O Ozempic, medicamento originalmente destinado ao controle do diabetes tipo 2, rapidamente se consolidou como uma ferramenta popular para a perda de peso. Com o aumento de seu uso fora das indicações iniciais, surgiram também relatos de efeitos colaterais estéticos inesperados, como a chamada “cabeça de Ozempic” e a “cara de Ozempic”, que descrevem alterações na aparência facial após emagrecimento acelerado. Agora, uma nova expressão se destaca nas redes sociais: o “pé de Ozempic”.
Pontos Principais:
O fenômeno ganhou força após a apresentadora britânica Sharon Osbourne publicar uma foto com seu neto, destacando o contraste entre seu rosto rejuvenescido e os pés, que evidenciavam sinais de envelhecimento. A imagem viralizou e ilustrou uma reportagem do Daily Mail, acentuando a discussão sobre o impacto do emagrecimento súbito provocado pelo uso de semaglutida, o princípio ativo do Ozempic.

Especialistas em dermatologia apontam que o “pé de Ozempic” resulta da perda rápida de gordura na região plantar. A dra. Lilian Brasileiro, da Sociedade Brasileira de Dermatologia, esclareceu à CNN que a exposição de tendões, veias e proeminências ósseas é consequência direta da drástica redução de volume adiposo nos pés, deixando-os mais suscetíveis ao envelhecimento precoce e à perda de elasticidade.
A obsessão estética também se reflete nos comentários nas redes sociais, onde seguidores apontam imperfeições antes ignoradas. O Royal College of Podiatry lembra, porém, que essas alterações podem ocorrer naturalmente com o envelhecimento, independentemente do uso de medicamentos para emagrecimento. A idade naturalmente provoca afinamento da pele, ressecamento e perda de elasticidade, intensificados pelo uso de semaglutida.
Durante o tratamento com medicamentos como o Ozempic ou o Wegovy, a desidratação natural da pele é acelerada. Isso favorece o surgimento de rachaduras, calosidades e uma aparência mais áspera. Segundo a dra. Lilian, a velocidade da perda de gordura não permite que a pele acompanhe a mudança, resultando no aspecto envelhecido visível nos pés de celebridades.
Apesar do foco na aparência, médicos alertam para os riscos do uso indiscriminado da semaglutida. Embora eficaz na redução do apetite e no emagrecimento, seus efeitos a longo prazo em pessoas sem diabetes ainda são pouco conhecidos. O uso “off-label” do Ozempic se tornou comum, especialmente entre celebridades e influenciadores digitais em busca de resultados rápidos.
Há, no entanto, formas de minimizar os efeitos visuais do “pé de Ozempic”. Recomenda-se a hidratação intensa da pele com produtos à base de ureia, lactato de amônio, pantenol ou ceramidas, além da estimulação de colágeno com retinoides tópicos ou procedimentos estéticos indicados por dermatologistas. Essas medidas podem retardar ou suavizar a aparência de envelhecimento da pele dos pés.
A exposição pública de famosos que utilizam medicamentos para emagrecer reforça o debate sobre padrões estéticos e a vigilância permanente sobre os corpos, especialmente femininos. Cada nova marca, ruga ou flacidez torna-se alvo de julgamentos, alimentando uma cultura de comparação e pressão estética nas redes sociais.
Apesar das críticas, pesquisas preliminares indicam que o Ozempic pode ter efeitos positivos além da perda de peso. Estão sendo estudados benefícios como redução de comportamentos compulsivos, proteção cardiovascular e possíveis impactos favoráveis em condições neurológicas e de saúde mental, embora ainda sejam necessários mais estudos de longo prazo.
Enquanto isso, casos como o de Sharon Osbourne seguem evidenciando o impacto físico e social da busca por emagrecimento rápido. O “pé de Ozempic” se junta à lista de efeitos colaterais que, além de afetarem o corpo, alimentam a permanente patrulha estética a que estão submetidos os rostos e corpos públicos.
Fonte: CNN.
