Mino Carta, um dos nomes mais influentes da imprensa brasileira, morreu nesta terça-feira, 2 de setembro, em São Paulo, aos 91 anos. O jornalista estava internado há duas semanas na UTI do Hospital Sírio-Libanês, onde enfrentava complicações de saúde. A causa exata da morte não foi revelada, mas a informação foi confirmada pela CartaCapital, publicação que ele fundou e dirigiu por décadas.
Nascido em Gênova, na Itália, em 1933, Mino chegou ao Brasil com a família em 1946, quando tinha 12 anos. O ambiente familiar já era marcado pelo jornalismo: o avô, Luigi Becherucci, havia comandado um jornal em sua cidade natal, e o pai, Giannino, também era jornalista. Essa herança profissional, somada ao cenário cultural de São Paulo na época, moldou a trajetória de um imigrante que se tornaria figura central da comunicação no país.

Antes de consolidar sua carreira, Mino tentou o curso de Direito no Largo São Francisco, mas abandonou a formação para se dedicar à imprensa. Trabalhou na Gazetta del Popolo, em Turim, e atuou como correspondente para veículos brasileiros. De volta a São Paulo, aos 27 anos, foi convidado por Victor Civita para comandar a recém-criada Quatro Rodas, primeira revista da editora Abril.
Seu talento editorial se revelou rapidamente. Sob sua direção, a Quatro Rodas não apenas se firmou como publicação de referência no segmento automobilístico, como também revelou jornalistas de destaque, entre eles José Hamilton Ribeiro. Nos anos seguintes, Mino participou da criação de veículos que mudaram o jornalismo brasileiro, como a Veja, em 1968, a IstoÉ, em 1976, e a CartaCapital, em 1994. Também integrou a equipe fundadora do Jornal da Tarde, lançado pelo Estadão em 1966, lembrado por inovações gráficas e pela qualidade narrativa de suas reportagens.
Em parceria com Cláudio Abramo, outro ícone da imprensa, fundou o Jornal da República, que encerrou atividades por dificuldades financeiras. Esse percurso, marcado por ousadia editorial e resistência às pressões políticas e econômicas, consolidou Mino como personagem essencial na evolução da mídia nacional.
Além da atuação jornalística, ele cultivava interesse pelas artes. Publicou livros de ficção e expôs suas pinturas, revelando uma faceta criativa que dialogava com sua visão crítica do mundo. Reconhecido por sua influência e liderança, recebeu em 2006 o prêmio de Jornalista Brasileiro de Maior Destaque no Ano da Associação dos Correspondentes da Imprensa Estrangeira.
Mino viveu intensamente a vida pessoal e profissional. Casou-se com Maria Angélica Pressoto, falecida em 1996, e teve dois filhos: Gianni Carta, também jornalista, morto em 2019 em decorrência de um câncer, e Manuela Carta, que sobrevive. Sua trajetória, marcada por contribuições inestimáveis e pela criação de espaços de debate crítico, deixa uma lacuna significativa no cenário da comunicação brasileira.
