A exploração espacial pela NASA é um programa muito bem conhecido por todo mundo, por ser bastante divulgado. Mas e a exploração oceânica? O que muita gente não sabe, é que existe um outro programa em outra agência do governo, responsável pela exploração oceânica, a NOAA (Administração Oceânica e Atmosférica Nacional).
Existe muitas áreas no oceano que nenhum cientista pesquisador se arrisca em ir, a maioria do hemisfério sul, por exemplo, é inexplorado. É exatamente esses lugares que escondem coisas jamais vistas antes.
No começo a única maneira de chegar ao fundo dos oceanos era por um pequeno submarino, e descer até o fundo é uma tarefa muito difícil, ir até lá fisicamente é algo quase impossível.
Pelo fato de não haver fotossíntese no mar profundo, justamente porque os fótons não conseguem atingir a profundidade média dos oceanos, que é 4.000 metros, e com a ausência de fotossíntese não há vida vegetal, consequentemente podemos também achar que não há vida animal neste submundo. Porém, esse pensamento pode estar errado.
O fundo do mar não é como exatamente muitas pessoas pensam, um lugar escuro e chato, lá embaixo existem dezenas de milhares de vulcões ativos, ou seja, existem mais vulcões ativos embaixo d’água que em terra, o que faz do mar uma região de atividade fenomenal.
O geofísico e explorador dos mares Roberto Ballard se aprofundou em uma viagem ao fundo do oceano, e ele relata o que descobriu:
“Descobrimos uma profusão de vida em um mundo em que não deveria existir. Vermes tubulares gigantes, 3 metros de altura. Fomos e achamos incríveis canteiros de grandes bivalves repousando sobre rochas, e quandos as abrimos não pareciam bivalves. E quando dissecamos elas não tinham a anatomia de uma bivalve. Sem boca, sem intestino, sem sistema digestório. Seus corpos totalmente tomados por outro organismo, uma bactéria, que achou um modo de replicar a fotossíntese no escuro através de um processo que agora chamamos quimiossíntese. Nada disso em nossos livros didáticos. Não conhecíamos este sistema de vida. Não prevíamos isso.”
Além disso, foi descoberto um extraordinário órgão de tubos de químicas sendo expelidas no oceano, tudo de grande valor comercial, como cobre, chumbo, prata, zinco e ouro. Esse pacote de metais pesados foi descoberto na Cordilheira Mesoceânica, assim como a incrível bactéria.
A Cordilheira Mesoceânica cobre 23% do total da área da superfície terrestre, praticamente ¼ do planeta é ocupado por uma única cordilheira.
Em uma cordilheira de 8.800 km de extensão, o trabalho civil não é uns dos mais seguros, por isso Roberto Ballard desenvolveu uma nova tecnologia de telepresença usando sistemas robóticos, assim ele poderia replicar ele mesmo e não precisaria usar seu sistema veicular. “Começamos a introduzí-la em nossas explorações, e continuamos a fazer descobertas fenomenais com as novas tecnologias robóticas.” Disse Roberto em uma palestra TED realizada em fevereiro de 2008.
E assim foi, mudando de uma parte da Cordilheira Mesoceânica para outra, os cientistas que acompanhavam a missão e controlavam o robô, se depararam com incríveis formas de vida, encontraram novas criaturas que nunca havia visto. Uma das coisas mais importante que viram foram algumas edificações lá embaixo que não entenderam, que não faziam sentido. Pois, não estavam em cima de uma câmara magmática, e por isso, não deveria existir lá.
Essas edificações eram incríveis formações calcáreas e piscinas invertidas, coisa que deixa qualquer um sem palavras, lá a água fica de cabeça para baixo. E não é só isso, o pH encontrado por lá era o mesmo de desinfetante.
“O pH era 11, e ainda assim tinha bactéria quimiossintética vivendo lá neste meio ambiente extremo. E as aberturas hidrotermais estavam em um ambiente ácido. Todo o caminho até a outra saída em um ambiente alcalino com pH de 11, existia vida. Então a vida era muito mais criativa do que jamais pensamos.” Conta Roberto Ballard.
Também descobriram sistemas de aberturas hidrotermais fenomenais e mais sistemas de vida no largo de Santorini. O incrível é que isto foi a 2 milhas de onde as pessoas vão tomar banho de sol, inconscientes da existência desse sistema. Em um mergulho de exploração que o geofísico Roberto Ballard fez perto do Golfo do México, encontrou piscinas que mais parecia estar no ar do que embaixo da água. São piscinas salobras formadas por depósitos de sal.
E bem próximo do local também descobriram que existem vulcões que expelem grandes bolhas de metano, o que causava jatos de lama saindo de dentro da Terra. Coisa que é incrível para qualquer cientista.
Tudo isso é apenas um décimo de um porcento que foi encontrado, há mais que só história natural no fundo do mar. Pode-se dizer que o mar profundo é o maior museu da Terra, contém mais história que todos os museus em terra juntos. O por que? Imaginem quantos navios já não afundaram no mar e deixaram diversos artefatos de tempos antigos naufragando por lá.
Há registros de destroço que naufragou 100 anos antes do nascimento de Cristo, coisas até do tempo de Homero em 750 a.C. Já acharam até objetos que contia em perfeito estado a assinatura do carpinteiro, em um navio que afundou há 1.500 anos atrás.
O melhor de tudo é que não há oxigênio no mar profundo, e lá é o maior reservatório de sulfeto de hidrogênio da Terra, o que deixa toda a matéria orgânica perfeitamente preservada. Pode-se até esperar que algum dia seja retirado do mar corpos em perfeito estado com seus DNA.
Roberto Ballard já planejou diversas viagens para descobrir ainda mais o que há perdido no fundo dos mares, inclusive ele criou um programa chamado o Projeto Jason, para desenvolver nas crianças a ideia de exploração. Além disso, ele ressalta que com a tecnologia tudo pode estar ao alcance, e assim começar a pensar em também colonizar o mar, assim como visam em colonizar a Lua.