O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a se posicionar em defesa de um caminho diplomático para tentar reverter as tarifas de 50% aplicadas pelo governo de Donald Trump às exportações brasileiras. Em entrevista à Rádio Itatiaia nesta sexta-feira (29), Lula destacou que o Brasil está pronto para negociar, mas lamentou a ausência de disposição por parte da Casa Branca.
Lula explicou que autorizou o início de um processo formal de consultas, amparado pela Lei de Reciprocidade. A medida foi justificada como necessária para não deixar o país sem resposta diante das regras da Organização Mundial do Comércio, que poderiam levar até um ano para produzir efeitos concretos. Segundo o presidente, a decisão é preventiva e demonstra que o governo está atento à gravidade do impacto econômico das tarifas.

Durante a entrevista, Lula mencionou o episódio em que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, havia agendado uma ligação com Scott Bessent, secretário do Tesouro norte-americano. O contato foi cancelado pelos americanos. No mesmo dia, porém, Bessent recebeu o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o que, para o Planalto, evidenciou a escolha política de Trump em priorizar interlocutores de sua confiança pessoal no Brasil.
Apesar das dificuldades, Lula ressaltou que não busca confronto. Em tom conciliador, disse que, caso Trump queira negociar, “o Lulinha paz e amor” está de volta. A frase foi interpretada como um gesto de abertura para retomar o estilo mais diplomático que marcou momentos anteriores de sua trajetória política.
Ao falar sobre a possibilidade de um encontro com Trump no próximo mês, quando estará em Nova York para participar da Assembleia Geral da ONU, Lula afirmou que a decisão dependerá do próprio presidente americano. A reunião ainda não está confirmada, mas o governo brasileiro trabalha para manter a possibilidade em aberto.
Segundo Lula, o Brasil está disposto a discutir “24 horas por dia” se houver interesse real por parte do governo norte-americano. O recado foi direcionado a mostrar flexibilidade, ao mesmo tempo em que se preserva uma postura firme diante das barreiras comerciais impostas.
O episódio insere-se em um contexto de tensão crescente nas relações bilaterais. O Planalto tenta equilibrar a necessidade de defender a indústria nacional e os setores mais afetados pelas tarifas com a urgência de não romper pontes com um dos principais parceiros econômicos do país. A estratégia tem sido reforçar medidas jurídicas internacionais enquanto mantém canais abertos para uma eventual negociação direta.
Fonte: Metropoles e Carro.Blog.Br.
