Jundiaí lidera produção de vinhos em SP, enquanto Vinhedo mantém tradição da uva com apelo turístico

Muito antes de surgirem as rotas do enoturismo paulista, duas cidades já pavimentavam seus caminhos entre uvas e tradições: Jundiaí e Vinhedo. De um lado, a força industrial que concentra 30% da produção estadual; do outro, a cidade que carrega no nome e no imaginário o título de “Capital da Uva”. Ambas seguem percursos distintos, mas com raízes comuns: a imigração italiana e o cultivo da uva que moldou identidade, cultura e economia regional.
Publicado por Maria Eduarda Peres em Brasil dia 24/07/2025

O interior do estado de São Paulo reúne municípios com fortes vínculos históricos com a produção de uva e vinho. Entre os mais conhecidos estão Jundiaí e Vinhedo, cidades que, embora próximas geograficamente, desenvolveram características próprias na trajetória vitivinícola e agrícola. Ambas se destacam em diferentes aspectos: volume de produção, tradições culturais, relevância econômica e atratividade turística.

Pontos Principais:

  • Jundiaí é responsável por 30% da produção de vinhos do estado de São Paulo.
  • Vinhedo mantém tradição cultural com a Festa da Uva desde 1948.
  • Ambas as cidades têm raízes na imigração italiana e valorizam a vitivinicultura.
  • Jundiaí foca em inovação produtiva; Vinhedo investe no turismo e na preservação cultural.

Jundiaí concentra aproximadamente 30% da produção de vinho do estado, com uma presença significativa no cenário agroindustrial paulista. Já Vinhedo consolidou-se como uma referência simbólica, sendo reconhecida como a “Capital da Uva” e fortalecendo essa imagem por meio de festas, cultura e preservação de tradições.

Jundiaí responde por cerca de 30% da produção vitivinícola paulista. A cidade une tradição imigrante e inovação tecnológica para impulsionar o setor no estado de São Paulo.
Jundiaí responde por cerca de 30% da produção vitivinícola paulista. A cidade une tradição imigrante e inovação tecnológica para impulsionar o setor no estado de São Paulo.

A seguir, o artigo apresenta um panorama detalhado sobre os dois municípios, utilizando dados históricos, sociais e econômicos para compreender como cada um desempenha seu papel no desenvolvimento da vitivinicultura no estado de São Paulo.

Jundiaí: Produção em escala e raízes na imigração

Jundiaí está localizada a menos de 60 quilômetros da capital paulista. A cidade responde por cerca de um terço da produção de vinhos em todo o estado de São Paulo. A força da vitivinicultura local é um reflexo direto da chegada de imigrantes italianos no final do século XIX, que trouxeram consigo o conhecimento técnico para o cultivo de uvas e a produção de vinhos.

O desenvolvimento agrícola de Jundiaí também se conectou à fruticultura de modo mais amplo, mas foi a vitivinicultura que criou uma identidade de destaque, tanto no setor rural quanto na cultura urbana da cidade. Desde 1934, a cidade realiza a Festa da Uva e Expo Vinho de Jundiaí, evento criado para celebrar a colheita e divulgar os vinhos locais.

A festa acontece no Parque da Uva, inaugurado em 1953, que hoje é um dos principais pontos turísticos do município. O local é usado para diversos eventos ao longo do ano, reforçando o vínculo entre cultura, economia e tradição agrícola da cidade.

  • A cidade representa 30% da produção de vinho no estado.
  • A imigração italiana impulsionou a viticultura no fim do século XIX.
  • A Festa da Uva de Jundiaí existe desde 1934.

Vinhedo: Identidade construída em torno da uva

Vinhedo está localizada a cerca de 75 quilômetros de São Paulo e recebeu o nome que carrega hoje justamente por conta da presença predominante de vinhedos no território. A cidade começou a celebrar informalmente a colheita das uvas antes mesmo de sua emancipação, com encontros entre agricultores, músicas tradicionais e integração comunitária.

Em 1948, a primeira edição oficial da Festa da Uva foi realizada na Praça Sant’Anna. Com o passar dos anos, o evento ganhou força e tornou-se um símbolo da cidade. A celebração ocorre anualmente e é hoje um dos principais atrativos locais, movimentando a economia e reforçando a identidade coletiva da população.

Apesar de não ter mais o perfil agrícola dominante, Vinhedo mantém forte relação cultural com o cultivo de uvas e a produção de vinho. As vinícolas locais continuam atraindo visitantes, e a cidade é considerada uma das melhores do estado em termos de qualidade de vida, infraestrutura e segurança.

Vinhedo preserva seu vínculo com a viticultura por meio da Festa da Uva, criada oficialmente em 1948. O evento segue como marco cultural e motor do turismo local.
Vinhedo preserva seu vínculo com a viticultura por meio da Festa da Uva, criada oficialmente em 1948. O evento segue como marco cultural e motor do turismo local.
  • Festa da Uva oficializada em 1948 na Praça Sant’Anna.
  • Agricultura já foi dominante, mas cultura vitícola permanece viva.
  • A cidade abriga o parque Hopi Hari, com mais de 40 atrações.

Atrações turísticas e economia local

Em Jundiaí, o Parque da Uva é o principal ponto turístico ligado à vitivinicultura. Além da festa anual, o espaço é utilizado para feiras e eventos culturais ao longo do ano. A cidade ainda se destaca industrialmente, abrigando o terceiro maior parque industrial do Brasil, com mais de 50 mil empresas registradas.

Em Vinhedo, além das vinícolas e da Festa da Uva, o turismo ganha força com a presença do Hopi Hari, um dos maiores parques de diversões do Brasil. Outra atração próxima é o Wet’n Wild, parque aquático em Itupeva com mais de 25 atrações. A cidade também é procurada por turistas que buscam contato com a natureza, com opções como trilhas e práticas de motocross.

O turismo em ambas as cidades se estrutura em torno da tradição do vinho, mas adquire contornos diferentes: Jundiaí aposta na união entre o rural e o industrial; Vinhedo utiliza o apelo cultural e recreativo para atrair visitantes.

  • Jundiaí é um polo agroindustrial com tradição vinícola consolidada.
  • Vinhedo combina turismo rural, cultural e de entretenimento.
  • Ambas promovem festas que movimentam a economia local.

Tradição, modernização e desafios futuros

Em Jundiaí, há uma integração entre métodos tradicionais trazidos pelos imigrantes e práticas modernas de produção. As vinícolas locais investem em inovação, o que tem ampliado a competitividade dos produtos no mercado nacional. A cidade trabalha para manter o equilíbrio entre a preservação da herança cultural e a busca por eficiência econômica.

Vinhedo, por outro lado, direciona seus esforços para a valorização cultural da viticultura, apostando em experiências turísticas e eventos de grande escala. Mesmo não sendo mais um centro de produção agrícola em larga escala, a cidade conserva o imaginário coletivo associado à uva e ao vinho como parte de sua identidade.

Ambos os municípios enfrentam o desafio de manter o protagonismo em um setor que se expande para outras regiões do Brasil. A consolidação de rotas turísticas, a diversificação de produtos e o fortalecimento da marca local são estratégias comuns nas duas localidades.

  • Jundiaí alia tradição com inovação tecnológica na produção.
  • Vinhedo valoriza o simbolismo cultural e a experiência turística.
  • Ambas competem com novos polos vinícolas emergentes no país.

Considerações finais

Jundiaí e Vinhedo possuem trajetórias diferentes, mas complementares, no contexto da vitivinicultura paulista. Uma se destaca pelo volume de produção e estrutura industrial; a outra, pela força simbólica e atratividade cultural. O cenário mostra que o interior paulista abriga um ecossistema rico e diversificado, capaz de atender tanto ao mercado consumidor quanto aos visitantes em busca de experiências relacionadas à uva e ao vinho.

A análise dos dois municípios mostra que não há uma única forma de se consolidar como referência no setor. O reconhecimento pode vir tanto da quantidade produzida quanto da capacidade de preservar e promover a identidade local. Esse modelo plural reforça a importância da cultura agrícola no estado e amplia as possibilidades de desenvolvimento regional.

No futuro, a integração entre tradição, inovação e valorização turística será essencial para manter a relevância dessas cidades em um mercado que se transforma rapidamente.

Fonte: Gazetasp, Gazetasp e Diariodolitoral.