Os pulmões de ex-fumantes têm capacidade de se regenerar? Essa é uma pergunta comum para aqueles que decidem abandonar o tabagismo em busca de uma vida mais saudável. Embora parar de fumar traga inúmeros benefícios para o organismo como um todo, a recuperação pulmonar leva tempo e varia de acordo com o histórico de tabagismo e os danos já causados.
Logo após a interrupção do hábito de fumar, o pulmão começa a se curar rapidamente. Estudos mostram que, em poucas horas sem a exposição à fumaça e suas toxinas, o processo de recuperação já se inicia. No entanto, a completa regeneração dos pulmões depende do tempo de tabagismo e do grau de lesões que podem ter se estabelecido.
O hábito de fumar afeta diretamente a mucosa dos pulmões, enfraquecendo o mecanismo natural de proteção do órgão e aumentando o risco de infecções respiratórias. Entre as consequências mais comuns do tabagismo estão a bronquite, bronquiolite, enfisema e câncer. A bronquite, que é a inflamação das vias aéreas centrais, e a bronquiolite, inflamação das pequenas vias aéreas, apresentam melhorias significativas após parar de fumar, podendo ser totalmente revertidas em um período de dois a cinco anos após a cessação do tabagismo.
No entanto, o enfisema, que é a destruição dos alvéolos pulmonares, é considerado irreversível. Mesmo que os pulmões danificados nesse nível não possam se recuperar completamente, parar de fumar continua sendo a melhor maneira de impedir uma maior deterioração.
Os benefícios de parar de fumar são percebidos rapidamente. Dois dias após abandonar o cigarro, o corpo está livre de nicotina e monóxido de carbono, e os sentidos de olfato e paladar se reavivam. Em cerca de 15 dias, os cílios e flagelos pulmonares recuperam sua função, resultando em uma diminuição da tosse e desconforto respiratório.
Após algumas semanas sem tabaco, o pulmão irritado começa a reduzir a produção de muco, permitindo uma passagem de ar mais livre e regulando a quantidade de saliva. Por volta de três meses sem fumar, os seios da face ficam mais limpos e a respiração se torna mais fácil. Esse é um momento crucial em que muitos ex-fumantes podem enfrentar a tentação de retornar ao tabagismo.
Para aqueles que resistem, os benefícios continuam a se acumular. Após 12 meses sem fumar, o risco de doenças cardíacas diminui consideravelmente, e após 5 anos, a probabilidade de um derrame é comparável à de uma pessoa que nunca fumou.
No entanto, é importante ressaltar que, mesmo após abandonar o tabagismo, o cigarro pode ter deixado danos irreparáveis, como o enfisema pulmonar, e aumentado o risco de desenvolvimento de câncer em diferentes partes do corpo. Esses riscos podem persistir por até 10 ou 15 anos após a cessação do fumo.
Passado esse período, mais de uma década desde o último cigarro, um ex-fumante finalmente recupera a saúde comparável à de uma pessoa que nunca fumou. A suspensão do tabaco, portanto, é um desafio que, em retrospecto, deveria nunca ter sido necessário.
Ao tomar a decisão de parar de fumar, é importante buscar apoio médico e adotar estratégias para superar a dependência da nicotina. O abandono do tabagismo traz uma série de benefícios para a saúde, especialmente para os pulmões, permitindo uma vida mais saudável e plena.
*Com informações da BBC, Hospital Sírio-Libanês e Care Plus.