Nascido em 1904 em uma família abastada de Nova York, Oppenheimer graduou-se em química na Universidade de Harvard em 1925. Logo após, aos 23 anos, obteve seu doutorado em física na renomada Universidade de Göttingen, na Alemanha, demonstrando desde cedo sua paixão pela ciência.
Sua personalidade intrigante muitas vezes o colocava entre ser considerado um prodígio indiferente ou um narcisista ansioso, mas essas peculiaridades não diminuíam suas notáveis conquistas científicas.
Antes da eclosão da Segunda Guerra Mundial, Oppenheimer desempenhou atividades de pesquisa na Universidade da Califórnia em Berkeley e no Instituto de Tecnologia da Califórnia, concentrando-se em astronomia teórica, física nuclear e teoria quântica de campos.
Embora afirmasse não ter interesse em política, ele apoiava ideias socialmente progressistas e preocupava-se com o crescimento do antissemitismo e do fascismo. Suas conexões com ativistas do Partido Comunista, incluindo sua companheira Kitty Puening, o marcaram mais tarde como um simpatizante do comunismo.
Como pesquisador, Oppenheimer publicou trabalhos importantes e orientou uma nova geração de estudantes de doutorado, incluindo Willis Lamb, laureado com o Prêmio Nobel de Física em 1955. Apesar disso, o próprio Nobel escapou das mãos de Oppenheimer três vezes.
O chamado para a Segunda Guerra Mundial veio quando os Estados Unidos entraram no conflito após a invasão da Polônia pela Alemanha e pela Rússia soviética. Oppenheimer foi recrutado para integrar o notório Projeto Manhattan, devido ao seu conhecimento sobre reações em cadeia em bombas atômicas, que ganhou reconhecimento entre a comunidade de defesa americana.
Em 1943, mesmo com suas ideologias políticas de esquerda, uma carreira discreta e pouca experiência em gerenciamento de projetos complexos, Oppenheimer foi nomeado diretor do Laboratório Nacional de Los Alamos, no Novo México. Sua paixão e energia inesgotáveis inspiraram a equipe multidisciplinar que reuniu para desenvolver armas nucleares.
O ápice do projeto ocorreu em 16 de julho de 1945, quando foi realizado o teste nuclear conhecido como “Trinity”. A primeira bomba atômica foi detonada com sucesso às 5h29 no deserto de Jornada del Muerto. O mundo nunca mais seria o mesmo.
Embora a guerra já estivesse encaminhada para a derrota da Alemanha, as bombas atômicas foram finalmente utilizadas contra o Japão, resultando nos devastadores ataques a Hiroshima e Nagasaki em agosto de 1945. Oppenheimer, sentindo o peso da responsabilidade, confrontou o secretário de guerra dos EUA, Henry Stimson, pedindo o banimento das armas nucleares.
Mesmo que suas emoções tenham sido rejeitadas pelo presidente Truman, Oppenheimer continuou a defender o estabelecimento de controles na corrida armamentista nuclear. Seu legado ficou marcado não apenas pela ciência, mas também pelo dilema ético que enfrentou ao participar do desenvolvimento da arma mais destrutiva da história. Robert Oppenheimer é verdadeiramente uma figura notável do século XX.
No ano de 1954, J. Robert Oppenheimer, famoso físico nuclear, encontrou refúgio e inspiração na serena ilha de Saint John, nas Ilhas Virgens Americanas. Nos anos que se seguiram, ele passou vários meses nesse paraíso tropical. Em 1957, ainda em Saint John, adquiriu uma extensa propriedade de 8.100 m² em Gibney Beach, onde desfrutava de momentos especiais navegando com sua esposa Kitty e sua filha Toni.
Apesar de ter sido privado de poder político, Oppenheimer manteve sua dedicação à ciência. Continuou a dar aulas, escrever e explorar questões em física. Realizou uma série de palestras pela Europa e Japão, abordando temas como a história da ciência, a importância da ciência na sociedade e a natureza do Universo.
Em reconhecimento a suas contribuições, Oppenheimer foi condecorado em setembro de 1957 como oficial da Ordem Nacional da Legião de Honra pela França e em 3 de maio de 1962 pela Royal Society da Inglaterra.
Contudo, uma luta pessoal marcava a vida do físico. Oppenheimer era um fumante inveterado e, em 1965, recebeu o diagnóstico de câncer de garganta. Após uma cirurgia malsucedida, enfrentou tratamentos de radiação e quimioterapia, mas infelizmente, nenhum deles teve sucesso. Em fevereiro de 1967, entrou em coma e faleceu em 18 de fevereiro, aos 62 anos de idade. Atendendo ao seu desejo, seu corpo foi cremado, e suas cinzas foram lançadas ao mar por sua esposa Kitty.
A história de Kitty também foi marcada por tragédia. Em outubro de 1972, aos 62 anos de idade, ela sucumbiu a uma infecção intestinal agravada por uma embolia pulmonar.
A vida de J. Robert Oppenheimer foi uma jornada notável, repleta de contribuições científicas importantes e desafios pessoais. Seu legado na física e sua influência na sociedade ainda ecoam nos dias atuais.