O Partido Missão é um projeto político idealizado pelo Movimento Brasil Livre (MBL) que visa reorganizar a direita brasileira com uma proposta liberal-conservadora de viés técnico e pragmático. Embora tenha sido fundado formalmente em 2023, a legenda ainda está em fase de validação legal e depende da aprovação final do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para se tornar apta a disputar eleições. O partido busca se apresentar como uma terceira via à polarização nacional, reunindo elementos de liberalismo econômico, conservadorismo social e intervenção estatal estratégica.
Pontos Principais:
Com o nome oficialmente registrado e o estatuto publicado, o Missão obteve mais de meio milhão de assinaturas exigidas pela legislação eleitoral, já tendo validado o apoio em diversos estados brasileiros. No entanto, mesmo com diretórios estaduais aprovados, como no Rio Grande do Sul, a sigla ainda não possui o reconhecimento definitivo do TSE, condição indispensável para concorrer em pleitos e acessar recursos públicos. A expectativa é que esse processo seja concluído até o fim de 2025.

A construção do Partido Missão é marcada pela tentativa de superar a lógica partidária tradicional, apostando em mobilização voluntária, comunicação digital direta e uma doutrina sistematizada no chamado “Livro Amarelo”, que serve como base ideológica e técnica para seus futuros quadros políticos. Essa estrutura diferenciada reflete a ambição de consolidar uma nova força política nacional, centrada em resultados práticos, eficiência na gestão pública e rompimento com o modelo político vigente.
O Partido Missão foi idealizado a partir de 2022 e teve seu estatuto formalmente registrado em outubro de 2023. Desde então, iniciou um processo nacional de coleta de assinaturas para viabilizar sua existência legal como legenda. Diferente das siglas tradicionais, o partido se estruturou com uma base digital forte, priorizando arrecadação via Pix e ações de engajamento voluntário em redes sociais, sem uso de fundo partidário.
A figura central da organização é Renan Santos, um dos fundadores do MBL e atual presidente do Missão. Segundo ele, o partido tem por princípio evitar a personalização excessiva, funcionando de maneira horizontal e com foco em resultados. Essa concepção organizacional visa romper com práticas partidárias que concentram poder e reproduzem estruturas oligárquicas.
No plano jurídico, o Missão atingiu o número necessário de assinaturas validadas em cartório, o que o habilita a solicitar o registro nos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) de pelo menos nove estados. Um desses pedidos já foi aprovado no Rio Grande do Sul, com outros em tramitação. A aprovação definitiva, no entanto, depende do parecer do Ministério Público Eleitoral e da análise final do plenário do TSE.
Mesmo com a operação avançada, o partido ainda não está oficialmente habilitado a disputar eleições. A homologação nacional é o último e mais decisivo passo do processo, e sua conclusão é aguardada para ocorrer antes do prazo de registro de candidaturas para as eleições de 2026.
A base ideológica do Partido Missão é apresentada como uma fusão entre liberalismo econômico, conservadorismo cultural e intervenção estratégica do Estado em áreas específicas. O partido se diz contra o extremismo ideológico, buscando oferecer soluções práticas e eficazes para os problemas nacionais, com forte ênfase no combate à corrupção e na reestruturação das instituições públicas.
O programa do partido está sistematizado no chamado “Livro Amarelo”, um conjunto de fascículos que detalham as diretrizes centrais da legenda. O material serve como referência doutrinária e guia de propostas para os futuros candidatos. A linguagem usada é acessível, direta e voltada para apresentar alternativas técnicas em áreas como economia, segurança pública, meio ambiente e industrialização.
O partido também rejeita abertamente o comunismo e o petismo, buscando se diferenciar do bolsonarismo com um discurso mais técnico, voltado para resultados, e menos emocional. A inspiração em figuras como Nayib Bukele, presidente de El Salvador, é admitida pelos dirigentes, que destacam seu modelo de gestão direta e com foco em segurança pública.
Apesar da proposta de inovação, o Partido Missão enfrentou críticas durante o processo de coleta de assinaturas. Segundo denúncias, parte da população que assinou os formulários não foi devidamente informada de que se tratava da criação de um novo partido político. A alegação é de que o uso da marca MBL teria mascarado a real finalidade da ação, gerando suspeitas sobre a lisura do procedimento.
A legenda rebateu as críticas afirmando que a informação sempre esteve disponível e que qualquer falha de comunicação foi pontual e não intencional. Ainda assim, o episódio trouxe desgaste à imagem pública do partido, especialmente entre setores mais críticos à sua origem ligada ao ativismo digital e às manifestações de 2015 e 2016.
Além disso, o posicionamento do partido de rechaçar tanto o bolsonarismo quanto a esquerda tradicional gerou isolamento político em certos círculos. A dificuldade de estabelecer alianças e atrair figuras públicas com expressão nacional é um desafio importante para consolidar o projeto eleitoral do Missão até 2026.
Internamente, o partido busca evitar disputas por protagonismo, apostando na construção de quadros novos e em uma cultura organizacional que valorize a técnica, a formação e o compromisso com o programa. Esse esforço é essencial para evitar as rupturas que atingiram outras siglas emergentes nos últimos ciclos eleitorais.
O cenário atual aponta que o Partido Missão deverá obter seu registro definitivo até o final de 2025, caso consiga concluir o processo nos TREs e obter parecer favorável do Ministério Público Eleitoral. Com isso, a legenda estaria apta a participar das eleições de 2026 com candidatos próprios em todo o país.
A estratégia eleitoral deve combinar nomes novos com forte presença digital, candidatos tecnicamente preparados e discursos objetivos centrados em eficiência, segurança pública e reindustrialização. A expectativa é de conquistar o eleitorado jovem, urbano e desencantado com a política tradicional.
O maior desafio do partido será romper a barreira da visibilidade nacional e construir confiança em um cenário marcado por polarizações e descrédito das instituições. A aposta na formação política via fascículos, mobilização voluntária e captação de recursos independente busca justamente reduzir essa dependência de estruturas já estabelecidas.
A consolidação do Partido Missão dependerá diretamente de sua capacidade de converter o discurso pragmático em ações eleitorais eficazes. Se conseguir manter a coerência entre teoria e prática, tem chances reais de ocupar um espaço relevante no próximo ciclo político. Caso contrário, corre o risco de se somar à lista de siglas com potencial inicial, mas sem execução sólida.
Fonte: Carro.Blog.Br e Folha.
