O Acre é repleto de valores naturais e históricos para o Brasil e graças ao pequeno Robson Cavalcante, de 11 anos, tem mais um tesouro, um fóssil de réptil gigante de 8 milhões de anos.
Robson estava em uma pescaria com seu pai quando notou algo muito diferente enterrado às margens do Rio Acre, em Brasileia, o que depois descobriram ser um fragmento da mandíbula de um Purussauro.
“Estava pescando com meu pai, aí pisei em alguma coisa diferente e chamei ele. Meu pai escavou um pouco e eu achei que era um dinossauro”, disse o menino.
Assim que a história ganhou notoriedade na cidade, o paleontólogo Jonas Filho ajudou indo ao local para fazer o trabalho cauteloso de extração do osso sem quebrar.
“É um jacaré Purussauro, um dos maiores que já existiram na Amazônia, mas isso há cerca de 8 milhões. É uma mandíbula completa, no caso, pode até se considerar um material inédito, porque às vezes você encontra, mas separada. Parece que além da mandíbula, tem um crânio que está sendo exposto. Então, isso tem relevância científica e museológica também, é um patrimônio público”, afirmou o paleontólogo.
Purussauro é o nome aportuguesado dado aos crocodyliformes extintos do gênero Purussaurus. Eram semelhantes aos jacaré e caimãs de hoje em dia, mas com maiores dimensões — estimou-se precisamente 12,50 metros de comprimento. Viveu entre 15 e 8 milhões de anos atrás, durante o período Mioceno médio a tardio, habitando exclusivamente a região amazônica no Acre (Brasil), Panamá, Peru, Colômbia e Venezuela. Alimentava-se de enormes mamíferos herbívoros que se aproximavam dos rios, porém sua dieta era composta em sua maioria de peixes e outros crocodiliformes.
Uma pesquisa de 2015, realizada pelos paleontólogos Tito Aureliano, Aline M. Ghilardi e colegas, estimou que um P. brasiliensis adulto teria atingido uma média de 12,50 m de comprimento, pesando 8,4 toneladas, e obtendo 46 kg de alimento diariamente. Estes mesmos pesquisadores estimaram que a mordida do animal teria, em média, 69.000 N de força (aproximadamente 7 toneladas-força), sendo pelo menos duas vezes maior que a do famoso Tyrannosaurus rex. Esta forte mordida, somado às adaptações de seu crânio massivo e dentes resistentes, garantiu ao Purussauro que se alimentasse de uma ampla cadeia de alimentos.