Planeta gigante ‘que não deveria existir’ é descoberto

Com sua órbita oval de 204 dias em torno da estrela, a GJ 3512b passa a maior parte do tempo mais perto da anã vermelha do que a distância de Mercúrio ao Sol. A órbita excêntrica do gigante gasoso aponta para a presença de outros planetas gigantes que orbitam mais longe, o que poderia ter distorcido sua órbita.
Publicado em Ciência dia 6/10/2019 por Alan Corrêa

A revelação do planeta GJ 3512b instiga a idéia de acreção em relação a formação de planetas. O planeta é extraordinariamente grande em comparação com sua estrela-mãe, e é similar ao planeta Júpiter.

A tese

O planeta GJ 3512b é um exoplaneta (que está fora do Sistema Solar), ele orbita uma estrela anã-vermelha do tipo M e é muito maior do que o esperado pelos astrônomos, desafiando as atuais teorias da astrofísica. A descoberta foi realizada através de um time de cientistas espanhóis e alemães, que usaram telescópios na Espanha e nos Estados Unidos para rastrear as acelerações gravitacionais da estrela. Toda a exploração foi relatada na revista científica Science no dia 27 de setembro de 2019.

A teoria

O gigantesco planeta se formou em torno de um estrela muito pequena, a anã vermelha tem uma massa que é, no máximo, 270 vezes maior que seu planeta em órbita, com um décimo da massa do Sol e se localiza a 30 anos-luz da Terra. Para comparação, o Sol é cerca de 1.050 vezes mais massivo que Júpiter. Porém, na teoria atual consta que em volta dessas estrelas deveria haver apenas planetas do tamanho da Terra.

Uma simulação de computador feita pelos astrônomos, serviu para testar as teorias de como os planetas se formam a partir das nuvens, ou “discos”, de gás e poeira orbitando estrelas jovens. O resultado deste estudo previu que muitos planetas pequenos tende a se reunir em torno de pequenas estrelas-anãs do tipo M.

O caso que comprova essa ideia é da existente estrela conhecida como Trappist-1. Ela está situada a 369 trilhões de quilômetros (39 anos-luz) do Sol, abriga um sistema de sete planetas, todos com massas aproximadamente iguais à da Terra, ou ligeiramente menores.

Normalmente os planetas gigantes se formam a parte de um núcleo de gelo, orbitando um disco de gás ao redor da estrela jovem e depois crescendo rapidamente, atraindo gás para si. O problema é que os discos ao redor de pequenas estrelas não fornecem material suficiente para que isso aconteça.

Uma das hipóteses é que o GJ 3512b se originou a partir de um colapso gravitacional, em que a própria gravidade do planeta “destrói” parte do disco de gás em que o corpo se formou. Porém, se essa fosse a explicação, também seria esperado que o planeta tivesse continuado a crescer e se aproximado da estrela que orbita. Os cientistas apontam que esse colapso pode ocorrer quando o disco de gás e poeira tem mais de um décimo da massa da estrela-mãe. Sob essas condições, o efeito gravitacional da estrela se torna insuficiente para manter o disco estável. Ou seja, a matéria do disco é puxada para dentro e formar um aglomerado gravitacional, que se desenvolve ao longo do tempo em um planeta. A ideia prevê que esse colapso ocorra mais longe da estrela, enquanto os planetas podem se formar por acúmulo de núcleo muito mais próximo.

No caso do GJ 3512b, ele deve ter migrado por uma longa distância para sua posição atual abaixo de 1 unidade astronômica (150 milhões de quilômetros).

Com sua órbita oval de 204 dias em torno da estrela, a GJ 3512b passa a maior parte do tempo mais perto da anã vermelha do que a distância de Mercúrio ao Sol. A órbita excêntrica do gigante gasoso aponta para a presença de outros planetas gigantes que orbitam mais longe, o que poderia ter distorcido sua órbita.

Por fim, os pesquisadores concluíram que o GJ 3512b é um importante descobrimento, para melhorar os conhecimento sobre como planetas se formam em volta dessas estrelas, e que essa descoberta leva a revisar as teorias atuais.

*Com informações do Revista Galileu, BBC, Wiki e G1.