Os principais fatores para a obesidade são a idade, baixa renda e o sedentarismo, de acordo com a FGV

Segundo a FGV, idade, condição socioeconômica e inatividade física são fatores chave para a obesidade no Brasil. O IBGE relata que 6 em 10 brasileiros têm sobrepeso e a obesidade atinge 20,1% da população.
Publicado em Saúde dia 25/04/2023 por Alan Corrêa

Segundo a FGV, idade, condição socioeconômica e inatividade física são fatores chave para a obesidade no Brasil. O IBGE relata que 6 em 10 brasileiros têm sobrepeso e a obesidade atinge 20,1% da população.

De acordo com a pesquisa da FGV, se a taxa atual de crescimento da obesidade se mantiver, ela afetará 24,5% da população brasileira em 2030. A pesquisa destaca que certos grupos da sociedade são mais vulneráveis a essa tendência de crescimento.

Os dados utilizados neste estudo foram coletados a partir da Pesquisa Nacional em Saúde e da Pesquisa de Orçamentos Familiares, ambas conduzidas pelo IBGE. Embora haja uma crença generalizada de que a obesidade esteja diretamente relacionada ao consumo de certos alimentos, este estudo indica que tal fator tem pouca relevância, enquanto que o estilo de vida, a ocupação e o local de residência (especialmente em áreas urbanas) aumentam significativamente as chances de excesso de peso.

Baixa renda

O estudo descobriu que, embora a obesidade tenha aumentado tanto em países ricos quanto em países pobres, há uma discrepância no equilíbrio entre consumo e gasto calórico entre as populações de baixa renda.

Os dados apontam para uma maior vulnerabilidade dessa parcela da sociedade, devido ao acesso limitado a alimentos com baixo custo e baixo teor nutricional, mas alta densidade calórica. Além disso, a baixa escolaridade pode limitar o acesso a informações nutricionais, o que afeta diretamente os hábitos alimentares dessa população.

Obesidade infantil

O estudo indica que a obesidade infantil está altamente relacionada com a presença da doença ao longo de toda a vida. Esta conexão é ainda mais profunda do que a maioria das pessoas acredita, começando já na fase da amamentação. De acordo com a pesquisa, há evidências de que os hormônios presentes no leite materno podem ajudar a proporcionar a sensação de saciedade ao bebê, o que pode ser uma estratégia eficaz para reduzir o risco de doenças crônicas, como a obesidade em si.

“Neste cenário, a interrupção precoce do aleitamento materno e o modo de vida associado a meios de transportes, somado a um elevado viés de sedentarismo, são algumas das causas multidimensionais que contribuem para a obesidade infantil.”

Envelhecimento

À medida que o indivíduo envelhece, há um aumento no risco de desenvolver obesidade crônica, uma condição que afeta aproximadamente 6% da população composta por crianças e adolescentes.

“Porém, uma vez que a obesidade é estabelecida na juventude, fica muito difícil reverter este quadro até a vida adulta”.

Homens x mulheres

De acordo com o estudo, as mulheres apresentam uma prevalência maior de obesidade em comparação aos homens, mesmo que a taxa de sobrepeso seja maior entre o público masculino. Segundo dados da Pesquisa Nacional em Saúde, a taxa de obesidade é de 22% para mulheres e 18% para homens, enquanto a taxa de sobrepeso é de 39% para homens e 34% para mulheres.

Apesar disso, a FGV ressalta que a obesidade entre mulheres tende a não ser tão grave quanto nos homens, já que o acúmulo de peso na região abdominal masculina está associado a um maior risco de doenças cardiovasculares.

Outras doenças

A pesquisa revela uma relação entre a obesidade e outras doenças, sendo que a prevalência de hipertensão, diabetes e colesterol alto é cerca de duas vezes maior em pessoas obesas. Os dados indicam um aumento de chance de 41,5%, 13,4% e 21,7%, respectivamente, para os obesos desenvolverem cada uma dessas condições.

Além disso, as enfermidades respiratórias, como asma ou bronquite, são mais frequentes em pessoas consideradas obesas (5,9%) do que em pessoas com peso normal (4,7%). O mesmo se aplica a condições relacionadas à mobilidade, como artrite e problemas na coluna ou nas costas, que acometem respectivamente 11,3% e 24,9% dessa parcela da população.

Alimentação

O estudo aponta que o consumo de leguminosas, como feijão e ervilha, e de oleaginosas, como amendoim e castanhas, está relacionado a menores chances de ganho de peso.

De acordo com a FGV, o consumo do prato tradicional brasileiro, que consiste em arroz e feijão, não apresenta riscos de aumento de peso. No entanto, o hábito brasileiro do churrasco está associado a um maior risco de excesso de peso e obesidade, especialmente quando combinado com a falta de exercícios físicos e consumo de bebidas alcoólicas.

*Com informações da Agência Brasil e R7.