Fóssil esquecido por cinco décadas é identificado como nova espécie marinha do período Jurássico

Na Alemanha, um fóssil descoberto em 1978 permaneceu armazenado por quase 50 anos antes de ser oficialmente estudado e identificado. A análise detalhada revelou uma nova espécie de réptil marinho da Era dos Dinossauros, com mais de 3 metros e um pescoço longo. Nomeado Plesionectes longicollum, o exemplar traz novos dados sobre mudanças ambientais globais ocorridas há 183 milhões de anos, durante um evento anóxico no período Toarciano.
Publicado por Maria Eduarda Peres em Ciência dia 7/08/2025

Durante décadas, uma rocha da região de Holzmaden, no sudoeste da Alemanha, permaneceu guardando mais do que sedimentos jurássicos. Armazenado desde 1978, um fóssil marinho manteve-se fora do foco da comunidade científica, até que análises recentes trouxeram novos dados à tona. O esqueleto pertencia a um jovem réptil marinho, com mais de três metros de comprimento e pescoço prolongado.

Pontos Principais:

  • Fóssil de réptil marinho foi encontrado em 1978, mas só agora foi estudado em profundidade.
  • A espécie identificada é Plesionectes longicollum, com mais de 3 metros e pescoço longo.
  • O fóssil foi localizado no Xisto de Posidonia, em Holzmaden, uma das formações mais ricas da Europa.
  • A descoberta oferece novas pistas sobre o evento anóxico oceânico do início do período Toarciano.

A nova avaliação revelou que se tratava de uma espécie não identificada anteriormente. O trabalho realizado pelo paleontólogo Sven Sachs, do Naturkunde-Museum Bielefeld, em colaboração com Daniel Madzia, da Academia Polonesa de Ciência, confirmou que a estrutura anatômica do fóssil é distinta de outros plesiossauros já conhecidos.

Um fóssil de réptil marinho descoberto em 1978 na Alemanha só foi estudado a fundo agora. Ele revela uma nova espécie com pescoço longo que viveu há mais de 180 milhões de anos.
Um fóssil de réptil marinho descoberto em 1978 na Alemanha só foi estudado a fundo agora. Ele revela uma nova espécie com pescoço longo que viveu há mais de 180 milhões de anos.

A reclassificação também implicou na criação de um novo gênero, batizado como Plesionectes longicollum. O fóssil é agora considerado a espécie mais antiga de plesiossauro descoberta na região de Holzmaden, que integra a Formação do Xisto de Posidonia, conhecida por conservar fósseis marinhos bem preservados.

Características anatômicas e contexto geológico

O exemplar pertence a um grupo extinto de répteis marinhos adaptados ao ambiente aquático com membros em formato de remos. Os plesiossauros, extintos durante o período Cretáceo, variavam em tamanho e possuíam pescoço curto ou longamente desenvolvido, além de cabeças pequenas e corpos hidrodinâmicos.

A espécie recém-identificada apresenta uma combinação de traços que a distingue de outros representantes do grupo. O longo pescoço é uma das principais marcas observadas no esqueleto, além da estrutura óssea que indica um indivíduo jovem. A estimativa do comprimento total do corpo ultrapassa três metros.

O fóssil foi extraído da Formação do Xisto de Posidonia, uma das áreas sedimentares mais estudadas da Europa. Essa formação jurássica já forneceu diversos peixes, répteis e invertebrados marinhos. As condições anóxicas do fundo do mar naquela época contribuíram para a preservação detalhada dos organismos.

O período Toarciano e suas mudanças ecológicas

O fóssil foi encontrado em Holzmaden, no Xisto de Posidonia, e tem mais de 3 metros. A análise confirmou características únicas que o distinguem de todos os plesiossauros conhecidos.
O fóssil foi encontrado em Holzmaden, no Xisto de Posidonia, e tem mais de 3 metros. A análise confirmou características únicas que o distinguem de todos os plesiossauros conhecidos.

O Plesionectes longicollum viveu há cerca de 183 milhões de anos, no início do período Toarciano, fase marcada por perturbações ecológicas e eventos de extinção em larga escala. Essa época foi caracterizada por alterações climáticas globais, elevação do nível do mar e uma queda acentuada na concentração de oxigênio nos oceanos.

O evento anóxico oceânico global comprometeu vastas regiões marinhas, resultando na extinção de diversos grupos e na reorganização dos ecossistemas. As espécies sobreviventes desenvolveram adaptações para lidar com as novas condições ambientais, influenciando profundamente a evolução dos organismos marinhos.

A identificação do novo réptil marinho oferece subsídios para o estudo da biodiversidade marinha durante esse período crítico. Ele funciona como um marcador temporal que amplia o entendimento sobre os impactos desse evento ambiental e sobre os padrões de diversificação dos plesiossauros.

Valor científico de acervos antigos

O caso do Plesionectes longicollum destaca a importância de coleções armazenadas em museus. Apesar de estar disponível há quase cinco décadas, o fóssil passou despercebido por estudos mais aprofundados até a recente reavaliação. Isso reforça o papel estratégico dos acervos científicos e das revisitações periódicas com novas metodologias.

Pesquisadores frequentemente encontram em coleções históricas pistas que só podem ser corretamente interpretadas com o avanço das tecnologias de imagem, análises computacionais e comparações sistemáticas com outras descobertas recentes.

O fóssil agora pertence ao acervo do Staatliches Museum für Naturkunde Stuttgart. Sua reclassificação poderá fomentar futuras investigações sobre a fauna marinha do Jurássico Inferior na Europa, com foco na região de Holzmaden, considerada um polo paleontológico relevante.

Repercussão pública e comparações populares

Nomeado Plesionectes longicollum, o réptil é o mais antigo já encontrado na região. Ele viveu durante o início do período Toarciano, marcado por mudanças ambientais intensas.
Nomeado Plesionectes longicollum, o réptil é o mais antigo já encontrado na região. Ele viveu durante o início do período Toarciano, marcado por mudanças ambientais intensas.

A divulgação da nova espécie provocou reações nas redes sociais, com internautas associando o animal ao lendário monstro do Lago Ness. Embora a criatura escocesa não tenha comprovação científica, a semelhança visual com plesiossauros é frequentemente evocada em debates informais sobre criptídeos.

Comentários comparando o fóssil ao personagem Ilu, do universo cinematográfico de Avatar, ou ao elasmossauro, outra espécie de réptil marinho, também foram registrados em fóruns e seções de comentários. Tais comparações, ainda que não científicas, indicam o interesse público crescente por descobertas paleontológicas.

A cultura popular, mesmo sem compromisso com a precisão, serve como meio de aproximar a ciência do grande público. Isso reforça a necessidade de comunicação científica acessível, que possa informar com base em dados verificáveis sem perder a conexão com o imaginário coletivo.

Implicações para a paleontologia e o futuro das pesquisas

A identificação de Plesionectes longicollum fortalece a compreensão sobre a diversidade morfológica e ecológica dos plesiossauros. Sua combinação incomum de características sugere que linhagens evolutivas distintas coexistiram durante o início do Jurássico.

O trabalho de Sachs e Madzia reforça a importância da cooperação entre instituições de diferentes países e da reavaliação de fósseis arquivados. O estudo também pode inspirar outros paleontólogos a investigar acervos não examinados a fundo, ampliando o mapeamento de espécies pré-históricas.

A expectativa é de que novas escavações na Formação do Xisto de Posidonia tragam mais exemplares que contribuam para o entendimento da evolução dos répteis marinhos. O passado distante segue sendo uma fonte de dados para pesquisas científicas atuais, com potencial para revelar padrões ainda não percebidos.

Resumo dos pontos principais

  • O fóssil foi encontrado em Holzmaden, Alemanha, em 1978, e permaneceu arquivado por quase 50 anos.
  • A espécie recém-identificada foi nomeada *Plesionectes longicollum*, integrando um novo gênero de plesiossauro.
  • O fóssil é o mais antigo da região e remonta ao início do período Toarciano, há 183 milhões de anos.
  • O achado fornece informações relevantes sobre um evento anóxico global e a biodiversidade marinha do Jurássico.

Fonte: Conexaoplaneta e Gizmodo.