Um estudo recente, publicado na revista Nature Medicine, classificou a depressão em seis tipos biológicos distintos. A pesquisa utilizou imagens cerebrais combinadas com aprendizado de máquina para identificar esses biotipos. Esta descoberta pode ajudar a definir tratamentos mais precisos para a depressão no futuro.
O objetivo do estudo foi entender como médicos e especialistas em saúde mental podem ser mais eficazes no tratamento da depressão. A pesquisa focou em pacientes com depressão resistente ao tratamento, uma condição em que os sintomas não melhoram com diferentes tipos de medicamentos ou terapias.
A abordagem tradicional de tratamento da depressão muitas vezes envolve tentativa e erro, levando meses ou até anos para encontrar uma solução eficaz. O estudo buscou maneiras de melhorar essa abordagem, proporcionando um tratamento mais individualizado desde o início.
Os pesquisadores avaliaram 801 pacientes diagnosticados com depressão ou ansiedade. Utilizando ressonância magnética funcional (fMRI), mediram a atividade cerebral dos participantes em repouso e durante tarefas cognitivas e emocionais. A análise de cluster, uma técnica de aprendizado de máquina, foi utilizada para agrupar as imagens cerebrais.
A análise identificou seis padrões distintos de atividade nas regiões cerebrais analisadas. Esses padrões formaram a base para a classificação dos biotipos de depressão. Cada biotipo mostrou uma atividade cerebral característica, permitindo uma melhor compreensão das diferentes formas de depressão.
Os pesquisadores designaram aleatoriamente 250 participantes para receberem um dos três antidepressivos mais comuns. Pacientes com hiperatividade nas regiões cognitivas do cérebro responderam melhor ao antidepressivo venlafaxina. Este grupo apresentou uma melhora significativa em comparação com outros biotipos.
Pessoas com alta atividade em três regiões cerebrais associadas à depressão e resolução de problemas mostraram melhores resultados com a psicoterapia comportamental. Este tratamento pareceu mais eficaz para aqueles com esse padrão específico de atividade cerebral.
Pacientes com baixa atividade no circuito cerebral que controla a atenção tiveram menor probabilidade de melhoria com a psicoterapia. Este grupo pode se beneficiar mais de tratamentos farmacêuticos, que ajudam a aumentar a eficácia da psicoterapia subsequente.
O estudo também identificou que diferentes biotipos de depressão se correlacionam com variações nos sintomas. Indivíduos com hiperatividade nas regiões cognitivas do cérebro relataram mais dificuldade em sentir prazer e tiveram pior desempenho em tarefas de funções executivas.
O subtipo que respondeu melhor à psicoterapia cometeu mais erros em tarefas de funções executivas, mas teve bom desempenho em tarefas cognitivas. Essas variações nos sintomas ajudam a explicar por que alguns tratamentos são mais eficazes para determinados grupos de pacientes.
Um dos seis tipos identificados não mostrou diferenças perceptíveis na atividade cerebral em relação a indivíduos sem depressão. Este grupo representa um desafio para a classificação e tratamento, exigindo mais pesquisas para entendimento completo.
A identificação de seis biotipos de depressão abre novas possibilidades para tratamentos mais personalizados. Médicos podem adaptar suas abordagens terapêuticas com base no tipo específico de depressão do paciente, aumentando as chances de sucesso.
Pacientes com alta atividade cognitiva podem se beneficiar mais de certos antidepressivos. Aqueles com alta atividade em regiões cerebrais específicas podem encontrar melhor alívio com psicoterapia comportamental. Esse nível de personalização pode reduzir o tempo necessário para encontrar um tratamento eficaz.
A pesquisa destaca a importância de continuar explorando tratamentos alternativos e não tradicionais. Expansão dos estudos pode levar a descobertas ainda mais detalhadas, beneficiando um número maior de pacientes com depressão.
Os pesquisadores planejam expandir o estudo para incluir mais participantes e testar uma gama maior de tratamentos. Isso inclui medicamentos que não são tradicionalmente usados para a depressão, buscando identificar novas opções terapêuticas.
A equipe também pretende validar as assinaturas cerebrais identificadas no estudo atual. A validação pode fornecer uma base sólida para tratamentos mais precisos, alinhados com a função cerebral específica de cada paciente.
O objetivo final é avançar para uma psiquiatria de precisão, onde os tratamentos são adaptados às necessidades individuais dos pacientes. Isso pode transformar a abordagem da saúde mental, oferecendo soluções mais eficazes e rápidas para quem sofre de depressão.
*CNN.