Essa é uma questão um pouco difícil para a maioria das pessoas. Mas para desapaixonar é preciso exercitar o cérebro, exercitar da mesma maneira que um músculo, para que seja suficientemente flexível e resistente para responder adequadamente às circunstâncias.
Ou seja, quando estamos na esteira, sabemos que nosso coração bate mais rápido, e quando estamos dormindo, esperamos que esse músculo desacelere. É o mesmo que acontece num relacionamento romântico longo, viável e amoroso, os centros emocionais do cérebro devem se acionar, e quando não há um relacionamento, eles devem relaxar.
Margret Wander, mais conhecida por seu nome artístico Dessa, é uma rapper, cantora e escritora. Quando ela toca suas própria música como artista solo, costuma gravitar em direção a sons mais melancólicos.
“Mas ao longo da minha carreira, escrevi tantas canções tristes de amor que recebia mensagens assim dos fãs: “Lance músicas novas ou um livro. Preciso de ajuda na minha separação.”” Disse Dessa, em uma palestra TEDx.
O problema era que a maioria dessas músicas de Dessa foi escrita sobre o mesmo cara. Onde havia um romance de altos e baixos, e a rapper refletia isso em suas músicas. No entanto, o que ela queria saber, era em como acabar com esse amor.
Sem mais nenhuma solução, Dessa decidiu trabalhou com uma neurocientista para tentar fazer seu cérebro se desapaixonar do seu ex.
“Bebendo vinho branco uma noite, assisti a uma palestra TED de uma mulher chamada Dra. Helen Fisher, e ela dizia que, em seu trabalho, conseguiu mapear as coordenadas do amor no cérebro humano. E pensei que, se eu pudesse encontrar meu amor no meu cérebro, talvez pudesse tirá-lo de lá.” Expressou Dessa.
Foi aí que a Dra. Cheryl Olman, do Centro de Pesquisa em Ressonância Magnética da Universidade de Minnesota, resolveu desenvolver um estudo com a Dessa. Para começar a mapear os sentimentos da cantora de rap, ela precisou passar numa máquina fMRI do inglês Functional Magnetic Ressonance Imaging, que significa imagem por ressonância magnética funcional.
Essa tecnologia é basicamente um grande imã tubular que acompanha o progresso do ferro desoxigenado no sangue. E serve para descobrir quais partes do cérebro estão fazendo a maior demanda metabólica em um dado momento, e desta forma descobrir quais estruturas são associadas a uma tarefa, como tocar no dedo, por exemplo, sempre iluminará a mesma região.
No caso da Dessa, o teste foi realizado com fotos do ex-namorado e fotos de um cara que meio que lembrava o ex-namorado, mas por quem ela não tinha sentimentos. À partir daí foi gerado algumas imagens de alta resolução do cérebro da Dessa, e depois evidenciaram o córtex para ver dentro de todas as pregas, essencialmente.
“Vimos como meu cérebro se comportou ao olhar para as imagens dos dois homens. E isso foi importante. Pudemos acompanhar toda a atividade quando olhava para o outro cara e quando olhava para o meu ex, e foi na comparação desses conjuntos de dados que encontramos o amor sozinho.” Mencionou Dessa
Depois a Dr. Cheryl analisou os dados com sua equipe e alguns parceiros, e diante disso foi possível encontrar o ponto exato dentro do cérebro de Dessa que se encontrava todo os sentimentos de amor pelo tal ex namorado.
Sabendo disso, Dessa partiu para um tratamento chamado “neurofeedback”, um tipo de biofeedback que utiliza métodos diversos, como o da eletroencefalografia (EEG), exibidos em tempo real, a fim de monitorar a atividade cerebral, com o objetivo de controlar a atividade do sistema nervoso central. Com isso puderam, de fato, isolar apenas aquelas partes do cérebro que eram associadas ao aspecto romântico identificados anteriormente.
Dessa passou um tempo nesse tratamento, que estimulava o cérebro dela agir saudavelmente, e sempre que isso acontecia a recompensa era um pouco de música de harpa ou vibrafone. Porém, não foi só isso que ajudou a Dessa a superar o amor perdido, o aprendizado é do inconsciente. “Pensei em outras coisas que aprendi sem envolver ativamente minha mente consciente.” Afirma Dessa.
Após as sessões de neurofeedback, Dessa voltou para a máquina de ressonância magnética da Dra. Cheryl Olman e repetiram o protocolo. Desta vez o resultado foi diferente, o domínio com as imagens do ex namorado de Dessa tinha sido eliminado completamente.
“O cara não virou um estranho, mas… eu tinha amor, ciúme, amizade, atração, respeito e todos esses sentimentos complicados que acumulamos após um amor de longo prazo. Mas parecia que os sentimentos favoráveis haviam aflorado e os obsessivos e menos generosos não estavam tão presentes. Parece uma coisa pequena, essa reorganização de sentimentos, mas para mim foi muito importante.” Confessou a rapper Dessa.
O fato é que podemos sim desapaixonar-se, no entanto é preciso entender realmente o amor, até as partes compulsivas. Ou no caso da Dessa, reúne uma equipe de neurocientistas para apagá-las à força.