Lucy Guo se tornou um dos nomes mais comentados do cenário econômico ao superar a fortuna de celebridades globais sem contar com herança ou carreira na indústria do entretenimento. Sua trajetória começou fora dos holofotes, longe da música, cinema ou televisão. Filha de imigrantes chineses e criada na Califórnia, ela encontrou seu caminho por meio da tecnologia, especificamente na área de inteligência artificial.
Pontos Principais:
Antes dos 30 anos, Guo acumulou um patrimônio líquido avaliado em US$ 1,25 bilhão. Esse montante veio de investimentos em startups, fundações de empresas voltadas à IA e apostas em plataformas digitais que monetizam diretamente a atenção dos usuários. Sua principal fonte de riqueza é a participação remanescente de 5% na Scale AI, startup que cofundou aos 21 anos e que se tornou referência global em rotulagem de dados para treinamentos de algoritmos.

A história da empresária norte-americana ilustra um novo perfil de bilionária que não surgiu do entretenimento nem da herança familiar, mas da estruturação de negócios centrados em dados e engenharia. Mesmo enfrentando controvérsias, Lucy Guo segue expandindo suas frentes de atuação e chamando atenção por seu envolvimento com empresas emergentes em setores sensíveis da economia digital.
Lucy Guo nasceu nos Estados Unidos em uma família de imigrantes chineses. Desde jovem, demonstrou interesse por programação e chegou a ingressar na Universidade Carnegie Mellon para estudar ciência da computação. No entanto, optou por abandonar o curso após ser aceita no Thiel Fellowship, um programa que concede US$ 100 mil a jovens que optam por abandonar o meio acadêmico para investir em ideias empreendedoras.
Ela passou por experiências em grandes empresas do setor tecnológico, incluindo estágios no Facebook e no Snapchat. Essas vivências ampliaram seu contato com o ecossistema do Vale do Silício e abriram espaço para o desenvolvimento de suas próprias iniciativas.
A fundação da Scale AI aconteceu em 2016, quando Guo tinha 21 anos. Seu sócio, Alexandr Wang, tinha 19. A proposta era oferecer dados rotulados com precisão, serviço fundamental para o treinamento de modelos de inteligência artificial. A ideia ganhou tração justamente por ser uma atividade técnica, porém essencial e pouco explorada por grandes empresas da época.
A Scale AI rapidamente atraiu atenção de grandes players da tecnologia. Empresas como a OpenAI passaram a utilizar seus serviços para alimentar modelos de linguagem, como o ChatGPT. O Departamento de Defesa dos Estados Unidos também firmou contrato com a startup, utilizando suas ferramentas para analisar imagens de satélite durante a guerra na Ucrânia.
Mesmo tendo deixado a empresa em 2018, Guo manteve 5% de participação. Com a Scale sendo avaliada em aproximadamente US$ 25 bilhões, esse percentual foi suficiente para transformá-la em bilionária. A nova rodada de investimentos que abriu a possibilidade de venda de ações a ex-funcionários consolidou sua fortuna.
A empresa desempenha papel estratégico no desenvolvimento de IA generativa e outras soluções técnicas. Mesmo fora do time executivo, Guo permaneceu vinculada simbolicamente ao sucesso da Scale.

Após sair da Scale, Lucy Guo fundou a Backend Capital, um fundo de venture capital com foco em startups de base tecnológica fundadas por engenheiros. O fundo foi responsável por aportar recursos em empresas como a Ramp, uma fintech avaliada em US$ 13 bilhões.
Em 2022, ela lançou a Passes, plataforma voltada à monetização direta de criadores de conteúdo. O modelo de negócios da Passes se aproxima de serviços como o OnlyFans, mas com uma proposta de maior controle e participação dos criadores sobre suas receitas e dados.
A plataforma já levantou US$ 66 milhões em rodadas de investimento, com apoio de fundos como Bond Capital e Crossbeam Ventures, além da participação do ex-presidente da Disney, Michael Ovitz.
A Passes funciona com foco em descentralização e autonomia dos usuários. A ideia é eliminar intermediários e permitir que os criadores tenham controle completo sobre como seus conteúdos são distribuídos e monetizados. Os usuários da plataforma podem manter até 90% das receitas geradas.
Com os recursos captados, a empresa tem investido em tecnologias de inteligência artificial voltadas à criação de avatares realistas. Esses avatares interagem com os usuários em nome dos criadores, ampliando o engajamento mesmo sem presença ao vivo. A proposta tem sido bem aceita pelo público.
Esse modelo reflete uma tendência de personalização e descentralização nos meios digitais, permitindo maior flexibilidade aos produtores de conteúdo. A experiência promovida pela Passes tem sido vista como uma antecipação de futuras práticas nas redes.

Em meio ao crescimento da Passes, surgiram acusações de falhas na moderação de conteúdo. Um processo judicial recente aponta que a plataforma teria hospedado material com menores de idade. A empresa respondeu afirmando que proíbe esse tipo de conteúdo e adota ferramentas automatizadas para moderação.
A discussão levanta questões sobre a viabilidade técnica de moderar grandes volumes de conteúdo gerado por usuários, especialmente em plataformas descentralizadas. O caso ainda está em tramitação e pode trazer repercussões regulatórias para startups do setor.
A empresa reforça que atua de forma ativa na remoção de materiais que violem seus termos e que investe em tecnologias que aprimorem a triagem automatizada de conteúdo, utilizando algoritmos treinados para identificar violações.
Com patrimônio líquido de US$ 1,25 bilhão, Lucy Guo superou figuras como Taylor Swift no ranking de mulheres mais jovens a alcançarem o status de bilionárias sem herança. A comparação gerou repercussão na mídia, sobretudo pelo contraste entre os setores em que ambas atuam.
Enquanto Swift construiu sua riqueza com base em turnês, álbuns e propriedade intelectual musical, Guo chegou ao mesmo patamar por meio da engenharia de dados e investimentos em empresas tecnológicas. Essa diferença ilustra a multiplicidade de caminhos possíveis no cenário atual de geração de riqueza.
A comparação entre perfis tão distintos também evidencia a mudança de paradigma em relação ao que define sucesso e notoriedade em um mundo cada vez mais digitalizado e orientado por dados.
Lucy Guo permanece ativa no ecossistema de inovação do Vale do Silício. Suas movimentações empresariais continuam acompanhadas de perto por investidores e analistas do mercado. Seu portfólio inclui desde empresas de IA até plataformas de economia criativa.
A diversidade de setores em que atua e o histórico de acertos em investimentos indicam que seu nome deve continuar relevante nos próximos anos. Sua capacidade de identificar tendências e transformar ideias em negócios escaláveis tem gerado atenção de fundos e aceleradoras.
Mesmo com desafios jurídicos e técnicos, sua trajetória é vista como um reflexo da nova geração de empreendedores que atua de forma independente, fora dos modelos tradicionais corporativos.
