a companhia passou a integrar o Novo Mercado, segmento que exige padrões de governança corporativa mais rigorosos. A Comissão de Valores Mobiliários, no entanto, abriu procedimento para apurar demora em comunicar a intenção de assumir o controle da GetNinjas.
Os resultados financeiros recentes mostraram recuperação após prejuízos. Do primeiro trimestre de 2023 para o mesmo período de 2024, a companhia passou de perdas de R$ 2,1 milhões para lucro líquido de R$ 2,9 milhões. O balanço completo de 2024, porém, ainda não foi divulgado.
A Reag consolidou sua presença no mercado ao reunir sob sua marca diferentes empresas especializadas, como Rapier, Quadrante, Quasar, Hieron e Berkana, além da Empírica Investimentos, gestora de crédito estruturado com R$ 25 bilhões sob administração. Outra frente relevante é a Ciabrasf, braço fiduciário da Reag que administra fundos de investimentos em participações, fundos imobiliários e Fidcs.
A Operação Carbono Oculto também investiga negócios envolvendo portos, refinarias, distribuidoras de combustíveis, fintechs e corretoras. De acordo com a força-tarefa, a estrutura teria movimentado cerca de R$ 23 bilhões em esquemas de lavagem de dinheiro, revelando o grau de penetração do PCC no sistema financeiro.
Fonte: Infomoney, Folha e Bpmoney.
