Estamos entrando num futuro em que QI e QE importam muito menos do que a rapidez com que conseguimos nos adaptar. Existem praticamente três maneiras de medir nosso QA (quociente de adaptabilidade) e mostrar por que a capacidade de reagir a mudanças realmente importa.
O primeiro ponto mais importante não é o QI, nem o QE, é a adaptabilidade: o quanto uma pessoa reage bem à inevitabilidade da mudança e muitas delas. Esse é o determinante único mais relevante. Claro que a crença de que a capacidade de se adaptar em si é uma forma de inteligência, e que o quociente de adaptabilidade, ou QA, é algo que pode ser medido, testado e aprimorado.
Enquanto outros capitalistas de risco acreditam o QE, ou quociente emocional é o mais significativo, o QA é útil para se adaptar na evolução da tecnologia. Sabemos que a taxa de mudança tecnológica está acelerando, o que está forçando nosso cérebro a reagir, seja passando por mudanças nas condições de trabalho trazidas pela automação, mudando a geopolítica em um mundo mais globalizado, ou simplesmente a dinâmica familiar e relacionamentos pessoais. Cada um de nós, como indivíduos, grupos, corporações e até governos, está sendo forçado a lidar com mais mudanças do que nunca na história da humanidade.
Comece se perguntando “e se”, perguntar “e se”, em vez de perguntar sobre o passado, força o cérebro a simular para imaginar várias versões possíveis do futuro. A força dessa visão, bem como quantos cenários distintos alguém pode evocar.
A prática de simulações é uma espécie de laboratório seguro para melhorar a adaptabilidade. Em vez de testar como assimilamos e retemos informações, como num teste de QI, ela testa como manipulamos as informações, perante uma restrição, a fim de atingir uma meta específica.
Em segundo, é o sinal de desaprendizagem. Uma pessoa que desaprende busca desafiar o que supõe já saber e, em vez disso, substitui esses dados por novas informações, mais ou menos como um computador executando uma limpeza de disco.
Veja um exemplo: Destin Sandlin é um engenheiro e comunicador científico americano mais conhecido pela série de vídeos Smarter Every Day em seu canal do YouTube com o mesmo nome, lançado em 2007. Ele programou sua bicicleta para virar à esquerda quando a virava para a direita e vice-versa. Ele chamou isso de “Backwards Brain Bike”, e levou quase oito meses só para aprender a guiá-la de um jeito normal. O fato de Destin conseguir desaprender a usar a bicicleta habitual dele a favor de uma nova, no entanto, sinaliza algo incrível sobre nossa capacidade de nos adaptarmos. A adaptabilidade nem sempre é fixa, em vez disso, cada um de nós tem a capacidade de melhorá-la, por meio de dedicação e trabalho árduo.
O terceiro e último fator importante para a adaptabilidade, é a inspiração por investigação em sua vida e em seus negócios. Há uma espécie de tensão natural entre investigação e exploração. E coletivamente, todos nós tendemos a supervalorizar a exploração.
Para entender melhor confira um exemplo. No ano 2000, um homem deu um jeito de se reunir com John Antioco, o CEO da Blockbuster, e propôs uma parceria para gerenciar os novos negócios on-line da Blockbuster. O CEO John fez pouco caso dele dizendo: “Tenho milhões de clientes e milhares de lojas rentáveis no varejo. Preciso mesmo me concentrar no dinheiro”. Acontece, porém, que o outro homem na reunião era Reed Hastings, o CEO da Netflix. Em 2018, a Netflix faturou US$ 15,8 bilhões, enquanto a Blockbuster entrou com pedido de falência em 2010, dez anos após aquela reunião. O CEO da Blockbuster estava concentrado demais em explorar seu modelo de negócios já bem-sucedido, que não conseguiu enxergar o que vinha pela frente. Assim, seu sucesso anterior tornou-se inimigo de sua potencial adaptabilidade.
Agora entende o porque a investigação deve sempre ser um estado de busca constante. O fato é que nunca deve-se apaixonar demais pelas vitórias, mas sim, continuar a procurar proativamente o que pode matá-los em seguida.
Portanto, a adaptabilidade é algo que podemos melhorá-la. Cada um de nós tem a capacidade de se tornar mais adaptável. Mas pensem nela como um músculo: ela tem que ser exercitada. Ou seja, fazer perguntas “e se”, desaprender ativamente e priorizar a investigação em vez da exploração pode colocar você no controle para que, da próxima vez que houver uma grande mudança, já esteja preparado. Isso serve tanto para a vida profissional quanto para a pessoal.