Quem chega ao Rio de Janeiro pelo Aeroporto Santos Dumont, vindos de São Paulo, não pode deixar de notar as homenagens ao Pai da Aviação, Alberto Santos Dumont. Inaugurado em 1936, o aeroporto é adornado com um impressionante painel intitulado “Primórdios da Aviação”, retratando o voo histórico do 14-Bis em Paris, com a Torre Eiffel ao fundo. Além disso, uma estátua do pioneiro da aviação, esculpida pelo artista francês Hugues Desmazieres, saúda os visitantes na saída do saguão de desembarque.
Nesta quinta-feira (20), Alberto Santos Dumont completaria 150 anos de idade, e seu legado é celebrado no local de nascimento, que foi rebatizado em sua homenagem. A importância desse visionário mineiro é indiscutível, sendo amplamente reconhecido como o Pai da Aviação graças à sua corajosa conquista do voo com o 14-Bis, um aparelho mais pesado que o ar e com propulsão própria, realizado em Paris, no dia 23 de outubro de 1906.
Maurício Inácio da Silva, historiador do Museu Aeroespacial (Musal), destaca que Santos Dumont marcou uma era significativa, período de grandes descobertas e invenções em diversas áreas. Ele ressalta que o voo do 14-Bis foi um sucesso para a época e continua a contribuir para o progresso da humanidade.
“Era um período de muitas descobertas, muitas invenções em todas as áreas. Ele torna possível o voo do mais pesado que o ar, o 14-Bis. Para a época foi um sucesso. O que Santos Dumont fez marcou uma geração, vai ficar para sempre e continua colaborando muito com o progresso da humanidade”, disse à Agência Brasil.
O pioneirismo de Santos Dumont não se restringe apenas à aviação. Antes de seu voo histórico, ele já colecionava feitos aéreos, como a construção de um balão que voou por cinco horas na França em 1898, e a criação do dirigível em 1901. Inspirado por uma corrida de lanchas às margens do Rio Sena, ele desenvolveu o 14-Bis em 1905, observando o potencial dos motores de combustão interna para impulsionar aeronaves. Em 1909, ele decolou em seu avião Demoiselle, um dos primeiros aeroplanos do mundo.
Apaixonado pela inovação, Santos Dumont já tinha alcançado feitos notáveis na aviação antes mesmo de realizar o famoso voo com o 14-Bis. Seus pioneirismos começaram com a construção de um balão, o menor já fabricado para transportar uma pessoa a bordo, que voou por cinco horas na França, em julho de 1898. Ele continuou sua busca por avanços ao associar motores de combustão interna aos balões, desenvolvendo engenhosos lemes que culminaram na criação de dirigíveis. Em 1901, ele sobrevoou Paris em um desses dirigíveis, chamando a atenção da imprensa brasileira e mundial.
Vivendo em Paris desde os 18 anos, foi à beira do Rio Sena que Dumont fez uma observação crucial que o levou a evoluir dos balões para o primeiro modelo de avião. Em 1905, enquanto assistia a uma corrida de lanchas, percebeu que o motor da embarcação poderia ser usado como gerador de potência para a autopropulsão do 14-Bis. Após inúmeros testes e algumas falhas, essa adaptação provou ser viável, levando-o a realizar um voo de 60 metros a uma altura de 3 metros no ano seguinte.
Dumont continuou o desenvolvimento de sua máquina voadora, e em 1909, conseguiu decolar com sucesso em seu avião chamado Demoiselle. Esse avião foi um dos primeiros aeroplanos do mundo e tinha semelhanças com um ultraleve, representando mais um marco em sua carreira de pioneirismo na aviação.
“Quando Santos Dumont se lança a esses inventos, ele sabia que poderiam ser utilizados na guerra. Mas ele via o avião como um observador aéreo para localização de tropas e para o transporte das pessoas. Na Primeira Guerra, ele fica chocado com o uso para bombardeios. A gota d’água foi quando, em Guarujá, ele viu aviões do governo brasileiro passando para bombardear a cidade de São Paulo, durante a Revolução Constitucionalista de 1932”, conta o historiador Inácio da Silva.
No entanto, a história de Santos Dumont também é marcada por tragédia. Ele tirou sua própria vida em 1932, no Grand Hotel La Plage, em Guarujá, após o desapontamento com o uso bélico dos aviões na Primeira Guerra Mundial e o uso dos mesmos para bombardear a cidade de São Paulo durante a Revolução Constitucionalista de 1932.
O legado de Santos Dumont vai além da aviação, sendo sua visão inovadora presente em diversas áreas. Ele popularizou o uso do relógio de pulso e desenvolveu um hangar, que se tornou essencial para a indústria aeronáutica. Além disso, o inventor é lembrado por ter sido um precursor do conceito de código aberto, permitindo que outros inventores aprimorassem suas ideias.
Santos Dumont também é reconhecido internacionalmente, com uma cratera batizada com seu nome na Lua pela União Astronômica Internacional, e sua influência é evidente na Embraer, uma das maiores fabricantes de jatos comerciais do mundo.
No Brasil, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) desempenha um papel fundamental ao proteger as invenções e garantir a propriedade intelectual dos inventores. A patente permite que os criadores explorem comercialmente suas invenções e contribuam para o avanço da ciência e tecnologia.
Assim, o legado de Alberto Santos Dumont perdura ao inspirar gerações de inventores e contribuir para o progresso tecnológico, deixando um impacto duradouro na história da aviação e além dela.