O caso de uma jovem de Brasília se transformou em um exemplo raro da medicina, sendo agora uma história emocionante de superação pessoal. Apesar de ter nascido sem a língua, essa corajosa mulher aprendeu a falar e se alimentar de forma totalmente normal.
O tratamento desenvolvido especificamente para ela tornou-se conhecido em outros países, despertando o interesse de especialistas ao redor do mundo. Esse notável feito foi tema de um encontro internacional de profissionais da área.
A determinada Estela, atualmente com 23 anos, jamais poderia imaginar a extensão do longo tratamento e dos preconceitos que teria que enfrentar desde a infância. Nascer sem a língua é uma deformidade rara chamada aglossia congênita, e foi sua mãe a primeira a perceber a dificuldade para mamar, iniciando assim uma verdadeira jornada em busca de cuidados de saúde adequados para sua filha.
O médico responsável inicialmente acreditava que o problema era decorrente de uma síndrome chamada macroglossia, caracterizada por uma língua grande. Porém, ao examiná-la, percebeu que a menina não possuía língua alguma. Para crianças que nascem sem língua, a perspectiva de sobrevivência é mínima, pois sem esse órgão vital, muitas vezes não passam de três dias de vida devido à dificuldade de alimentação e risco de asfixia.
Estela chegou ao Dr. Frederico Sales, dentista da Universidade de Brasília e especialista em cirurgias maxilofaciais. Ele liderou a equipe responsável por tratar seu caso. Durante os 16 anos de tratamento, Estela foi acompanhada por pelo menos sete profissionais diferentes, incluindo cirurgiões-dentistas, nutricionistas, psicólogos e fonoaudiólogos.
A família de Estela desempenhou um papel fundamental ao longo desse processo, unindo esforços para proporcionar a ela uma vida tão normal quanto possível, semelhante à de qualquer outra criança ou jovem. As pessoas que nascem sem a língua geralmente possuem uma mandíbula estreita, o que dificulta a mastigação e a fala.
A equipe liderada pelo Dr. Sales optou por expandir o maxilar da jovem, o que exigiu duas cirurgias realizadas quando ela tinha 14 anos, período em que os ossos faciais atingem a maturidade. Esse tratamento foi doloroso, mas necessário, já que o problema também causava dificuldades respiratórias. Depois de superar essa questão respiratória, Estela se esforçou para sorrir, o que se tornou uma fonte de força e alegria para ela.
A raridade do caso e o tratamento desenvolvido tornaram-se uma referência mundial. Os estudos despertaram a atenção de uma fonoaudióloga americana que tratava de uma paciente com o mesmo problema. Kelly Rogers também nasceu sem a língua, mas conseguiu se formar em fonoaudiologia e agora deseja seguir os passos da profissional que a tratou. Ela esteve na Universidade de Brasília para compartilhar experiências com a equipe do Dr. Sales, e Estela pretende seguir o mesmo caminho.
Estela está prestes a se formar como técnica de enfermagem no próximo ano e almeja um dia trabalhar ao lado do Dr. Sales, contribuindo para a saúde bucal e fazendo a diferença na vida de outras pessoas.
Essa emocionante história de superação é um exemplo poderoso de como a determinação, o apoio familiar e os avanços médicos podem transformar vidas, mostrando que as limitações podem ser superadas com coragem e perseverança.
*Com informações da TVBrasil.