Enquanto os olhares do mundo se voltam para o Vaticano, na expectativa pela escolha do novo papa, um jogo inusitado conquistou os italianos. Chamado de “Fantapapa”, ele transforma o conclave em uma competição virtual, onde os participantes escolhem 11 cardeais e ganham pontos conforme os nomes ganham destaque na mídia. O conceito mistura ironia, devoção e a lógica dos fantasy games esportivos.
Pontos Principais:
Na Itália, embora apostar no próximo papa não seja tecnicamente ilegal, o governo não autoriza plataformas licenciadas a oferecerem esse tipo de aposta. A Agência de Alfândega solicita informalmente que os operadores evitem esse tipo de mercado, da mesma forma que acontece com eleições políticas. Isso abriu espaço para o Fantapapa, que não envolve dinheiro nem premiação.

Criado por Pietro Pace, arquiteto de inteligência artificial da Microsoft, e Mauro Vanetti, desenvolvedor de jogos, o Fantapapa surgiu logo após o agravamento da saúde do papa Francisco. O pontífice faleceu em 21 de abril, e a plataforma foi lançada na sequência. Nos dias que seguiram, a adesão foi rápida, com quase 60 mil jogadores cadastrados até o início de maio.
O funcionamento do jogo é simples, mas criativo. Os usuários formam suas equipes e pontuam quando seus cardeais aparecem em reportagens relevantes. Caso um dos escolhidos se torne papa, há bonificações extras, inclusive se o jogador acertar o nome adotado pelo novo líder da Igreja Católica. O cardeal Matteo Zuppi, chefe da Conferência Episcopal Italiana, é atualmente o favorito entre os inscritos.
Curiosamente, segundo os criadores, a maior parte do público no Instagram é composta por mulheres. O sucesso também repercutiu fora da Itália. Em mercados internacionais, como o britânico William Hill, as apostas são permitidas, ainda que em volumes moderados. Nomes como Pietro Parolin, Luis Antonio Tagle, Matteo Zuppi e Peter Turkson lideram as cotações.

No Polymarket, plataforma baseada em blockchain, as apostas somaram cerca de US$ 10 milhões para o conclave, valor pequeno se comparado a eventos políticos ou econômicos. Decisões como a taxa de juros do Fed, por exemplo, movimentam quase três vezes mais. A peculiaridade da eleição papal é que não há critérios técnicos ou estatísticos confiáveis, o que a torna ainda mais incerta — e divertida.
Diante disso, o Fantapapa surge como válvula de escape para a ansiedade coletiva que toma conta dos fiéis e curiosos. Sem envolver dinheiro e com proposta lúdica, o jogo virou tema de discussão nas redes sociais e uma forma irreverente de se acompanhar um dos processos mais tradicionais e secretos da Igreja Católica.
Fonte: Independent e Telegraph.
