Kevin Mitnick morreu aos 59 anos; conheça sua história

Após cumprir pena por invadir e manipular redes de computadores corporativos, Mitnick foi libertado em 2000 e iniciou uma nova carreira como consultor de segurança, escritor e palestrante.
Publicado em Mundo dia 20/07/2023 por Alan Corrêa

Faleceu Kevin Mitnick, ex-hacker que já foi considerado um dos criminosos cibernéticos mais procurados dos Estados Unidos. Segundo uma declaração divulgada na quarta-feira por uma empresa de treinamento em segurança cibernética, da qual ele foi co-fundador, e uma casa funerária em Las Vegas, Mitnick veio a óbito aos 59 anos após uma batalha contra o câncer de pâncreas.

Kathy Wattman, porta-voz da empresa de treinamento KnowBe4, confirmou o falecimento de Mitnick. Ele vinha recebendo tratamento no Centro Médico da Universidade de Pittsburgh desde o diagnóstico, há mais de um ano, como relatado pelo King David Memorial Chapel & Cemetery em Las Vegas.

Após cumprir pena por invadir e manipular redes de computadores corporativos, Mitnick foi libertado em 2000 e iniciou uma nova carreira como consultor de segurança, escritor e palestrante.

Kevin Mitnick, norte-americano que se tornou um dos mais notórios e procurados hackers dos Estados Unidos, morreu aos 59 anos (Campus Party México)
Kevin Mitnick, norte-americano que se tornou um dos mais notórios e procurados hackers dos Estados Unidos, morreu aos 59 anos (Campus Party México)

Sua fama surgiu durante a década de 1990, quando cometeu uma série de crimes, incluindo o roubo de milhares de arquivos de dados e números de cartões de crédito de computadores em todo o país. Mitnick usou suas habilidades para acessar as redes telefônicas e de celular do país, vandalizando sistemas de computadores governamentais, corporativos e universitários.

Na época, os investigadores o classificaram como o “hacker mais procurado” do mundo.

Após uma caçada que durou mais de dois anos, o F.B.I. capturou Mitnick em 1995 e o acusou de uso ilegal de dispositivos de acesso telefônico e fraude computacional. “Ele supostamente tinha acesso a segredos comerciais corporativos no valor de milhões de dólares. Ele representava uma grande ameaça”, disse Kent Walker, ex-procurador assistente dos EUA em São Francisco, na época.

Em 1998, enquanto aguardava sentença, um grupo de apoiadores assumiu o controle do site do The New York Times por várias horas, forçando-o a ser desligado.

No ano seguinte, Mitnick se declarou culpado de fraude computacional e telefônica como parte de um acordo com os promotores e foi condenado a 46 meses de prisão. Ele também foi proibido de usar computador ou celular sem a permissão de seu oficial de liberdade condicional pelos três anos seguintes à sua libertação.

Mitnick cresceu em Los Angeles como filho único de pais divorciados. Ele se mudava frequentemente e era um tanto solitário, estudando truques de mágica, como relatado em sua autobiografia de 2011, “Ghost in the Wires”.

Aos 12 anos, Mitnick já sabia como andar de ônibus gratuitamente usando um cartão perfurado de US$ 15 e bilhetes em branco resgatados de uma lixeira, e, no ensino médio, desenvolveu uma obsessão pelas engrenagens e circuitos das companhias telefônicas.

Aos 17 anos, ele já invadia diferentes sistemas de computadores corporativos e, eventualmente, teve seu primeiro encontro com as autoridades por essas atividades, o início de um jogo de gato e rato com a polícia que durou décadas.

Em sua autobiografia, Mitnick contestou muitas das acusações feitas contra ele, incluindo o hackeamento de sistemas de computadores governamentais.

Ele também afirmou que ignorava os números de cartões de crédito que obtinha em suas ações. “Qualquer pessoa que adora jogar xadrez sabe que é suficiente derrotar seu oponente. Você não precisa saquear seu reino ou apoderar-se de seus bens para que valha a pena”, escreveu ele em seu livro.

Kevin Mitnick deixa sua esposa, Kimberley Mitnick, que está grávida de seu primeiro filho, de acordo com um obituário publicado pela casa funerária.

*Com informações do NYTimes.