Imagine um carro que parece o irmão mais velho do HR-V, mas que foi criado para ser o mais acessível da casa. É como se a Honda tivesse olhado para o mercado brasileiro e pensado: “Vamos fazer um SUV mais espaçoso, com cara de aventureiro, mas sem mimar demais o comprador.” E assim nasceu o novo Honda WR-V 2025, que será lançado em novembro e fabricado na unidade de Itirapina (SP), com motor 1.5 flex de 126 cavalos e câmbio CVT. Nada de versões manuais, nada de eletrificação — ao menos por enquanto. A ideia aqui é entregar o básico bem feito, com espaço, robustez e aquele toque de confiabilidade japonesa.
Pontos Principais:
O WR-V já existia, mas era basicamente um Fit com suspensão elevada e plásticos nas laterais. Agora a conversa é outra. Esqueça qualquer traço do Fit: este WR-V foi projetado desde o início como um SUV global, com plataforma própria, estrutura reforçada e porte que assusta até o HR-V. São 4,31 metros de comprimento e 1,65 m de altura, com 2,65 m de entre-eixos e respeitáveis 220 mm de altura livre do solo. O porta-malas? Nada menos que 458 litros. Ou seja, o WR-V não é só um rostinho simpático — ele tem volume.
Dentro do carro, a história muda um pouco. A Honda cortou os luxos para manter o preço competitivo. O acabamento é mais simples, o painel tem desenho direto, funcional, sem firulas. As versões confirmadas, EX e EXL, devem trazer o essencial: ar digital, central multimídia, conectividade com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, piloto automático e controle de estabilidade e tração. Nada muito extravagante, mas o suficiente para agradar quem quer conforto sem ostentação.
E falando em preço, a Honda promete posicionar o WR-V entre R$ 130 mil e R$ 150 mil, o que o coloca em uma faixa interessante entre o Honda City e o HR-V, mirando concorrentes como Fiat Pulse, Renault Kardian e até o Volkswagen T-Cross de entrada. Nenhum deles entrega exatamente o que o WR-V promete: porte de SUV médio com preço de compacto e um porta-malas que parece de sedã grande. A ausência de câmbio manual é uma escolha clara — este não é um carro para entusiastas de marchas, é um carro para quem só quer sentar, engatar o D e ir embora.
O projeto, que começou na Tailândia e foi batizado de Elevate por lá, já roda também na Índia e Japão como WR-V, o que mostra a intenção global da marca. Mas o Brasil não ficou para trás: nossa versão será flex, feita aqui, com foco total no consumidor local. Os flagras de teste com etanol no tanque só reforçam isso. Não há planos para importar componentes fora da cadeia normal de produção da Honda, o que mantém os custos em cheque e garante bom ritmo de abastecimento nas concessionárias.
A fábrica de Itirapina está pronta para o desafio. Se a demanda for alta, o terceiro turno de produção será ativado. E não é à toa: o novo WR-V é o primeiro carro a sair do forno após o anúncio do investimento de R$ 4,2 bilhões feito pela Honda para o ciclo até 2030, que também contempla híbridos flex e a renovação do HR-V. Pode até parecer irônico lançar um carro 100% a combustão no meio de uma transição energética global, mas a Honda está jogando no tempo certo: aposta que o mercado brasileiro ainda não está maduro o suficiente para exigir eletrificação em massa nos SUVs de entrada.
A estratégia da marca é a mesma de quem aposta em dois cavalos diferentes na mesma corrida: manter o WR-V como opção racional, robusta e prática, enquanto o HR-V segura o bastão da sofisticação. No fundo, é como escolher entre um tênis de corrida confortável e um sapato de couro elegante. Ambos te levam ao mesmo lugar, mas o WR-V provavelmente vai fazer isso com mais espaço para as malas, menos requinte e, acima de tudo, mais simplicidade. E às vezes, é exatamente isso que o brasileiro quer.
Fonte: Carro.Blog.Br.