Quase um milhão de famílias brasileiras estão sendo desligadas do Programa Bolsa Família neste mês de julho, não por irregularidades ou cortes, mas por um motivo incomum e promissor: conseguiram aumentar sua renda enquanto recebiam o benefício. Essa movimentação em massa aponta para uma virada silenciosa entre beneficiários que, mesmo vulneráveis, conseguiram avançar financeiramente.
Do total, 385 mil domicílios ultrapassaram o rendimento de R$ 759 por pessoa, valor que equivale a meio salário mínimo e é o limite para a permanência no programa. Já outros 536 mil encerraram o ciclo de dois anos dentro da chamada Regra de Proteção — mecanismo que permite a continuidade parcial do auxílio a quem supera a linha de pobreza, mas ainda mantém renda per capita inferior a esse teto.

O governo destaca que esses desligamentos não representam o fim da proteção. As famílias que deixam o Bolsa Família continuam inscritas no Cadastro Único e podem retornar automaticamente ao programa caso a renda volte a cair. Isso é possível graças à política do “Retorno Garantido”, aplicada inclusive em casos de saída voluntária.
Para o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Wellington Dias, os dados confirmam que o programa tem ido além de uma transferência direta de renda. Segundo ele, os beneficiários têm tido acesso à qualificação profissional, apoio ao empreendedorismo e oportunidades que resultam em novos empregos ou crescimento de pequenos negócios. É um reflexo, segundo o ministro, de um esforço coletivo para transformar assistência em autonomia.
Outro fator relevante foi a modernização no processo de atualização cadastral. Desde março, o cruzamento de dados com registros do Governo Federal, como o Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS), vem garantindo mais agilidade e precisão. Com isso, o sistema detecta automaticamente mudanças de renda e agiliza tanto o desligamento quanto a reentrada no benefício.
Além de evitar fraudes e garantir justiça distributiva, essa digitalização reduz a burocracia nos CRAS (Centros de Referência de Assistência Social), que antes enfrentavam lentidão e filas para atualizar informações. Agora, a atualização automatizada reforça o foco do programa em atender quem realmente precisa, de forma rápida e eficaz.
A nova fase do Bolsa Família começa a moldar um retrato diferente da assistência social no Brasil, em que os beneficiários não são apenas receptores de auxílio, mas protagonistas de sua própria ascensão econômica. Ao mesmo tempo, o programa preserva sua função de rede de proteção, apta a reabsorver famílias em caso de novo empobrecimento.
Fonte: Agenciabrasil.
