A escritora e comediante de stand-up norte-americana, Emily Hanley, enfrentou um desafio inesperado em sua carreira profissional. Em um relato ao Business Insider, ela compartilhou sua experiência como freelancer, escrevendo para diversos meios, incluindo sites, blogs, redes sociais e e-mail marketing. Porém, viu sua demanda de trabalho diminuir progressivamente, e a causa era algo surpreendente: a substituição por sistemas de inteligência artificial, como o ChatGPT.
A derrocada na carreira de Hanley ocorreu gradualmente. De início, ela tinha cerca de 10 trabalhos, mas percebeu que o número foi diminuindo consideravelmente, chegando a apenas um. Inevitavelmente, ela se viu diante da preocupante possibilidade de estar enfrentando a síndrome do impostor, um sentimento comum entre os millennials.
Contudo, ao entrar em contato com a agência que a contratava, finalmente entendeu o que estava acontecendo: os clientes não estavam mais dispostos a pagar pelos direitos autorais sem a vantagem adicional de um sistema de gerenciamento e construção de funil, provavelmente para treinar inteligências artificiais.
Os clientes de Hanley, em sua maioria, eram pequenas empresas, startups e marcas jovens, segmentos que frequentemente buscam se adaptar rapidamente às novas tecnologias para reduzir custos operacionais. Essa mudança no mercado deu lugar a uma tendência preocupante para os criativos: a substituição por tecnologias automatizadas que podem realizar o trabalho com mais eficiência e custo reduzido.
Após a surpresa inicial, Hanley tentou encontrar novas oportunidades de emprego em seu campo, mas deparou-se com um mercado saturado que não estava disposto a abrir portas para ela. Contudo, uma reviravolta inesperada aconteceu quando ela recebeu um convite para uma entrevista em uma grande empresa, cujo nome ela não pode revelar devido a um termo de confidencialidade.
No término da entrevista, Emily Hanley se viu incrédula com a proposta: a vaga era para treinar a inteligência artificial a fim de reproduzir sua própria escrita, mas de maneira aprimorada, mais rápida e a custo reduzido. Embora enfrentando esse dilema ético, ela não recusou a oferta, pois as contas não esperam. No entanto, para sua surpresa, não foi selecionada para a vaga. Em vez disso, foi contratada como “embaixadora da marca”, encarregada de distribuir amostras de água com gás em supermercados. Mesmo aceitando o novo trabalho temporário, Hanley continua em busca de oportunidades em sua área original de atuação.
Esse episódio trouxe uma reflexão para a escritora: ela, assim como muitos profissionais criativos, acreditava que suas habilidades únicas e criativas não poderiam ser facilmente substituídas por automação. Contudo, essa experiência a fez perceber que, em diversos setores, inclusive os mais criativos, a criatividade não é sempre o critério principal. Se um robô pode desempenhar o trabalho de forma mais barata, as empresas tendem a optar por essa solução.
Essa história de Emily Hanley serve como um alerta para os profissionais criativos sobre as transformações trazidas pela inteligência artificial e automação no mercado de trabalho. Adaptar-se às novas demandas tecnológicas e desenvolver habilidades que agreguem valor de forma única e complementar à inteligência artificial torna-se uma necessidade para garantir a sustentabilidade das carreiras nesse cenário em constante evolução.
*PEGN e Businessinsider.