O adolescente Luiz Antônio Machado apresentava sintomas incomuns, incluindo palpitações na língua, falta de apetite, engasgos frequentes e um ronco estranho. Ele era menor e mais magro do que seus amigos, mas levava uma vida ativa, estudando e trabalhando como menor aprendiz. No entanto, foi uma queda que ele sofreu ao sair da escola que alertou sua mãe para procurar ajuda médica.
“Ele fazia um tratamento para rinite desde os 13 anos porque roncava estranho, mas aos 16 começaram palpitações na língua e a médica suspeitou que pudesse ser alguma alteração no cérebro. Depois de vários exames descobriram o tumor”, conta Elza Machado, mãe do menino.
Ao receber a indicação do neurocirurgião de Curitiba (PR), Carlos Alberto Mattozo, a mãe tomou uma decisão rápida e sem hesitação: levou seu filho consigo e deixou Vilhena, em Rondônia, para procurar o tratamento que poderia trazer de volta a esperança de cura para a criança.
“Era uma sexta-feira à tarde quando minha mãe me contou sobre o tumor e no sábado a noite pegamos o ônibus”, conta Luiz. “Na hora, eu não me desesperei, porque não entendi direito. Só caiu a ficha do que estava acontecendo mesmo quando o neurocirurgião fez um desenho e nos explicou os riscos do tumor”, relembra.
“O Luiz estava com um tumor raro, conhecido por xantoastrocitoma pleomórfico, e a patologia demorou para sair. O tamanho já estava comprometendo gravemente as funções dos membros cranianos, por isso a dificuldade de engolir. A cirurgia era a única opção de tratamento”, explica o neurocirurgião do Hospital Marcelino Champagnat.
Depois de passar por uma cirurgia que durou aproximadamente 10 horas, Luizinho – como é conhecido pela equipe médica que o tratou no hospital – teve uma traqueostomia realizada e precisou ser alimentado por sonda para evitar o risco de broncoaspiração.
“Não foi possível retirar todo o tumor, porque existe a possibilidade de afetar permanentemente algumas áreas cognitivas. Após a alta, ele começou a ser acompanhado por uma equipe de oncologia clínica para verificar a necessidade de químio ou radioterapia. Mas a melhora dele foi ótima e ele já voltou para casa”, complementa Mattozo.
A mãe e o filho enfrentaram uma viagem de mais de dois dias de ônibus para realizar a cirurgia, e depois passaram quatro meses no hospital. Recentemente, o jovem completou 17 anos e recebeu uma festa surpresa da equipe médica que o acompanhou. A mãe expressou sua certeza de que tomaram a decisão correta ao ver o progresso do filho. Enquanto estavam no hospital, o marido e o irmão mais novo do jovem ficaram em Vilhena, e agora que estão prontos para voltar para casa, a mãe elogia o cuidado e carinho da equipe médica, dizendo que eles se tornaram parte da família. A emoção é palpável em suas palavras.
“Ver como ele está hoje me dá a certeza de que fizemos o mais correto. Em Vilhena, ficaram o meu marido e o irmão caçula do Luiz. Ele estava estudando, eu tirei licença do trabalho, então, não víamos a hora de voltar para casa, mas fomos bem cuidados aqui e agora todas essas pessoas fazem parte da nossa família”, fala a mãe, emocionada.
Para receber alta médica, Luizinho precisou passar pelo Blue Dye Test, também conhecido como teste azul. O fonoaudiólogo, Humberto Quintino, explica que o tumor afetou a área de deglutição do jovem, o que levou a uma traqueostomia e ao uso de um balonete para proteger as vias aéreas. O teste consiste em oferecer um corante azul que se mistura com a saliva e, em seguida, verificar se há alguma secreção azul que sai pelo tubo da traqueostomia nas próximas 24 horas. Luizinho passou pelos exercícios e manobras de deglutição necessários e recebeu alta médica no início de março.
“Nesse teste, é oferecido um corante azul que se mistura à saliva e verificamos se em 24 horas existe alguma secreção azul que sai pelo tubo da traqueostomia. Com os exercícios e manobras de deglutição ele ganhou alta médica no início de março”, afirma.
*Com informações do Hospital Marcelino Champagnat, Science e Unicamp.