A criação de uma moeda comum para os países do BRICS está se tornando uma possibilidade cada vez mais viável, apontam especialistas. Embora seja um desafio complexo, as discussões entre os membros do bloco têm avançado e ganhado relevância nos últimos tempos.
Considerando que os países do BRICS representam uma parcela significativa da população mundial e possuem economias emergentes robustas, a implementação de uma moeda compartilhada poderia impulsionar a cooperação econômica e fortalecer a influência dessas nações no cenário global.
É importante destacar que a adoção de uma moeda comum requer a superação de obstáculos, como a harmonização de políticas monetárias e a coordenação de políticas econômicas entre os países envolvidos. Além disso, é fundamental levar em consideração as particularidades de cada nação e garantir a estabilidade financeira antes de efetivar tal empreendimento, apesar de diminuir a dependência do dólar, pode ser um grande desafio para os envolvidos.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, encontrou-se com o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto nesta segunda-feira, 29, em uma reunião bilateral para discutir políticas econômicas entre os países.
Essa foi a primeira visita de Maduro ao Brasil desde 2015, quando Dilma Rousseff ocupava a presidência. Em uma entrevista coletiva após o encontro, Lula expressou o desejo de propor a inclusão da Venezuela no BRICS e criticou as sanções impostas por outros países ao país sul-americano. Além disso, manifestou interesse em fortalecer a compra de energia elétrica da nação vizinha.
Em seu discurso, Lula defendeu a união entre os países da América do Sul, inspirado no modelo da União Europeia e até mesmo no continente africano. Ele declarou ser favorável à oficialização do pedido da Venezuela para ingressar no BRICS, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Lula afirmou: “Será a primeira reunião oficial do BRICS que participarei depois de oito anos. Há várias propostas de outros países que desejam ingressar no BRICS, e vamos discutir. Não depende apenas da vontade do Brasil, mas da vontade de todos. Se houver um pedido oficial, ele será levado oficialmente ao BRICS, e lá decidiremos. Se me perguntarem minha opinião, digo: sou favorável”. Maduro complementou, destacando o interesse da Venezuela em participar dessa “nova geopolítica” e afirmou que o BRICS está se tornando um “grande ímã” para aqueles que buscam um mundo de paz e cooperação. Ele também elogiou a liderança de Dilma Rousseff à frente do banco do bloco.
Em um cenário em que diversos países demonstram interesse em debater a possibilidade de adotar uma nova moeda, especialistas alertam que é necessário cautela antes de se chegar a uma decisão concreta.
A discussão sobre uma potencial moeda compartilhada requer a análise minuciosa das particularidades econômicas de cada nação envolvida. Tendo isso em vista, embora a perspectiva seja promissora, é ainda demasiado cedo para afirmar que um acordo definitivo será alcançado.
É válido ressaltar que os países do bloco BRICS, que representam cerca de 40% da população mundial, estão na vanguarda dessa inovação monetária. A possibilidade de uma nova moeda comum entre essas nações carrega consigo um potencial impacto significativo nos mercados globais.
O BRICS, composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, tem se consolidado como um agrupamento informal de grande relevância. Desde 2009, os líderes dos BRICS se encontram anualmente, buscando fortalecer seus laços e promover uma maior cooperação econômica. Além disso, os Ministros de Finanças e os Presidentes de Bancos Centrais desses países também realizam reuniões regulares, muitas vezes em conjunto com eventos internacionais como as reuniões do G-20 e do FMI. Vale lembrar que a Dilma Rousseff, ex-presidente do Brasil, foi oficialmente nomeada como a nova líder do Novo Banco de Desenvolvimento, que é comumente referido como o “banco do Brics”.
Uma das principais conquistas dos bancos centrais dos BRICS foi a criação do Arranjo Contingente de Reservas (CRA, na sigla em inglês), em 2014. Esse acordo histórico também marcou o estabelecimento do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB). A proposta para a implementação do CRA surgiu em um momento em que as economias avançadas enfrentavam crises e instabilidades, enquanto as economias emergentes mostravam uma recuperação robusta e buscavam uma maior participação na arquitetura financeira global.
O impacto inicial mais significativo do CRA foi enviar um sinal positivo ao mercado, demonstrando que os países emergentes estavam fortalecendo sua coordenação e estavam preparados para enfrentar possíveis crises ou dificuldades. Essa iniciativa conjunta reforçou a confiança dos investidores e proporcionou maior estabilidade financeira para os países do BRICS.
Com o CRA, os BRICS mostram ao mundo a importância de sua união e a capacidade de agir de forma coordenada em assuntos econômicos. Esse arranjo contribui para fortalecer a posição dos BRICS como atores importantes na economia global e reforça seu compromisso com a estabilidade e o desenvolvimento sustentável. À medida que os líderes dos BRICS continuam a se reunir e a fortalecer sua cooperação, espera-se que o CRA desempenhe um papel cada vez mais relevante na promoção da estabilidade financeira e no impulso ao crescimento econômico dos países membros.
*Com informações do Banco Central, Globo e IPEA e Veja.