A linha Raptor nasceu como uma resposta direta a um desafio simples e brutal, transformar picapes comuns em máquinas capazes de sobreviver ao pior terreno que existe. Quinze anos depois, a Ford retorna à Baja 1000 e vence em duas categorias com a F 150 Raptor e o Bronco Raptor, reforçando o que a marca repete desde 2010, o deserto continua sendo o laboratório onde a identidade da família Raptor é moldada. A vitória não é apenas simbólica, é a prova viva de que o conceito criado lá atrás ainda evolui, se adapta e cresce.
O que tornou esse resultado ainda mais significativo foi a escala do programa. A Ford levou quatro veículos, duas F 150, um Bronco e uma Ranger Raptor, todos de produção, e uma equipe gigantesca de mais de 70 profissionais que rodaram mais de 32 mil quilômetros de testes. Não é um esforço de marketing, é engenharia aplicada em condições reais. E esse é exatamente o ponto que mostra por que a Baja 1000 continua sendo relevante para a marca e por que a Raptor permanece como referência entre os off road prontos de fábrica.
A família Raptor começou em 2010 com a F 150 SVT Raptor, um projeto que buscava transferir para um veículo comercial a lógica das corridas no deserto. Suspensão de longo curso, chassi reforçado, calibração específica de motor e câmbio e uma filosofia de durabilidade acima do comum definiram o padrão inicial. Desde então, a linha cresceu e ganhou integrantes como Ranger Raptor, Bronco Raptor e a ainda mais extrema F 150 Raptor R.
Criar uma picape ou SUV com essa proposta exige entender que a performance precisa existir em dois mundos, no terreno caótico e no uso diário. Esse equilíbrio se tornou o DNA do nome Raptor. Cada geração busca mais velocidade, mais controle e mais resistência, mas sem perder a capacidade de entregar conforto e dirigibilidade no asfalto.
A Baja 1000 é uma das corridas mais violentas do planeta. São mais de 1.200 km de terrenos destruídos por tempestades, trechos de lama, pedras soltas, erosões e velocidade extrema. A edição recente ainda foi afetada por clima severo, obrigando mudanças de trajeto e exigindo mais precisão das equipes.
Colocar veículos de série nessa condição não é apenas um gesto de bravata, é uma validação prática. Os modelos participam com adaptações mínimas e recebem telemetria que registra tudo, temperatura, impacto, torção, carga e desgaste. Isso alimenta uma cadeia de dados que a Ford usa para aprimorar suspensão, refrigeração, eletrônica, diferenciais e calibração. Em vez de simular o deserto, a marca coleta o deserto em tempo real.
Para a edição deste ano, a Ford montou seu maior programa já visto na corrida. Foram quatro veículos de produção, com equipes de pilotos e navegadores experientes, somados a engenheiros de chassi, powertrain, eletrônica e dinâmica veicular.