O interior do estado de São Paulo reúne municípios com fortes vínculos históricos com a produção de uva e vinho. Entre os mais conhecidos estão Jundiaí e Vinhedo, cidades que, embora próximas geograficamente, desenvolveram características próprias na trajetória vitivinícola e agrícola. Ambas se destacam em diferentes aspectos: volume de produção, tradições culturais, relevância econômica e atratividade turística.
Pontos Principais:
Jundiaí concentra aproximadamente 30% da produção de vinho do estado, com uma presença significativa no cenário agroindustrial paulista. Já Vinhedo consolidou-se como uma referência simbólica, sendo reconhecida como a “Capital da Uva” e fortalecendo essa imagem por meio de festas, cultura e preservação de tradições.

A seguir, o artigo apresenta um panorama detalhado sobre os dois municípios, utilizando dados históricos, sociais e econômicos para compreender como cada um desempenha seu papel no desenvolvimento da vitivinicultura no estado de São Paulo.
Jundiaí está localizada a menos de 60 quilômetros da capital paulista. A cidade responde por cerca de um terço da produção de vinhos em todo o estado de São Paulo. A força da vitivinicultura local é um reflexo direto da chegada de imigrantes italianos no final do século XIX, que trouxeram consigo o conhecimento técnico para o cultivo de uvas e a produção de vinhos.
O desenvolvimento agrícola de Jundiaí também se conectou à fruticultura de modo mais amplo, mas foi a vitivinicultura que criou uma identidade de destaque, tanto no setor rural quanto na cultura urbana da cidade. Desde 1934, a cidade realiza a Festa da Uva e Expo Vinho de Jundiaí, evento criado para celebrar a colheita e divulgar os vinhos locais.
A festa acontece no Parque da Uva, inaugurado em 1953, que hoje é um dos principais pontos turísticos do município. O local é usado para diversos eventos ao longo do ano, reforçando o vínculo entre cultura, economia e tradição agrícola da cidade.
Vinhedo está localizada a cerca de 75 quilômetros de São Paulo e recebeu o nome que carrega hoje justamente por conta da presença predominante de vinhedos no território. A cidade começou a celebrar informalmente a colheita das uvas antes mesmo de sua emancipação, com encontros entre agricultores, músicas tradicionais e integração comunitária.
Em 1948, a primeira edição oficial da Festa da Uva foi realizada na Praça Sant’Anna. Com o passar dos anos, o evento ganhou força e tornou-se um símbolo da cidade. A celebração ocorre anualmente e é hoje um dos principais atrativos locais, movimentando a economia e reforçando a identidade coletiva da população.
Apesar de não ter mais o perfil agrícola dominante, Vinhedo mantém forte relação cultural com o cultivo de uvas e a produção de vinho. As vinícolas locais continuam atraindo visitantes, e a cidade é considerada uma das melhores do estado em termos de qualidade de vida, infraestrutura e segurança.

Em Jundiaí, o Parque da Uva é o principal ponto turístico ligado à vitivinicultura. Além da festa anual, o espaço é utilizado para feiras e eventos culturais ao longo do ano. A cidade ainda se destaca industrialmente, abrigando o terceiro maior parque industrial do Brasil, com mais de 50 mil empresas registradas.
Em Vinhedo, além das vinícolas e da Festa da Uva, o turismo ganha força com a presença do Hopi Hari, um dos maiores parques de diversões do Brasil. Outra atração próxima é o Wet’n Wild, parque aquático em Itupeva com mais de 25 atrações. A cidade também é procurada por turistas que buscam contato com a natureza, com opções como trilhas e práticas de motocross.
O turismo em ambas as cidades se estrutura em torno da tradição do vinho, mas adquire contornos diferentes: Jundiaí aposta na união entre o rural e o industrial; Vinhedo utiliza o apelo cultural e recreativo para atrair visitantes.
Em Jundiaí, há uma integração entre métodos tradicionais trazidos pelos imigrantes e práticas modernas de produção. As vinícolas locais investem em inovação, o que tem ampliado a competitividade dos produtos no mercado nacional. A cidade trabalha para manter o equilíbrio entre a preservação da herança cultural e a busca por eficiência econômica.
Vinhedo, por outro lado, direciona seus esforços para a valorização cultural da viticultura, apostando em experiências turísticas e eventos de grande escala. Mesmo não sendo mais um centro de produção agrícola em larga escala, a cidade conserva o imaginário coletivo associado à uva e ao vinho como parte de sua identidade.
Ambos os municípios enfrentam o desafio de manter o protagonismo em um setor que se expande para outras regiões do Brasil. A consolidação de rotas turísticas, a diversificação de produtos e o fortalecimento da marca local são estratégias comuns nas duas localidades.
Jundiaí e Vinhedo possuem trajetórias diferentes, mas complementares, no contexto da vitivinicultura paulista. Uma se destaca pelo volume de produção e estrutura industrial; a outra, pela força simbólica e atratividade cultural. O cenário mostra que o interior paulista abriga um ecossistema rico e diversificado, capaz de atender tanto ao mercado consumidor quanto aos visitantes em busca de experiências relacionadas à uva e ao vinho.
A análise dos dois municípios mostra que não há uma única forma de se consolidar como referência no setor. O reconhecimento pode vir tanto da quantidade produzida quanto da capacidade de preservar e promover a identidade local. Esse modelo plural reforça a importância da cultura agrícola no estado e amplia as possibilidades de desenvolvimento regional.
No futuro, a integração entre tradição, inovação e valorização turística será essencial para manter a relevância dessas cidades em um mercado que se transforma rapidamente.
Fonte: Gazetasp, Gazetasp e Diariodolitoral.