‘Fantapapa’ vira febre na Itália ao transformar o conclave papal em jogo de fantasia religiosa

Após a morte do papa Francisco, italianos criaram um jogo inspirado em fantasy esportivo para prever quem será o novo pontífice. O "Fantapapa" permite formar uma equipe de 11 cardeais e pontuar com base em sua presença na mídia e na escolha final do conclave. Com quase 60 mil usuários, o game é gratuito e sem prêmios, servindo como válvula de escape diante da falta de apostas oficiais no país.
Publicado por Alan Correa em Mundo e Tecnologia dia 1/05/2025

Enquanto os olhares do mundo se voltam para o Vaticano, na expectativa pela escolha do novo papa, um jogo inusitado conquistou os italianos. Chamado de “Fantapapa”, ele transforma o conclave em uma competição virtual, onde os participantes escolhem 11 cardeais e ganham pontos conforme os nomes ganham destaque na mídia. O conceito mistura ironia, devoção e a lógica dos fantasy games esportivos.

Pontos Principais:

  • Itália proíbe apostas oficiais sobre o conclave, mas permite iniciativas informais.
  • “Fantapapa” é um jogo gratuito baseado em fantasy esportivo com 11 cardeais escolhidos.
  • Usuários ganham pontos conforme os cardeais aparecem na mídia ou são eleitos papa.
  • O jogo viralizou após a morte do papa Francisco, com quase 60 mil jogadores.
  • Apostas internacionais ocorrem fora da Itália, com odds para candidatos como Parolin e Tagle.

Na Itália, embora apostar no próximo papa não seja tecnicamente ilegal, o governo não autoriza plataformas licenciadas a oferecerem esse tipo de aposta. A Agência de Alfândega solicita informalmente que os operadores evitem esse tipo de mercado, da mesma forma que acontece com eleições políticas. Isso abriu espaço para o Fantapapa, que não envolve dinheiro nem premiação.

No game, os jogadores escalam 11 cardeais e pontuam conforme os nomes aparecem na mídia. O sucesso foi tanto que o número de participantes ultrapassou 60 mil em poucos dias.
No game, os jogadores escalam 11 cardeais e pontuam conforme os nomes aparecem na mídia. O sucesso foi tanto que o número de participantes ultrapassou 60 mil em poucos dias.

Criado por Pietro Pace, arquiteto de inteligência artificial da Microsoft, e Mauro Vanetti, desenvolvedor de jogos, o Fantapapa surgiu logo após o agravamento da saúde do papa Francisco. O pontífice faleceu em 21 de abril, e a plataforma foi lançada na sequência. Nos dias que seguiram, a adesão foi rápida, com quase 60 mil jogadores cadastrados até o início de maio.

O funcionamento do jogo é simples, mas criativo. Os usuários formam suas equipes e pontuam quando seus cardeais aparecem em reportagens relevantes. Caso um dos escolhidos se torne papa, há bonificações extras, inclusive se o jogador acertar o nome adotado pelo novo líder da Igreja Católica. O cardeal Matteo Zuppi, chefe da Conferência Episcopal Italiana, é atualmente o favorito entre os inscritos.

Curiosamente, segundo os criadores, a maior parte do público no Instagram é composta por mulheres. O sucesso também repercutiu fora da Itália. Em mercados internacionais, como o britânico William Hill, as apostas são permitidas, ainda que em volumes moderados. Nomes como Pietro Parolin, Luis Antonio Tagle, Matteo Zuppi e Peter Turkson lideram as cotações.

No vácuo deixado pela morte do papa Francisco, surgiu na Itália o Fantapapa, um jogo online que simula apostas sobre quem será o próximo pontífice da Igreja Católica.
No vácuo deixado pela morte do papa Francisco, surgiu na Itália o Fantapapa, um jogo online que simula apostas sobre quem será o próximo pontífice da Igreja Católica.

No Polymarket, plataforma baseada em blockchain, as apostas somaram cerca de US$ 10 milhões para o conclave, valor pequeno se comparado a eventos políticos ou econômicos. Decisões como a taxa de juros do Fed, por exemplo, movimentam quase três vezes mais. A peculiaridade da eleição papal é que não há critérios técnicos ou estatísticos confiáveis, o que a torna ainda mais incerta — e divertida.

Diante disso, o Fantapapa surge como válvula de escape para a ansiedade coletiva que toma conta dos fiéis e curiosos. Sem envolver dinheiro e com proposta lúdica, o jogo virou tema de discussão nas redes sociais e uma forma irreverente de se acompanhar um dos processos mais tradicionais e secretos da Igreja Católica.

Fonte: Independent e Telegraph.

Alan Correa
Alan Correa
Sou jornalista desde 2014 (MTB: 0075964/SP), com foco em reportagens para jornais, blogs e sites de notícias. Escrevo com apuração rigorosa, clareza e compromisso com a informação. Apaixonado por tecnologia e carros.